Empossado no domingo (1º), Lula tem pela frente o desafio de reverter uma crise social sem precedentes. O Brasil ainda vive sequelas da crise econômica causada pela pandemia. Trata-se de uma emergência humanitária: estima-se que 281 mil brasileiros vivam hoje em situação de rua (38% a mais que em 2019). Quase metade das crianças menores de 14 anos vivem abaixo da linha da pobreza, segundo o IBGE. Entre 2021 e 2022, aumentou em 6 milhões o número de brasileiros endividados. A fome se espalhou, sobretudo no ano passado, com o vaivém do auxílio emergencial pago pelo governo. Os dados compilados pelo =igualdades desta semana ilustram o tamanho do problema herdado por Lula.
Em 2019, havia 204,7 mil brasileiros em situação de rua, segundo o Ipea. Três anos depois, após uma pandemia, subiu para 281,5 mil o número de moradores de rua.
As cidades pequenas apresentaram um maior crescimento da população de rua durante a pandemia. Os municípios com até 20 mil habitantes registraram um aumento de 127% entre 2019 e 2022.
A pobreza bateu na porta de milhões de brasileiros. Entre crianças menores de 14 anos, quase metade encontrava-se abaixo da linha da pobreza em 2021, totalizando 20,3 milhões de pessoas.
Durante a pandemia, intensificou-se também o número de jovens “nem-nem”, ou seja, que não estudam nem trabalham. Em 2021, a quantidade de brasileiros de 15 a 29 anos nesse cenário equivalia à população da cidade de São Paulo. Entre países da OCDE, o Brasil teve o terceiro maior percentual de jovens de 18 a 24 anos que não estudavam nem estavam ocupados em 2020, logo atrás da África do Sul e Colômbia.
No último ano, aumentou a quantidade de brasileiros endividados no Serasa, totalizando 68,4 milhões em setembro de 2022. Um ano antes, eram 6 milhões de endividados a menos.
No terceiro trimestre de 2022, 40% dos trabalhadores brasileiros estavam na informalidade, levando em conta trabalhador privado, empregado doméstico, servidor público e por conta própria sem CNPJ.
O rendimento domiciliar per capita médio mensal diminuiu em todas as faixas de renda entre 2020 e 2021. Entretanto, essa tendência afetou mais a parcela mais pobre da população, que perdeu um terço da renda. Em 2020, o rendimento dos 10% que recebiam menos caiu de R$ 138 para R$ 94 no ano seguinte. Já entre os 10% mais ricos, diminuiu de R$ 6 mil para R$ 5,8 mil – uma diminuição de apenas 4,5%.
Fontes: Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil (Ipea), Síntese de Indicadores Sociais (IBGE), Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil (Serasa) e Pnad Contínua (IBGE).