Democracia acima de tudo, a capa da piauí_191, é um manifesto fictício, assinado por um presidente inventado, mas que de falso não tem nada. A ilustração é inspirada no manifesto do príncipe regente dom Pedro I, de agosto de 1822 – marco inicial da diplomacia do país, que no mês seguinte se tornaria independente de Portugal.
A dois meses da eleição presidencial, Ana Clara Costa conta, em A Jovem Pan e o golpe, como a emissora foi de uma rádio em decadência para a plataforma multimídia que hoje é a principal voz do bolsonarismo. E Allan de Abreu mostra que a bolsonarização também atingiu a quase centenária Polícia Rodoviária Federal (O instrumento).
Na série de análises sobre a eleição publicadas no site e na revista impressa, o cientista político Sergio Fausto avalia O desafio democrático: vencer Jair Bolsonaro nas urnas é fundamental – mas não será o suficiente para salvar o Brasil do abismo.
Em doze páginas, o dossiê piauí dá a largada no projeto Querino, parceria entre a revista, o Instituto Ibirapitanga e a Rádio Novelo. A ideia do projeto é rever a história brasileira sob a perspectiva dos africanos e de seus descendentes. A primeira reportagem, de Tiago Coelho, discorre sobre os filhos criados nos quartos de empregada em que suas mães viviam (A dependência). O portfólio Quarto de esquecer é do fotógrafo Taba Benedicto.
A edição traz quatro perfis. Thais Bilenky conta a vida e obra de Nelson Wilians, O advogado ostentação, que faz questão de exibir seus sucessos e seus luxos. Damian Platt narra a vida e obra do jovem Luquinhas XV, skatista e agitador cultural nascido numa favela carioca (Em busca da melhoria). Dirceu Alves Jr. descreve A maratona da atriz Isabel Teixeira, do teatro ao sucesso popular na novela Pantanal. E Rivka Galchen aborda a história de Alexander Grothendieck, um estupendo matemático que, um dia, no auge de seus estudos, abandonou tudo – a ciência, a mulher, os filhos – e sumiu (O gênio desaparecido).
O leitor também poderá conferir trechos inéditos de dois livros. Em O ninho da serpente, Consuelo Dieguez trata do começo da ascensão política de Bolsonaro. E em Dom João abre os cofres, Rafael Cariello e Thales Zamberlan Pereira revisitam uma folia no erário – não a de agora, mas a de dom João, nos primórdios do século XIX, que inaugurou a desorganização das finanças públicas do Brasil.
E, pelas Esquinas, Randolfe Rodrigues nas graças da imprensa e da oposição; Brunna Rosa, a estrategista digital de Lula; diplomatas se divertem no Irã; e a paulistana MC Tha transforma a cultura afrorreligiosa em funk.