A história da animosidade de Lula com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, remonta ao período da campanha eleitoral, quando chegou ao PT a informação, nunca confirmada, de que o economista estaria arrecadando dinheiro para a campanha de Jair Bolsonaro. O fato de Campos Neto ter ido votar usando a camiseta da seleção brasileira e continuar participando de um grupo de WhatsApp de ex-ministros de Bolsonaro só agravou a antipatia. Mas, agora, se descobriu algo a mais.
Em entrevistas separadas, quatro fontes com acesso aos bastidores da campanha de Jair Bolsonaro contaram à piauí que o economista Roberto Campos Neto, ao mesmo tempo em que comandava a autoridade monetária, produziu um modelo matemático de pesquisas eleitorais capaz de orientar o núcleo duro de apoio ao então presidente. Era um agregador de dados estaduais que, na visão de Campos Neto, gerava resultados mais precisos do que os dados nacionais.
Reportagem de Ana Clara Costa, publicada na edição de agosto da piauí, revela que o presidente do BC também disponibilizou sua análise de pesquisas à campanha de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo. Como acontecia com outras tantas pesquisas, os dados de Campos Neto que abasteciam a campanha de Bolsonaro acabavam vazando para o mercado. “Muita gente da própria campanha acreditava mais no modelo do Roberto do que no próprio tracking que eles contratavam”, diz uma das fontes ouvidas pela piauí, que acompanhava a evolução das pesquisas.
Na Faria Lima, o agregador de Campos Neto fazia sucesso e servia como bússola para os investidores. Embora Lula aparecesse na liderança em todas as pesquisas de institutos credenciados no Tribunal Superior Eleitoral, o mercado, faltando mais de uma semana para o pleito, começou a precificar a hipótese de uma virada pró-Bolsonaro. Os levantamentos do presidente do BC apontavam que Bolsonaro tinha chance de ganhar porque estava avançando sobre Lula em São Paulo. Segundo uma das fontes da piauí, as pesquisas de Campos Neto informavam que Bolsonaro tinha de 14 a 16 pontos de vantagem sobre Lula no eleitorado paulista, uma margem que lhe garantiria a vitória no segundo turno.
A atuação de Campos Neto na campanha de Bolsonaro é um capítulo de uma reportagem sobre a ascensão de Fernando Haddad ao Ministério da Fazenda. Os assinantes podem ler a íntegra da reportagem aqui.