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O mercado investe no pensamento mágico

Na Faria Lima, a crença é mais importante que a realidade

10jan2025_10h19

CRÉDITO: ALLAN SIEBER_2024

Em 11 de dezembro passado, dia da reunião do Copom, o mercado estava mal-humorado, mas assim que saiu a notícia de que Lula teria que fazer nova cirurgia para tratar um hematoma intracraniano, espalhou-se uma onda de otimismo: a Bolsa subiu 1% e o dólar, pela primeira vez em nove dias, cedeu 1,3%.

 

Para o mercado, se tudo desse “certo”, Lula não resistiria à cirurgia. Entre investidores, já se especulava quem seria o ministro da Fazenda no governo Geraldo Alckmin. Armínio Fraga e Persio Arida lideravam a corrida, conta Ana Clara Costa, na edição deste mês da piauí.

 

O otimismo da Faria Lima durou pouco. No dia seguinte ao aumento dos juros pelo Copom, a Bolsa caiu 2,74%, o dólar voltou a subir para 6 reais e o Banco Central vendeu 4 bilhões de dólares de suas reservas para baixar a cotação. Não adiantou. As vendas de dólares continuaram nos dias seguintes, sem sucesso – até que, em 19 de dezembro, depois de uma intervenção de 5 bilhões de dólares feita pelo BC, a moeda americana fechou em 6,12 reais.

 

 

 

Como acontece no âmbito do pensamento mágico, a realidade é menos importante que a crença para o mercado. A economia brasileira deve crescer mais de 3% em 2024, a inflação anual é inferior a 5% e o desemprego está em mínima histórica. Mas o mercado crê que o governo não está interessado em cuidar da saúde fiscal e controlar a trajetória ascendente da dívida bruta, como se chama a soma de todos os compromissos financeiros do setor público e do BC.

 

No governo Bolsonaro, o mercado sempre achava que o cenário era mais róseo e previa números melhores do que a economia acabava entregando. Prevalecia a crença em Paulo Guedes.

 

O chamado mercado pode agir com irracionalidade, guiar-se por interesses meramente financeiros e mover-se por inclinações ideológicas, mas seus efeitos na economia são reais. E Lula terá que resolver o pepino. 

 

 

 

Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.

 

 

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