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    Foto: The Estate of Francis Bacon/2024/All rights reserved

pitacos da redação

O enfoque queer da exposição de Francis Bacon

Como as relações amorosas de Bacon se entrelaçam às fases de sua carreira

| 24 abr 2024_09h36
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Desde 22 de março, o Masp apresenta uma exposição inédita com obras de Francis Bacon (1909-92), composta por 23 pinturas, vindas de coleções europeias e americanas. Na exposição, a leitura da produção do irlandês a partir de um enfoque fundamentalmente queer consiste num pioneirismo. Na narrativa montada pela curadoria, as relações amorosas de Bacon se entrelaçam às fases de sua carreira. Olhar deste modo para o pintor não é usual. Em 2009, o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, escolheu fazer uma retrospectiva em que a vida pessoal e amorosa do pintor eram secundárias.

O primeiro núcleo, no qual aparece a pintura Man at a Washbasin (circa 1954), se concentra na importância que Bacon teve para a pintura do século XX ao renovar a figuração – coisa que ele faz flertando com a abstração, por meio da geometria.

É a partir do segundo núcleo que o entrelaçamento entre vida pessoal e obra fica mais claro. A boca – um orifício muitas vezes examinado em suas pinturas –  aparece com destaque no assustador Estudo após retrato de Velázquez do Papa Inocêncio X (1953) e nos Trípticos negros (1972-1974), feitos após a morte trágica de um dos seus companheiros, George Dyer (1934-1971). No núcleo seguinte, dois quadros – Walking Figure (1958-1960) e Seated Figure on a couch (1959) – mostram diferentes formas em que o pintor representa a nudez masculina. Uma das telas de destaque é Man in Blue I (1954), que traz um homem num ambiente de cor preta. Uma das façanhas de Bacon é combinar agilidade e concisão na reprodução de expressões faciais intensas que, ao mesmo tempo, aparecem sob uma espécie de veladura. “Como ele faz isso?”, o visitante se pergunta.

O quarto núcleo parece de certa forma uma resposta a essa questão, ao nos depararmos com distintos modos do pintor pensar a representação do volume. Já o quinto núcleo é o menos amarrado à narrativa geral da exposição. Em duas das obras da seção, Bacon faz autorretratos lançando mão de elementos que não são usuais em suas outras pinturas. Uma estampa de blusa que não fazia parte do seu figurino, por exemplo, ou seu rosto chapado, como se fosse uma tela. Talvez ele já estivesse ciente que tinha se tornado uma referência em si.

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