Além de 2, as estreias da semana, no Rio de Janeiro, incluem Em busca de um lugar comum, de Felippe Schultz Mussel, Jogo das decapitações, de Sergio Bianchi, e Tarja branca – A revolução que faltava, de Cacau Rhoden.
Junto com A culpa é das estrelas (produção da Fox 2000 orçada em 12 milhões de dólares que já rendeu 135 milhões de dólares) e Malévola (produção da Disney orçada em 180 milhões de dólares), 2 ocupa agora a maior parte do mercado exibidor nacional. Produzido pela DreamWorks com orçamento de 145 milhões de dólares, o filme de animação computadorizada, distribuído pela Fox, estreou há uma semana nos Estados Unidos, depois de ter sido exibido, em maio, no Festival de Cannes. E o próximo Como treinar o seu dragão já tem data de lançamento marcada para junho de 2016.
Um tradicional circuito exibidor exibe também, “ao vivo e em alta definição”, os jogos da Copa do Mundo.
Às três estreias brasileiras, dois documentários e um filme de ficção, foram reservadas uma única sessão por dia, no caso de Em busca de um lugar comum, e duas no de Jogo das decapitações e Tarja branca – A revolução que faltava, exceto nesta segunda-feira (23/6/2014), dia do jôgo do Brasil contra Camarões pela Copa do Mundo, quando haverá só uma sessão.
Essa é a crônica exemplar de um fracasso anunciado. Fracasso comercial que, em certa medida, independe dos méritos ou deméritos de cada um dos três filmes. E é, além disso, síntoma de algo grave que vem ocorrendo há tempo – a incompatibilidade entre o mercado exibidor e a maioria da produção cinematográfica feita no Brasil.
A prática de lançar filmes brasileiros com uma ou poucas sessões por dia vem se generalizando, tornando difícil assistir a esses filmes até mesmo para um espectador interessado. Depois dos lançamentos dos blockbusters americanos do primeiro semestre (O espetacular Homem-aranha 2 – A ameaça de electro, Capitão América 2 – O soldado invernal e X-Men – Dias de um futuro esquecido), ao se aproximarem as férias escolares e a Copa do Mundo, vários filmes enfrentaram situação semelhante: A farra do circo, Dominguinhos, Olho Nu, Os dias com ele, Riocorrente, Rio em chamas, Setenta, Tim Lopes – Histórias de arcanjo etc.
Esse quadro crônico não tem merecido a atenção devida por parte de realizadores, produtores e gestores do cinema brasileiro. A persistir essa negligência, a anomalia se agravará e o desfecho previsível será desfavorável ao elo mais frágil.
Realizadores e produtores parecem acomodados a um modelo de produção que já demonstrou seus limites. Até quando continuarão a participar desse jogo de faz de conta?