Mais que um grande músico de jazz, o trompetista e compositor americano Miles Davis é um dos maiores mitos da música no século XX. Poucos artistas terão sido tão admirados e tão influentes em seu tempo quanto Davis, que teve profundo impacto até mesmo no rock e na música clássica.
Os excessos e a cocaína fragilizaram sua saúde. Davis morreu com apenas 65 anos, em 1991, de um derrame cerebral. Pequenos derrames já haviam ocorrido na década de 1980, quando um médico sugeriu que desenhasse e pintasse como distração. Davis gostou da idéia e desenvolveu um estilo peculiar de aquarelas quase abstratas. Algumas tinham figuras alongadas, geralmente femininas, com rostos humanóides que lembravam marcianos da ilustração de ficção científica. Sua obra tornou-se cada vez mais consistente e chegou a ser representado permanentemente por uma galeria. Seus trabalhos são ainda hoje apreciados por colecionadores, mesmo que não atinjam preços astronômicos.
Mais figurativo, o desenho mostrado nesta página difere um pouco do estilo que o grande músico desenvolveu, mas tem um interesse especial, pois trata-se de um autorretrato em caneta vermelha no qual Davis se representa com seu famoso trompete.
Trabalhos de autoria de artistas não profissionais, cuja fama reside em outras áreas, têm sido objeto de um interesse crescente por parte de colecionadores especializados no mundo todo, que vêem na manifestação mais espontânea do desenho outra vertente de grandes talentos.
No caso de Davis, esta é uma faceta adicional quase desnecessária, diante de seu status de gênio universalmente reconhecido, mas é sempre instigante verificar como uma figura tão criativa descreve a si mesmo.
Este desenho nunca fez parte das obras comercializadas pela galeria de Miles Davis, pois foi dado a um admirador nos anos 1980.