O Mato Grosso é o estado com maior área queimada nos últimos vinte anos, tanto em territórios antrópicos, usados para pastagem, agricultura e atividades rurais, quanto em vegetação natural. E o problema é recorrente: uma mesma área de quase 30 quilômetros quadrados queimou todos os anos, por duas décadas, somente neste estado. Isso é o equivalente a oito Central Parks queimando por vinte anos no Mato Grosso. Longe de ser resolvida, a situação calamitosa desse estado pantaneiro agravou-se neste ano.
Em 2020, o Mato Grosso é o estado que mais tem focos ativos de incêndio no país e o Pantal, bioma onde localiza-se o estado, registrou a maior área queimada de sua história, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Além da devastação ambiental, os incêndios atingem também comunidades indígenas e ribeirinhas. Em setembro, cerca de 48 famílias precisaram abandonar suas casas e pertencentes para fugir do fogo na Terra Indígena Tereza Cristina, a 304 km de Cuiabá.
“O fogo torrou tudo aqui, a mata acabou. A gente agora vai consumir o que restou, do que tem do rio. Na mata mesmo, não tem mais nada”, diz Lucio Mariano Kogue, liderança indígena da região. “Pra nós, o fogo começou através desses pastos”. À piauí, Kogue relatou que as fazendas agropecuárias ao redor da aldeia cresceram nos últimos anos. Para os moradores locais, essa é a origem dos incêndios.