Hoje o Brasil é o nono maior produtor de petróleo do mundo. Nos últimos vinte anos, a produção no país cresceu 2,25 vezes – passando de 472 milhões de barris em 2001 para 1,06 bilhão em 2021. Desde 2015, a exportação de petróleo vem crescendo e supera a importação. Hoje, apenas 9% do petróleo refinado em solo brasileiro é de origem estrangeira. Mas o petróleo importado é crucial para definir a política de preços da Petrobras, o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI), que considera um conjunto de três indicadores: o preço internacional do barril, o frete marítimo e os gastos logísticos para fazer o combustível chegar até o ponto de venda. Essa política de preços para gasolina e diesel foi implementada na empresa em outubro de 2016, durante o governo Temer. Com isso, uma parcela pequena do petróleo que os brasileiros consomem, o que é importado, dita o preço do todo. Com a alta no preço internacional do petróleo, os brasileiros sentem no bolso o aumento no custo da gasolina. Dez anos atrás, com um salário mínimo, era possível abastecer quatro Gols – já hoje, a R$ 7,29 o litro de gasolina, é possível encher apenas três tanques. O =igualdades dessa semana faz um raio X do petróleo e da gasolina no Brasil.
Se considerado o poder de compra dos consumidores no Brasil e nos Estados Unidos, a gasolina brasileira é duas vezes mais cara que a americana. Em maio deste ano, o litro no Brasil custava US$ 2,88 em dólar PPP (que considera o poder de compra dos habitantes de um país). Já nos Estados Unidos, maior produtor mundial de petróleo, a gasolina custa US$ 1,19. Esse ajuste é necessário para que seja possível comparar, em tom de igualdade, o peso do combustível no orçamento dos habitantes dos dois países, considerando suas rendas médias.
Em maio de 2015, quando a política de preços da Petrobras ainda não tinha sido implementada, o litro da gasolina no Brasil custava US$ 1,66 em dólar PPP – e era 4% mais barato que no México, onde o combustível custava US$ 1,72. Hoje, depois de cinco anos de implementação do PPI, a gasolina brasileira custa US$ 2,88 e está 22% mais cara que a mexicana, que é vendida a US$ 2,36.
Há quinze anos o Brasil vende mais petróleo no mercado internacional do que compra – com exceção do ano de 2013. O volume de petróleo vendido cresceu constantemente nesse período, influenciado pela exploração das reservas da bacia de Santos. Em 2007, foram vendidos 154 milhões de barris e importados 160 milhões; em 2020, foram 500 milhões exportados e apenas 49 milhões importados. O Brasil é, atualmente, o nono país que mais produz petróleo no mundo.
Desde 2000, o Brasil foi diminuindo proporcionalmente a quantidade de petróleo importado para refinamento. Em 2001, 25% dos barris de petróleo vieram de fora. No ano passado, apenas 9%. A taxa de importação caiu porque as refinarias brasileiras readequaram suas estruturas para processar mais petróleo brasileiro, que tem uma viscosidade de média para alta. Para o especialista Rodrigo Leão, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), é difícil que não haja importação. “Nossa produção está muito concentrada em um tipo de petróleo, só diversificando para não haver mais importação.”
O crescimento da extração de petróleo das duas últimas décadas pode ser explicado principalmente pela produção dos campos instalados nas áreas do pré-sal. No início do século, o Brasil produziu 472 milhões de barris. Já em 2021, 13 anos depois do início da exploração das reservas em águas profundas, a produção disparou para 1,06 bilhão de barris, quantidade 2,25 vezes maior.
Há dez anos, com um salário mínimo da época (R$ 622), era possível abastecer quatro vezes um Gol com gasolina. Em maio de 2012, encher o tanque custava R$ 150. O preço da gasolina cresceu a galope com o passar dos anos, mas o salário não acompanhou tamanho aumento. Na primeira semana de maio de 2022, abastecer um carro como o Gol custa R$ 401 – mas um salário mínimo só encherá três tanques, um a menos que dez anos atrás.
Em maio de 2015, para abastecer um Gol com gasolina comum, um paulista pagava R$ 256, em valores corrigidos pela inflação. Atualmente, custa R$ 382 para encher o mesmo tanque. Com a diferença de preço nesse período, é possível comprar 2,7 kg de carne. Em abril, o quilo da carne estava custando R$ 47 em São Paulo.
Fontes: Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis; Dieese; GlobalPetrolPrices; Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico