Os podcasts narrativos foram o tema de abertura da Maratona Piauí CBN de Podcast. Esses programas usam uma estrutura dramática diferente para conquistar e manter a atenção do ouvinte, apostando na valorização das histórias de seus personagens. A maratona reúne realizadores de podcasts brasileiros neste sábado, 11, no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.
Participaram da mesa Sarah Azoubel, apresentadora, produtora e diretora do podcast 37 graus; Gabriela Viana, apresentadora do podcast Vozes: Histórias e Reflexões, da Rádio CBN; e Rodrigo Vizeu, editor de podcasts da Folha de S.Paulo. A conversa foi mediada por Paula Scarpin, diretora de criação da Rádio Novelo.
“Para mim, fazer podcast narrativo é voltar à principal função do jornalismo. É ter a possibilidade de contar as histórias de outras pessoas pelo ponto de vista delas”, afirmou Viana. Ela conta que, desde que começou a trabalhar com podcasts na CBN, aprendeu “na marra” a editar e roteirizar os episódios do seu programa. “O trabalho de aprender a editar é contínuo. Saí da faculdade com zero noção do que estava por vir.”
A visão foi compartilhada pelos demais apresentadores. Rodrigo Vizeu, que nunca havia trabalhado em rádio antes de produzir o Presidente da Semana, diz que aprendeu à medida que o podcast era feito. “Foi um aprendizado em tempo real. Inclusive o podcast mudou ao longo da série, foi ficando mais dramático.” A cada episódio, o programa conta a história de um presidente brasileiro.
Responsável pelo 37 graus, podcast ligado a temas científicos, Sarah Azoubel conta que começou a gravar os episódios de forma amadora, em casa, com a outra apresentadora do programa, Beatriz Guimarães. “Nós gravávamos esperando o cachorro parar de latir e o vizinho sair do telefone”, contou Azoubel. “Hoje estamos a todo vapor, mas ainda nos perguntamos como vamos nos viabilizar financeiramente.”
Os três convidados reforçaram a importância central do roteiro nos podcasts narrativos. “Você tem controle absoluto da história que está contando. Tem controle sobre a ordem das informações, e até onde a música entra e sai”, disse Azoubel. Para Vizeu, os programas narrativos são “o império do roteiro.”
Foi um consenso, entre os apresentadores, que o Brasil ainda está distante de ter um mercado profissionalizado de podcasts como o que existe hoje nos Estados Unidos – onde há uma maior oferta de patrocínios e financiamentos para esse tipo de mídia. Mas, diante do crescimento recente da podosfera brasileira, eles dizem estar otimistas.
“Precisamos de gente com vontade de fazer e aprender, mas é também é preciso ter tempo. Tempo é fundamental para fazer um podcast narrativo”, sintetizou Gabriela Viana. “Falta gente com vontade de fazer. O resto é consequência.”