A construção civil, tida muitas vezes como uma área majoritariamente masculina, expõe mais as mulheres negras à Covid-19. Elas têm o dobro de risco de morrer em virtude da doença se comparadas aos homens brancos na mesma função: a chance é 101% maior, enquanto a de homens negros é 28% maior. Independentemente da ocupação, as mulheres negras que desempenham funções na base do mercado de trabalho estão mais vulneráveis que todos os outros grupos sociais.
“Elas são o grupo mais sub-representado nas profissões de ensino superior. Isso leva a um número muito pequeno de mulheres negras no topo e, por definição, há um número pequeno de mortes, fazendo que, do ponto de vista estatístico, esse percentual seja muito pequeno se comparado ao dos homens brancos. Isso não quer dizer que eles estão em condição de igualdade. Muito pelo contrário”, ressaltou Ian Prates, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.
“Já na base, o que se verifica é o que já vemos no mercado e na sociedade como um todo: as mulheres negras são o grupo mais prejudicado, seja por uma inserção mais frágil no mercado, seja porque são as mais afetadas pelo trabalho doméstico não remunerado, o que gera uma sobrecarga muito grande desse trabalho. No caso da pandemia, isso pode ter tido um efeito grande por conta de ter que cuidar mais de idosos, das pessoas que podem ter pego mais o vírus, entre outras razões”, avaliou.
Fonte: Rede de Pesquisa Solidária