Fugir dos escrivães foi mais uma das chicanas praticadas por Fernando Collor na reta final do seu processo de impeachment, em 1992. O presidente tentou também recorrer ao Supremo Tribunal Federal (stf) para adiar o julgamento, mas a Corte deu de ombros. Collor não desistiu. No dia 21 de dezembro, véspera do julgamento, destituiu os dois advogados que o representavam no processo de impeachment. A sessão teve de ser remarcada. Ficou para 29 de dezembro. O presidente ainda guardava na manga uma última carta, da qual só lançaria mão no dia do veredito: a renúncia, instantes antes do início da sessão de julgamento. A manobra, que visava impedir a perda de direitos políticos, foi recusada pelos senadores – e o primeiro presidente eleito por voto desde o fim da ditadura militar acabou inabilitado por oito anos.
O impeachment de Collor foi o evento inaugural da chamada era das Presidências interrompidas, que desde a década de 1990 tem derrubado os chefes do Executivo de diversos países, principalmente na América Latina. Trinta anos depois, o caso ainda guarda lições sobre o que leva um governo ao colapso, explica Rafael Mafei, na piauí.
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