Abatido e rouco, depois de sete horas acompanhando a defesa de Dilma Rousseff no Senado, Luiz Inácio Lula da Silva destacou a força da presidente afastada. “Ela foi bem, centrada. Se os senadores quisessem realmente ouvi-la, teriam de absolvê-la”, declarou à piauí . Ele via a sabatina na galeria da Casa, ao lado do cantor e compositor Chico Buarque e de ex-ministros dilmistas.
A reportagem abordou o ex-presidente quando ele saiu para tomar um café. Junto de Aldo Rebelo (PCdoB), Lula sugeriu que a revista escrevesse um perfil do ex-ministro, não dele: “O Aldo é jovem.” O petista demonstrava bom humor ao conversar com Rebelo. Mas, quando virava o rosto para acompanhar as falas de Dilma, parecia outra vez ensimesmado.
O ex-presidente tentou demonstrar certo otimismo em relação à votação no plenário, embora governo e oposição já considerem irreversível a cassação de Dilma: “Espero que o jogo termine com uma vitória nossa. Afinal, não é sempre que a gente consegue trazer o Chico para o Senado.” Lula afirmou que não ajudou a escrever o discurso da presidente afastada. “Mas gostei. Ela falou o que tinha de falar.”
O petista chegou a Brasília ontem à noite. Jantou no Palácio da Alvorada com Dilma e, depois, seguiu para o hotel Royal Tulip, a poucos quilômetros dali, para se encontrar com Chico Buarque, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e João Paulo Rodrigues, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Chico evitou dar entrevistas no Senado. Muito requisitado pelos jornalistas, jogou a bola para Lula, apontando-lhe o dedo, como se dissesse que só o ex-presidente atenderia a mídia.