Saul Steinberg é talvez o mais admirado dos cartunistas americanos da segunda metade do século XX.
Seu trabalho vai muito além do cartum, e seu traço inconfundível é tido hoje como parte integrante do melhor da arte americana de seu tempo.
Steinberg foi um grande desenhista de humor e seus trabalhos publicados na prestigiosa revista trouxeram grande celebridade, desde os anos 1940.
No Brasil, influenciou decisivamente Millôr Fernandes que, por sua vez, influiu avassaladoramente sobre o todo desenho de humor brasileiro após 1950.
Duas exposições recentes, no Rio e em São Paulo, organizadas pelo Instituto Moreira Salles, ajudaram a divulgar a obra de Steinberg entre as novas gerações de brasileiros. O sucesso dessas duas mostras comprova o quanto seu traço é ainda tocante para as sensibilidades contemporâneas.
Homem discreto e avesso a publicidade, Steinberg esteve no Brasil em 1952 e deixou belíssimos desenhos de inspiração brasileira.
O nanquim reproduzido nesta página faz parte de uma coleção de cartas e manuscritos. Isto se explica pela convicção de muitos colecionadores de que o desenho pode ser compreendido como o mesmo traço da escrita, apenas orientado para formas, em vez de letras.
O desenho seria assim um manuscrito desenhado (ou seria o manuscrito um desenho de letras?).
O que valeria nessa ótica para qualquer desenho, vale ainda mais no caso desta bela imagem de Steinberg, deixada por ele no álbum de autógrafos de um amigo.
Solicitado a deixar sua assinatura, o grande desenhista a deixa de fato. Mas não escrita por ele, senão por sua criação: um curioso animal parecido com um gato, segurando bandeira vermelha e uma palheta.
O detentor deste desenho, adquirido em leilão em Nova York na década passada, o aprecia hoje na sua tripla condição de obra de arte, autógrafo de Steinberg e do gato.
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