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O Schindler brasileiro

O embaixador Luís Martins de Sousa Dantas é hoje reconhecido por ter concedido mais de quinhentos vistos para refugiados judeus em 1940, contra as restrições então vigentes do governo brasileiro. Mesmo tendo salvado muitas vidas, passou mais de quarenta anos esquecido. Teve sua atuação reestudada nas últimas duas décadas e ganhou o título póstumo de “Justo entre as nações”, concedido àqueles que mais ajudaram a proteger judeus durante a II Guerra Mundial.

É conhecido agora por isso como o “Schindler brasileiro”, uma referência a Oskar Schindler, o herói do famoso filme de Steven Spielberg “A Lista de Schindler”.

| 07 abr 2014_17h54
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O embaixador Luís Martins de Sousa Dantas é hoje reconhecido por ter concedido mais de quinhentos vistos para refugiados judeus em 1940, contra as restrições então vigentes do governo brasileiro. Mesmo tendo salvado muitas vidas, passou mais de quarenta anos esquecido. Teve sua atuação reestudada nas últimas duas décadas e ganhou o título póstumo de “Justo entre as nações”, concedido àqueles que mais ajudaram a proteger judeus durante a II Guerra Mundial.

É conhecido agora por isso como o “Schindler brasileiro”, uma referência a Oskar Schindler, o herói do famoso filme de Steven Spielberg .

Antes do feito que o torna hoje tão respeitado, Sousa Dantas era sobretudo lembrado por ter sido o embaixador brasileiro que mais tempo passou em Paris, de 1922 a 1944, sendo chefe da missão diplomática na capital francesa por mais de 22 anos, um recorde absoluto. Homem de grande generosidade e charme pessoal, aposentou-se do Itamaraty e voltou a viver em Paris, onde morreu em 1954, aos 78 anos.

Em 1933, aos 57 anos, havia-se casado com Elise Meyer Stern, uma viúva americana um pouco mais velha que ele e tia de Katherine Graham, a famosa dona do jornal Washington Post, que ajudou a derrubar o presidente Nixon, dos Estados Unidos, nos anos 1970. Permaneceram casados até a morte de Elise em 1952, dois anos antes de Dantas.

A trajetória das três fotografias mostradas nesta página é um pouco misteriosa. O embaixador não teve filhos e morreu depois de sua mulher que, portanto, não herdou suas posses.

O que teria acontecido então nas décadas seguintes com esses seus pertences, até serem leiloados em Paris em 2003, quase 50 anos após a morte do diplomata? A dúvida permanece.

A primeira fotografia representa a o próprio Sousa Dantas e tem uma carinhosa dedicatória em francês à sua mulher: “Para Elise, pelo resto da vida e de todo meu coração. Luis”

A segunda foto é do grande escritor italiano Gabriele d’Annunzio, e leva uma belíssima dedicatória : “A Luis de Sousa Dantas em memória dos felizes dias romanos, com a amizade constantíssima de Gabriele d’Annunzio”. Sousa Dantas havia sido embaixador do Brasil em Roma de 1919 até sua nomeação para Paris e formara uma sólida amizade com d’Annunzio.

A terceira imagem é de ninguém menos que Benito Mussolini, Primeiro Ministro da Itália quando Sousa Dantas era embaixador e com quem travou relações mais cordiais que as que um chefe de governo costuma ter com embaixadores estrangeiros. Mussolini , na dedicatória, não hesita em chamar Dantas de “Cidadão de Roma”.

Essas três fotos, juntamente com algumas outras, fizeram parte dos lotes leiloados em Paris e adquiridos por um colecionador brasileiro, que as detém até hoje.
São preciosos momentos ainda inéditos de um herói que o Brasil reconheceu tarde e de um homem tido como dos mais simpáticos, desprendidos e bem educados de seu tempo.

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