A Revista
Podcasts
  • Todos os podcasts
  • Foro de Teresina
  • Sequestro da Amarelinha
  • A Terra é redonda
  • Maria vai com as outras
  • Luz no fim da quarentena
  • Praia dos Ossos
  • Praia dos Ossos (bônus)
  • Retrato narrado
  • TOQVNQENPSSC
Igualdades
Dossiê piauí
  • Pandora Papers
  • Arrabalde
  • Perfil
  • Cartas de Glasgow
  • Open Lux
  • Luanda Leaks
  • Debate piauí
  • Retrato Narrado
  • Implant Files
  • Eleições 2018
  • Anais das redes
  • Minhas casas, minha vida
  • Diz aí, mestre
  • Aqui mando eu
Herald Vídeos Lupa
Faça seu login
Assine
  • A Revista
  • Podcasts
    • Todos os podcasts
    • Foro de Teresina
    • Sequestro da Amarelinha
    • A Terra é redonda
    • Maria vai com as outras
    • Luz no fim da quarentena
    • Praia dos Ossos
    • Praia dos Ossos (bônus)
    • Retrato narrado
    • TOQVNQENPSSC
  • Igualdades
  • Dossiê piauí
    • Pandora Papers
    • Arrabalde
    • Perfil
    • Cartas de Glasgow
    • Open Lux
    • Luanda Leaks
    • Debate piauí
    • Retrato Narrado
    • Implant Files
    • Eleições 2018
    • Anais das redes
    • Minhas casas, minha vida
    • Diz aí, mestre
    • Aqui mando eu
  • Herald
  • Vídeos
  • Lupa
  • Faça seu login

    Para sustentar a casa, Pablo e sua mulher fabricaram e venderam máscaras de tecido durante a pandemia Foto: Acervo pessoal

depoimento

O bloco dos sem renda

Músico que vive do Carnaval de rua no Rio de Janeiro relata a angústia de mais um ano sem festas – e sem trabalho

Pablo Beato | 13 jan 2022_17h58
A+ A- A

O cancelamento do Carnaval de rua em várias cidades do país devido à disseminação da variante Ômicron frustrou os planos de muita gente, sobretudo de quem vive da festa. Na segunda metade de 2021, conforme progredia a vacinação, a agenda de ensaios, aulas de música e shows vinha se movimentando, de olho no que seria o primeiro Carnaval desde o começo da pandemia. O músico Pablo Beato, de 33 anos, que toca tuba e trombone em blocos de rua há quase duas décadas, começava a recuperar a renda que perdeu nos últimos dois anos – período em que, para sustentar a casa, teve que vender máscaras de tecido confeccionadas por sua mulher. Agora, diante de mais um Carnaval cancelado, o músico sente que está vivendo uma reprise e diz não saber como vai se virar. “Está batendo uma preocupação enorme. Eu me sinto de mãos atadas.”

Em depoimento a Marcos Amorozo 

 

Meu envolvimento com o Carnaval começou aos 14 anos, quando o maestro da banda da qual eu participava no colégio me convidou para tocar com ele em grupinhos de Carnaval. O ano era 2002. Na época, eu morava em Magé, na Baixada Fluminense, e nunca tinha pensado em me envolver com o Carnaval, muito menos em fazer disso uma profissão. Mas eu topei o convite, e depois dessa primeira experiência acabei tomando gosto pela festa.

Eu me formei em administração de empresas e cheguei a trabalhar na área durante algum tempo. Nessa época, a música para mim era só uma forma de fazer uma renda extra. Até que em 2010, já com 22 anos, percebi que a vida de instrumentista estava me dando mais dinheiro do que meu outro trabalho. Minha agenda já não tinha mais espaço para os dois empregos. Escolhi ficar com o Carnaval e fui tocar tuba e trombone no Cordão da Bola Preta, um dos blocos de rua mais tradicionais do Rio de Janeiro.

Muitas pessoas não sabem, mas a gente que trabalha com a folia vive dela o ano inteiro. Nosso único mês de férias é março e mesmo assim não é tão tranquilo, porque é quando começamos a planejar o Carnaval seguinte. Antes da pandemia, eu me encontrava ao menos uma vez por semana com o pessoal de cada um dos quatro blocos de que eu participo, para ensaiar. Também fazia shows e apresentações aos fins de semana, além de trabalhos freelancer como compositor de arranjos musicais. Para completar, eu dava – e continuo dando – aulas particulares de música. Era uma rotina bem intensa.

Quando veio a pandemia, as atividades presenciais dos blocos foram suspensas, e todas as minhas aulas passaram a ser feitas de forma remota. Shows, ensaios e qualquer tipo de evento que envolvesse aglomeração foram descartados. Para quem estava acostumado a faturar até 6 mil reais por mês, ver a renda cair para 1,5 mil foi desesperador. Minha esposa passou a confeccionar máscaras de tecido, que eu vendia de porta em porta para ajudar no nosso sustento. O curioso é que essa necessidade de cortar gastos foi o que acelerou nosso casamento e a decisão de finalmente morarmos juntos.

Além do problema financeiro, bateu certo desânimo nessa época. Os alunos depois de um tempo começaram a enjoar das aulas online e se afastaram, a ponto de um dia eu abrir a sala de reunião virtual e não aparecer ninguém. Fiquei preocupado com o bem-estar do pessoal, além de tudo. Alguns alunos já me disseram que tocar em um bloco de Carnaval os ajudou a vencer a depressão, então sei a importância que isso tem para todos eles.

Em 2021, com o avanço da vacinação, comecei a sentir alívio. Mas foi só em novembro que voltei a respirar mesmo. Retomamos as oficinas presenciais, assim como os shows e ensaios abertos, e isso me ajudou a pagar as dívidas que acumulei. Passei a fazer planos para o futuro e a rever pessoas queridas que não encontrava havia quase dois anos. Pensei até em comprar novos instrumentos e voltar para a faculdade de música, que tranquei.

Essa retomada, depois de tanto tempo, foi frenética. Entrei numa correria de sair de casa de manhã e só parar à noite, quando sobrava um tempinho para ver minha filha de 10 anos e descansar. As turmas de alunos nos blocos estavam lotadas, e a maioria deles estava tendo o primeiro contato com o instrumento. Com o Carnaval chegando, nossa rotina ficou mais agitada do que era antes da pandemia. Comecei a reunir o pessoal duas ou três vezes por semana, enquanto meu grupo de alunos particulares também aumentava. Nos intervalos entre as aulas eu conseguia encaixar alguns shows. Mantive esse ritmo até o Réveillon.

Mas a esperança de que tudo voltaria ao normal desapareceu no último dia 4, quando o prefeito Eduardo Paes anunciou o cancelamento do Carnaval de rua devido à explosão de casos de Covid-19. Eu vi aquele roteiro se repetir: as aulas de música voltaram a ser online, e os eventos que estavam programados foram suspensos pelas próximas duas semanas.

Agora bate uma preocupação enorme, porque muitos alunos podem perder o interesse pela oficina. Se diminuir o número de inscritos, vai cair minha renda. E o problema não está só nas aulas: como músico, sei que não vai ter demanda para compor arranjos nos próximos meses, porque todo esse mercado gira em torno do Carnaval e dos blocos de rua. Como nada disso vai acontecer, me sinto de mãos atadas. É uma repetição do que já aconteceu.

Não critico a decisão do prefeito; acho muito prudente, inclusive. É impossível controlar as multidões que seguem os blocos de rua. Não dá para saber quem foi vacinado, quem está testado, quem tem sintomas. A esperança de manter o meu sustento, que vinha voltando aos patamares pré-pandemia, agora está nos eventos privados de Carnaval. É claro que nessas festas, incluindo o desfile na Sapucaí, ainda existe risco de contaminação. Mas ele tende a ser menor, já que os organizadores podem exigir carteira de vacinação e teste negativo para Covid-19 dos frequentadores, além de manter distanciamento entre as pessoas. Ainda assim, se esses eventos também forem cancelados, eu vou respeitar e entender da mesma forma. A prioridade deve ser a saúde da população, sempre.

Pablo Beato

É músico, formado no curso técnico de tuba na escola de música Villa Lobos. Atualmente estuda trombone na Unirio

Leia Mais

depoimento

De volta ao isolamento

Diante de novo lockdown em Xangai, brasileira descreve sua rotina, com testes diários de Covid e troca de alimentos entre vizinhos

18 maio 2022_11h20
depoimento

Fugindo da cidade para driblar a fome

Famílias trocam periferias urbanas pela roça, produzem o próprio alimento e doam cestas básicas a quem não tem o que comer

17 maio 2022_06h48
depoimento

Do tiroteio no barraco a gestor de 5 milhões de dólares

Fundador da rede de ONGs Gerando Falcões, Edu Lyra relata o que fará com doação milionária feita por filantropa americana

12 maio 2022_09h50
depoimento

Vergonha e raiva na fila da fome

Uma psicóloga conta mudanças na rotina de atendimento em um centro de assistência social cuja fila agora tem de engenheiros a artistas desempregados

10 maio 2022_10h56

 

 

 

  • NA REVISTA
  • Edição do Mês
  • Esquinas
  • Cartuns
  • RÁDIO PIAUÍ
  • Foro de Teresina
  • A Terra é redonda
  • Maria vai com as outras
  • Luz no fim da quarentena
  • Praia dos Ossos
  • Praia dos Ossos (bônus)
  • Retrato narrado
  • TOQVNQENPSSC
  • ESPECIAIS
  • Pandora Papers
  • Arrabalde
  • Igualdades
  • Open Lux
  • Luanda Leaks
  • Debate piauí
  • Retrato Narrado – Extras
  • Implant Files
  • Eleições 2018
  • Anais das redes
  • Minhas casas, minha vida
  • Diz aí, mestre
  • Aqui mando eu
  • HERALD
  • QUESTÕES CINEMATOGRÁFICAS
  • EVENTOS
  • AGÊNCIA LUPA
  • EXPEDIENTE
  • QUEM FAZ
  • MANUAL DE REDAÇÃO
  • In English
    En Español
  • Login
  • Anuncie
  • Fale conosco
  • Assine
Siga-nos

0800 775 2112 (Fora de SP, telefone fixo)
Grande SP ou celular fora de SP:
[11] 5087 2112
WhatsApp: [11] 3061-2122 – Segunda a sexta, 9h às 18h

© REVISTA piauí 2022 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Desenvolvido por OKN Group