Os inúmeros filmes de caubói que os Estados Unidos distribuíram maciçamente no mundo inteiro ao longo do século XX ajudaram a tornar célebres dois índios que ameaçaram o exército americano: Gerônimo e Touro Sentado, ambos nascidos por volta de 1830, mas cujo fim foi bem diverso.
Gerônimo, grande chefe apache, derrotou várias vezes as tropas americanas, mas morreu tranquilamente aos 80 anos em 1909. Já Touro Sentado, chefe Sioux da tribo Unkpapa, não teve a mesma sorte.
Tornara-se notório ao liderar o ataque à 7ª Cavalaria Americana na famosa batalha de Little Big Horn, em 1876, na qual morreu o general americano George Custer, celebrado desde então como um dos maiores heróis americanos. Touro Sentado foi caçado durante cinco anos pelo exército e chegou a fugir até o Canadá, antes de entregar-se em 1881, para encerrar a guerra com seu povo.
Não lhe restou outra opção em 1885 senão aceitar um convite para participar do próspero show de William F. Cody, mais conhecido como Buffallo Bill. Cody atravessava os Estados Unidos com seu “Show do Oeste Selvagem” um espetáculo circense que exibia personagens do Oeste americano, de cuja lenda Buffallo Bill também participara e ajudava agora a espalhar. Touro Sentado era iletrado, mas lhe ensinaram a desenhar sua assinatura em inglês (“Sitting Bull”). Após os espetáculos, assinava assim cartões com seu nome em troca de 25 centavos de dólar. Ás vezes desenhava seu nome em cartas de baralho ou, mais raramente, fotografias, como a que é mostrada aqui. Esta foto também deve ter sido assinada no verão de 1885, após um dos shows de Buffallo Bill, que fez fortuna empresariando várias das figuras pitorescas que a crônica do Velho Oeste havia popularizado.
Após acompanhar Buffallo Bill numa única temporada no verão de 1885, Touro Sentado deixou-se envolver por um movimento com ares de seita chamado “Dança dos Fantasmas”, também visto como uma ameaça pelos Estados Unidos. Novamente perseguido, Touro Sentado resistiu à prisão e foi baleado e morto com seu filho em 1890, com pouco menos de 60 anos.
Poucos guardaram aqueles pequenos papéis assinados, lembrança fugaz do encontro com o chefe índio de cinquenta e poucos anos, cuja expressão austera e digna, que mantinha em toda circunstância, permaneceu como sua marca.
Algumas dezenas dos cartões assinados “Sitting Bull” foram conservados por acaso, mas apenas um punhado de fotos. Esta é a única que se conhece nesse formato e fez parte de prestigiosas coleções americanas.