Veterano do jornal britânico The Guardian, Nick Davies encerrou o II Festival piauí Globo News de Jornalismo 2015. Davies se concentrou em duas reportagens suas de enorme impacto: a revelação de grampos telefônicos plantados pelo tabloide News of the World e o furo do Wikileaks. A repórter da piauí Daniela Pinheiro e o jornalista Marcelo Lins, da GloboNews, foram os mediadores da conversa.
Davies começou discorrendo sobre a ruptura do modelo de negócios até então estabelecido pelo jornalismo, provocada pela fuga dos anunciantes, a disponibilidade gratuita das notícias na intenet e o crescimento das agências de comunicação:
Em seguida, o repórter destrinchou o caso dos grampos telefônicos, que atingiu o magnata Rupert Murdoch e provocou o fechamento do jornal News of the World.
À pergunta sobre o efeito da revelação das escutas no trabalho da imprensa, Nick ponderou que o impacto inicial foi considerável, mas as mudanças de fato foram irrelevantes: “No começo os tabloides foram um pouco mais cuidadosos em falar da vida dos outros, mas com o tempo voltaram a agir como antes.”
Nick afirmou que a elite tem medo do Murdoch. ”Muitos tem a vida sexual exposta nos jornais de Murdoch e isso em geral é muito humilhante. Os poderosos têm medo que isso aconteça, e isso faz com que o Murdoch tenha muita força.”
Sobre o caso das informações do Wikleaks, Nick Davies contou em detalhes como Julian Assange lhe passou as informações sobre o governo americano e mais tarde o traiu vazando as informações para outros veículos. “Assange é inteligente, mas tem um temperamento difícil. Trata as pessoas de maneira fria. Briga com advogados, com o New York Times e o Guardian.”
O papo terminou com uma confidência irônica e pessoal sobre sua vocação jornalística.