Federico Garcia Lorca permanece hoje como o poeta espanhol mais admirado do século XX, ainda que não lhe faltem rivais, pois fez parte de uma geração brilhante na poesia de seu país. Sua morte precoce, fuzilado na Guerra Civil espanhola aos 37 anos, deu-lhe também uma áurea de heroi e mártir. Por décadas, foi lido clandestinamente na Espanha do ditador Franco. Mas é a qualidade de seus versos que torna sua fama perene e o número de seus admiradores só fez crescer com as novas gerações. Lorca teve também, ainda em vida, muitos leitores na América Espanhola e fez várias viagens a Cuba e à Argentina, onde proferia conferências e lia seus poemas diante de plateias extasiadas.
Um de seus livros mais admirados é o Romancero Gitano publicado em 1928. A primeira edição argentina, de 1933, vinha com uma foto do autor e sua assinatura impressa à esquerda da folha de rosto, numa clara demonstração do quanto sua imagem pessoal também estava associada à obra.
O exemplar mostrado nesta página é excepcional por conter uma dedicatória a um rapaz argentino, datada de 1934, que Lorca resolveu enriquecer com uma magnífica composição a tinta. Seu talento de desenhista é hoje amplamente reconhecido e mostra uma clara influência da obra de Salvador Dali, seu íntimo amigo na juventude.
Os desenhos de Lorca são cobiçados há décadas por colecionadores de arte ou entusiastas de sua poesia, tanto na Espanha como no resto do mundo. Vários livros ilustrados foram dedicados a este outro grande talento do poeta espanhol, e as imagens que trazem mostram que o marinheiro-pierrô do desenho reproduzido aqui é um tema recorrente em sua obra gráfica.