Com uma nova hipótese científica simples, o epidemiologista brasileiro Carlos Augusto Monteiro causou rebuliço na indústria de alimentação e se tornou um dos cientistas mais citados do mundo por seus pares, conta a jornalista Angélica Santa Cruz na piauí de outubro. Ele foi o primeiro pesquisador a propor uma classificação dos alimentos de acordo com os níveis de processos físicos, biológicos e químicos pelos quais eles passam até chegar à mesa.
São quatro categorias, sendo que a última é a dos ultraprocessados – produtos que derivam do fracionamento agressivo de alimentos naturais, submetidos em seguida a sucessivos processos e adições de substâncias de uso exclusivamente industrial. Acabam virando uma maçaroca de corantes, aromatizantes, emulsificantes e espessantes desenvolvidos em laboratório para durar muito, custar pouco, ter sabor intenso e não saciar nunca, para que as pessoas comam mais. Nessa categoria estão os refrigerantes, sucos com sabor de frutas, biscoitos, lasanhas e pizzas congeladas, salgadinhos em sacos plásticos, macarrões instantâneos, produtos de carne reconstituída, entre outros. “Não são comida. São formulações”, diz Monteiro. Sua classificação revolucionou a dieta contemporânea.
Além da curiosidade e da competência, Monteiro e sua equipe só conseguiram chegar a um resultado tão relevante – e com repercussão mundial tão disseminada – por uma questão quase singela: os pesquisadores nunca aceitaram financiamento das empresas gigantes do setor alimentício. Com isso, sempre pesquisaram com inteira liberdade – e chegaram aonde ninguém tinha chegado antes.
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