Antes de Osama Bin Laden, o terrorista internacionalmente mais famoso foi, sem dúvida, o venezuelano Ilich Ramirez Sanchez, mais conhecido como Carlos.
Aos vinte e seis anos, em 1975, Carlos espantou o mundo com a ousadia do ato terrorista que comandou. Numa reunião na Áustria estavam reunidos os ministros dos países membros da toda-poderosa OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). A crise internacional dos combustíveis ocorrida nos anos anteriores fazia com que a atenção do mundo se voltasse na época para as decisões momentosas da OPEP. Carlos sequestrou nada menos que onze ministros numa ação que resultou em três mortes mas da qual conseguiu espetacularmente fugir. A partir daí tornou-se por quase vinte anos o homem mais procurado pelos serviços secretos do mundo Ocidental.
Retratado em vários filmes, Carlos foi um dos assuntos principais da imprensa nas décadas seguintes e ficou famoso como “O Chacal”, apelido que lhe foi dado pelos jornais por ter sido encontrado um exemplar do best-seller de Frederic Forsyth, “O dia do Chacal”, em seu quarto de hotel, do qual fugira após assassinar dois policiais franceses. Sua audácia era lendária e contava decisivamente com o apoio dos piores ditadores árabes como Gaddafi, Saddam Hussein e o sírio Assad, pai do atual presidente.
Lançou granadas e bombas contra lugares públicos em Londres e em Paris, organizou atentados contra alvos israelenses, atacou aviões e trens na Europa e sempre conseguiu milagrosamente escapar.
Acabou preso em 1994 pelo serviço secreto francês com a cumplicidade do governo do Sudão, onde Carlos havia se refugiado, com a saúde debilitada. Em 1997, foi condenado à prisão perpétua na França.
Apesar de sua carreira sinistra, Carlos tem seus defensores, entre os quais um certo “Comitê de apoio aos combatentes pela Palestina livre e árabe”, que editou em 2001 um cartão pedindo em alemão: “Liberdade para Carlos”. Um admirador suíço mandou-lhe esse cartão em abril de 2001 pedindo que ex-“inimigo público nº 1” o autografasse. Carlos responde da prisão francesa, com uma curta carta, escrita no mesmo cartão mandado pelo suíço:
“Caro senhor,
Não tenho o hábito de dar autógrafos, mas sua carta parece séria e sincera. Dedico-lhe então o único “cartão” que possuo: aquele que recebi com sua carta. Amizades revolucionárias.
Carlos”.
Até hoje Carlos está na prisão francesa de La Santé onde deve permanecer até sua morte, pois em 2011 foi novamente condenado à prisão perpétua pelas mortes de onze pessoas, ocorridas em atentados terroristas na década de 1980.