Em 1933, o filósofo Ludwig Wittgenstein perguntou a seus alunos da Universidade de Cambridge: “Uma máquina pode pensar?” Naquele momento, a questão parecia coisa de ficção científica. Hoje, com o surgimento do Chatgpt e de outras ferramentas de inteligência artificial, a pergunta voltou a nos assombrar. As máquinas agora parecem falar conosco de maneira muito pouco distinguível da de outro ser humano. Elas realizam tarefas que, até poucos meses, considerávamos que só os humanos eram capazes, como fazer ilustrações, compor músicas, escrever textos. Estariam as máquinas ganhando vida, consciência, pensamento?
Seguindo seu modo peculiar de filosofar, Wittgenstein prefere afastar as perguntas em vez de respondê-las, esperando com isso “limpar o terreno da filosofia”, como ele mesmo diz. Para o pensador austríaco, a própria pergunta conteria um sério problema, explicam Giovane Rodrigues e Tiago Tranjan na edição deste mês da piauí. Não porque seja difícil respondê-la, no sentido científico da palavra. O problema central está relacionado à lógica. A despeito das aparências, a pergunta “Uma máquina pode pensar?” simplesmente não faz sentido. “É como se nós tivéssemos perguntado”, diz Wittgenstein no Livro Azul, “se o número 3 tem uma cor.”
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