O jovem oriental fardado que assina esta foto talvez seja um dos personagens mais patéticos da história do século XX.
Pu Yi, como é hoje conhecido, foi o último imperador da China. Criado desde bebê como um semideus, ele foi deposto aos 6 anos de idade pela Revolução Chinesa de 1912, liderada por Sun Yat-Sen. Permaneceu, porém, encerrado na Cidade Proibida, cercado por um simulacro de corte, enquanto o novo regime pensava o que fazer com ele. Decidiram manter algumas de suas prerrogativas e privilégios, mas o jovem só deixaria o palácio ao ser expulso por um novo golpe, quando completou 18 anos.
Após várias andanças, foi instalado como imperador do Estado marionete da Manchúria, controlado pelos japoneses. Assim, em 1932, aos 24 anos, tornou-se um chefe de Estado decorativo, totalmente subserviente ao imperador do Japão. Em 1945, foi preso quando o Japão perdeu a guerra, primeiro pelos soviéticos, depois pela China Comunista. Só recobrou sua liberdade aos 53 anos, em 1959.
Viveu mais oito anos totalmente submisso ao regime de Mao Tsé-Tung e ainda viu o começo da Revolução Cultural. Morreu de câncer em 1967, aos 61 anos, após uma existência milagrosamente preservada dos inúmeros perigos que cercaram sempre uma figura tão simbólica, tão frágil e tão visada.
A foto aqui reproduzida, assinada como imperador da Manchúria por volta de 1936, aos 30 anos, é a única imagem assinada de Pu Yi vendida no Ocidente de que se tenha registro.