Com inquilinos famosos, como o Google e o BTG Pactual, o Pátio Victor Malzoni é o mais badalado prédio da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. O aluguel mensal de um andar de 2 mil m² está na casa dos 560 mil reais. Nesse edifício, o Banco Master, que entrou no jogo financeiro apenas em 2019, hoje ocupa quatro andares.
O patrimônio líquido do banco passou, em cinco anos, de 219 milhões de reais para 5 bilhões de reais, de acordo com o balanço da instituição. O crescimento foi calcado em operações de risco consideradas fora dos padrões do sistema financeiro, informa Consuelo Dieguez, na edição deste mês da piauí.
A maioria dos bancos, para captar o dinheiro com o qual toca suas operações, como empréstimos e outros produtos, emite CDBs a taxas de juros que não ultrapassam 98% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). O Master, porém, oferece o seu CDB a uma taxa de até 130% do CDI, muito acima da praticada no mercado.
O que mais chama a atenção é o fato de o banco ter colocado na praça 40 bilhões de reais em CDBs, também segundo o seu balanço. É um valor assombroso para uma instituição classificada pelo Banco Central como S3, ou seja, um banco pequeno.
Em 2019, o Master tinha 2,5 bilhões de reais em CDBs emitidos. Em 2022, já eram 17,4 bilhões de reais. Em 2024, alcançou os 40 bilhões de reais. “Há uns três anos, o mercado nem dava bola para o Master. Agora, com essa quantidade boçal de CDBs que está colocando no sistema, não tem como ignorá-lo”, diz o diretor de um fundo de investimento médio. O mesmo diretor explica que “esses 40 bilhões representam um terço do total do Fundo Garantidor de Créditos”.
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma proteção para evitar uma crise sistêmica no mercado, em caso de quebra de alguma delas, e tem hoje 132,7 bilhões de reais. A montanha de dinheiro é uma garantia de que os investidores não perderão suas aplicações e serão ressarcidos, caso o banco onde têm conta entre em colapso.
“Dizer que o banco está alavancado porque emite muito CDB? Isso é gente sem informação. É só o cara ligar para o Banco Central e perguntar. Eu não tenho nada a temer”, diz Daniel Bueno Vorcaro, o presidente do Banco Master.
Aos 41 anos, Vorcaro, um jovem mineiro de classe média alta, subiu como um bólido na vida, desde que iniciou seus negócios em Belo Horizonte, no ramo imobiliário, junto do pai. Hoje, é um bilionário do ramo financeiro. Voa num jato próprio de 80 milhões de reais, comprou uma das casas mais caras do país, em Trancoso, no litoral da Bahia, por 280 milhões – os dois bens pertencem a uma empresa do grupo, diz ele – e colocou 200 milhões no seu time de futebol, o Clube Atlético Mineiro.
Seus negócios também envolvem parceiros explosivos, como o baiano Nelson Tanure, um empresário agressivo que se especializou em comprar empresas em situação falimentar para conseguir o máximo de ganhos e o mínimo de perdas, valendo-se, para isso, da via judicial.
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