Semanalmente, os apresentadores mencionam as principais leituras que fundamentaram suas análises. Confira:
Conteúdos citados neste episódio:
Journal of Democracy em Português – Edição de novembro de 2025
Brasil no espelho: Um guia para entender o Brasil e os brasileiros, livro de Felipe Nunes.
TRANSCRIÇÃO DE ÁUDIO
Sonora: Rádio piauí.
Fernando de Barros e Silva: Olá, sejam muito bem-vindos ao Foro de Teresina, o podcast de política da Revista piauí.
Sonora: Esta presidência e a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal determinam o cancelamento do calendário apresentado.
Fernando de Barros e Silva: Eu, Fernando de Barros e Silva, da minha casa em São Paulo, tenho alegria de conversar com a minha amiga Ana Clara Costa, no Estúdio Rastro, no Rio de Janeiro. Olá Ana, bem-vinda!
Ana Clara Costa: Oi, Fernando! Oi pessoal!
Sonora: Mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita desse país?
Fernando de Barros e Silva: E Celso Rocha de Barros que hoje está na Agência de Podcast em São Paulo! Diga lá, Casca de Bala.
Celso Rocha de Barros: Fala aí, Fernando! Estamos aí mais uma sexta-feira.
Sonora: É preciso que haja um movimento nacional dos homens contra os animais que batem, que judiam e que maltrata das mulheres.
Fernando de Barros e Silva: Mais uma sexta-feira com Celso na província de Piratininga.
Celso Rocha de Barros: Eu fui expulso do Rio por mau comportamento.
Fernando de Barros e Silva: Mau comportamento! Você, o presidente da Alerj…
Celso Rocha de Barros: Isso!
Fernando de Barros e Silva: É isso. Bom, antes de começar, a gente quer agradecer demais as pessoas que mencionaram a gente na retrospectiva do Spotify, mandaram mensagens carinhosas e a gente nem sabe como retribuir. Ficamos muito, muito, muito felizes.
Ana Clara Costa: Gente, muito obrigada por vocês terem ouvido a gente, por terem compartilhado.
Celso Rocha de Barros: Gente, obrigado mesmo pela companhia durante esse ano. Nós ficamos até assustados com os números da audiência.
Fernando de Barros e Silva: Pois é! Mais felizes do que assustados, mas bastante assustados.
Celso Rocha de Barros: Exato.
Fernando de Barros e Silva: E eu também quero agradecer aos nossos ouvintes que responderam a pesquisa que a piauí está fazendo com vocês. A gente teve um retorno bastante grande e eu quero deixar esse agradecimento para vocês. Vamos então, agora, sem mais delongas, aos assuntos da semana.
Fernando de Barros e Silva: A gente abre o programa Pela crise entre o governo e o Senado, envolvendo a sabatina de Jorge Messias para o Supremo. Crise que agora, no seu capítulo mais recente, virou crise entre o Senado e o Supremo. Depois da decisão de Gilmar Mendes de dificultar o processo de impeachment de ministros da Corte. É uma espécie de vacina contra os apetites da extrema-direita que se arma para conquistar a presidência do Senado nas eleições de 2026 e, com isso, um instrumento de chantagem poderoso contra Alexandre de Moraes, Flávio Dino, o próprio Gilmar Mendes. A decisão de Gilmar, em caráter liminar, determina que apenas a Procuradoria-Geral da República pode apresentar pedidos de impeachment contra ministros. O colegiado da Corte vai confirmar ou não a mudança em julgamento marcado para começar no dia 12. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que está no centro da crise em torno do nome de Messias, acumulou outra frente de atrito, agora contra Gilmar Mendes. “Uma decisão que tenta usurpar as prerrogativas do Poder Legislativo. Esta presidência”, disse Alcolumbre, “recebe com muita preocupação o conteúdo da decisão monocrática da lavra do ministro Gilmar Mendes. A institucionalidade do país caminha em terreno movediço”. No segundo bloco, por falar em terreno pantanoso, a gente vai tratar das brigas e disputas políticas envolvendo a família de Jair Bolsonaro. Michelle bateu de frente com os filhos do ex-presidente e implodiu a aliança do PL com Ciro Gomes, no Ceará. A turma do 00 teve que engolir a manobra da ex-primeira dama, que contou com o respaldo de Jair. Jair que tem seus planos, como nos contará a Ana Clara. Enquanto isso, o centrão assiste, ciente de que a briga no Ceará é só a ponta do iceberg. A direita segue em ritmo de primárias involuntárias em busca de seu candidato ou de candidatos viáveis para enfrentar Lula. No terceiro bloco, os casos horripilantes e cada vez mais corriqueiros de violência contra as mulheres. Violência praticada por homens. Os casos recentes de feminicídio e tentativas de feminicídio são aterradores. Tainara, a moça que foi atropelada e arrastada por um quilômetro em São Paulo, perdeu as duas pernas e está em coma. A diretora e a psicóloga assassinadas a tiros por um ex-colega de trabalho numa escola do Rio. O assassinato de Catarina Karsten numa trilha em Santa Catarina. Esses casos são a face mais explícita de um problema imenso de violência em vários níveis contra as mulheres, problema negligenciado pelas autoridades, pela sociedade em geral e por nós, homens, que precisamos ser mais atuantes e presentes na discussão pública desse trauma brasileiro. A gente vai discutir porque o Estado continua falhando em todas as etapas de enfrentamento do problema e o que ainda pode ser feito para impedir que o Brasil siga produzindo essas tragédias anunciadas. É isso. Vem com a gente.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem! Ana Clara, vamos começar com você. Está instalada aí uma crise entre os poderes, com a decisão do Gilmar Mendes dificultando a abertura de processo de impeachment contra os ministros da Suprema Corte e a reação do presidente do Senado, Alcolumbre, que vem aprontando em série. Está fazendo gincana de atos antirrepublicanos, digamos assim. Mas vamos por partes. Vamos começar por essa crise.
Ana Clara Costa: Bom, primeiro eu queria dizer que a gente está em dezembro e quando achávamos que iríamos estar em paz, né? Final do ano, ano pré-eleitoral que as coisas iam andar, eles resolvem arrumar uma confusão onde não deveria ter confusão. Então, realmente um salve aí para os nossos parlamentares.
Fernando de Barros e Silva: Vou falar que nem o Celso fala diante das minhas falas: “fala isso por você”, que em dezembro a gente está em paz. Quem é que está em paz em dezembro? Um ano…
Ana Clara Costa: Assim, o ano foi tão intenso que parece que o pior já passou. E de repente, dezembro, sabe? Fica aquele dia da marmota. Enfim, nessa disputa que tá acontecendo agora, né? Governo, Senado, Senado x Supremo. Eu queria começar falando do governo versus Senado, porque foi onde a gente parou na semana passada. E nesse aspecto dessa briga com o Senado, eu acho que dá para a gente dizer que essa semana terminou melhor para o governo, porque justamente o foco da briga se deslocou para o Supremo. Na semana passada, a gente parou no seguinte o Davi Alcolumbre pedindo cargos de forma ostensiva em troca dos votos para aprovação do Messias no Senado, né? Messias, Jorge Messias, advogado geral da União, que vem a ser o indicado do Lula para vaga do Barroso no Supremo. O governo, que não é bobo nem nada, vazou essas demandas do Davi Alcolumbre, que acabaram ganhando a imprensa e tudo mais. E ele ficou com essa pecha, absolutamente justificada, de um político fisiológico, que é a característica mais flagrante dele, inclusive. E ele ficou muito chateado com isso, aparentemente. Um dos cargos que ele pediu foi a presidência do Banco do Brasil, que é um alvo do apetite dele já tem um tempo já. Os resultados do Banco do Brasil têm sido bem ruins, né? E ele tem se aproveitado desses resultados para sugerir que o governo deveria trocar a Tarciana Medeiros, que é a atual presidente, e colocar alguém dele assim. Eu não sou analista de banco aqui para saber se a Tarciana Medeiros está fazendo uma boa gestão ou não. Mas não dá para a gente perder de perspectiva que o Davi Alcolumbre não necessariamente quer uma gestão mais profissional e transparente e eficiente no Banco do Brasil, né? Enfim.
Celso Rocha de Barros: Capaz.
Fernando de Barros e Silva: É, a gente ficou muito surpreso agora com essa revelação, Ana. Achei que ele tava com as melhores das intenções. E o alcolumbrismo de resultados vai escalando, né?
Ana Clara Costa: Exato. E assim ela pode estar fazendo uma gestão não muito boa ou uma gestão ruim. Mas assim, não é essa a razão do apetite dele por esse cargo. Inclusive, quem sustentou a Taciana no Banco do Brasil nesses últimos tempos foi a Janja, porque ele foi com bastante contundência ali para tentar obter esse cargo e a Janja marcou em cima. E enfim.
Fernando de Barros e Silva: Tudo errado nessa história, né? A Janja defendendo a presidente do Banco do Brasil que o presidente do Senado quer surrupiar para ele. Enfim, é uma fuleiragem que eu vou te contar. É super institucional tudo isso.
Ana Clara Costa: Bom, toda essa situação acabou expondo muito o jogo do Davi Alcolumbre, né? E ele acabou expondo uma numa vontade muito desmedida de indicar alguém para o STF, o que levou muita gente a avaliar que ele foi longe demais, porque se vocês olharem o indicado dele em questão, que é o senador Rodrigo Pacheco, do PSD de Minas, ele não está se movimentando de maneira tão exposta. Ele tem ficado na dele. Quem está assumindo o risco da exposição é o Davi Alcolumbre, o que, de certa forma, acaba diminuindo o Pacheco, porque o Pacheco fica parecendo uma indicação do Davi, como se ele fosse uma espécie de preposto do Davi no Supremo, o que não é bem o caso. Ele tem ali as suas credenciais e tal. Então assim, toda essa movimentação dele acaba prejudicando o Senado e o próprio Pacheco, que é o cara que ele está querendo emplacar. E aí, por que eu falo que não foi uma semana ruim para o governo nesse aspecto? Porque quando o Davi resolve na semana passada, antecipar a sabatina do Messias para sinalizar que ele não queria dar tempo para o governo de articular os votos, o Lula entrou em campo para fazer um negócio que ele não tem feito muito nesse mandato, que é a política do dia a dia, né? Então ele foi falar com o Otto Alencar, que é o senador também do PSD. Ele ligou para marcar uma conversa com o Renan Calheiros e com o Eduardo Braga, do MDB. E essa entrada do Lula no jogo fez o Davi recuar e desmarcar a sabatina. O que dá tempo para o governo articular, né? Ele sugeriu marcar só para o ano que vem e dar tempo para o Davi, inclusive, negociar o que ele quer, no fim das contas, para aprovar isso aí tudo. Agora, isso que o Davi Alcolumbre está fazendo em relação à indicação do Messias, ele fez uma coisa parecida quando o André Mendonça foi indicado pelo Bolsonaro naquela época, que era 2021, o Davi Alcolumbre era presidente da CCJ e ele dizia, sem nenhum tipo de filtro, que ele não pautaria a indicação do Bolsonaro na CCJ, que ele deixaria o André Mendonça mofando ali e não porque ele não concordasse com os atributos técnicos e jurídicos do André Mendonça, não é isso. Mas porque ele queria o Augusto Aras na vaga, que era na verdade, o procurador geral da época.
Fernando de Barros e Silva: Prevaricador geral, Augusto Aras. Bom, e o André Mendonça mofou durante meses, né? Isso que você falou foi uma coisa bem demorada.
Ana Clara Costa: Mas depois o Davi acabou recuando e pautou, né? E sobre o Lula entrar em campo, isso foi importante porque existe um grupo no Senado que não é hostil ao Lula e que, mesmo assim, gostaria que fosse Pacheco o indicado, que é esse grupo do Renan, o grupo do Otto Alencar. Eles queriam realmente que fosse o Pacheco. Então, não é que o Lula sentou com o Carlos Portinho do PL, com os senadores ali da bancada bolsonarista… Ele sentou com nomes com quem ele já conversa, né? E que eram nomes que poderiam dar uma derrota para ele por preferirem o nome do Pacheco. E aí, vale dizer também que não é uma questão pessoal contra o Jorge Messias, essa questão do Senado, porque o Senado se acha merecedor desse afago. Eles acham que, pela postura majoritariamente favorável às pautas do governo que eles tiveram nesses três anos, eles mereceriam esse aceno de um nome que é o nome do Senado, mas que é um nome que também sempre teve uma boa interlocução com Lula. Não é um nome totalmente fora do círculo da política do Lula, do governo Lula. A questão é que, enquanto essas conversas estavam acontecendo, o Gilmar Mendes estava com outros planos em mente, que não tem nada a ver com a indicação do Messias, mas com o temor de que o STF fique na mão do Senado a partir do ano que vem. A gente já falou aqui um zilhão de vezes que o PL quer investir alto nas candidaturas ao Senado, porque a pauta de campanha deles vai ser o impeachment de ministros do Supremo, do Senado. A pauta de campanha desses senadores, desses candidatos ao Senado. E se eles tiverem a maioria dos senadores na próxima legislatura, eles elegem o presidente do Senado e conseguem pautar o impeachment do Alexandre de Moraes, o impeachment do Gilmar.
Fernando de Barros e Silva: Lembrando que 2/3 do Senado serão renovados. São duas vagas para o Senado na eleição.
Ana Clara Costa: E o Gilmar, na verdade, querendo se antecipar ao cenário eleitoral de 2026, ele sacou da sua mágica gaveta uma ação da qual ele é relator e que muda alguns pontos da lei do impeachment, que é uma lei de fato antiga, dos anos 50, e que pelas mudanças que o Gilmar fez, ele acaba tirando do Senado a prerrogativa de julgar o impeachment de um ministro do Supremo, deixando essa prerrogativa com a PGR. Porque a lei prevê que qualquer pessoa pode protocolar um pedido de impeachment de um ministro do Supremo no Senado. Então, é um dos pontos que ele reverte a esse nessa decisão dele. E, obviamente, o Gilmar não se interessou por esse assunto porque ele acha essa lei anacrônica e sim porque o STF quer se blindar contra uma possível investida do Senado na próxima legislatura. O Gilmar vai levar esse assunto para o plenário e ele tem ali a convicção de que a maioria vai votar com ele. Embora Fux, André Mendonça e talvez o Kassio não votem, mas a maioria continua votando com ele. Então, isso acabou acendendo um conflito ali entre Senado e Supremo, que o Messias acabou ficando em segundo plano. Mas não é porque o Messias ficou em segundo plano que a gente não tem que mencionar algumas questões em relação a essa candidatura dele. Ele, que para bobo ele não serve. Ele rapidamente fez um afago ao Senado, agora enviando uma manifestação pedindo que o Gilmar reconsiderasse essa decisão, ou seja, numa tentativa de fazer um meio de campo com os senadores. Ele está se colocando do lado dos senadores, não do lado do Supremo mesmo porque não são os ministros do Supremo que vão votar para aprová-lo. E outra coisa que ele fez recentemente foi fazer um afago no Conselho Federal de Medicina, que é o mesmo Conselho Federal de Medicina que tem verbalizado essas ideias atrozes em relação à saúde da mulher, em relação ao aborto, em relação à proibição do aborto legal em caso de crianças estupradas. Tudo isso o Conselho Federal de Medicina tem feito Conselho Federal de Medicina, tem perseguido médicas que têm feito aborto legal em determinados hospitais de São Paulo. O Conselho Federal de Medicina tem instigado determinadas gestões de hospitais públicos a pararem o aborto legal, sobretudo em São Paulo, que são os hospitais de referência. Então, é esse Conselho Federal de Medicina que o Messias celebrou numa postagem nas redes sociais.
Fernando de Barros e Silva: É uma célula do bolsonarismo mais…
Celso Rocha de Barros: Completamente aparelhado.
Ana Clara Costa: Você se pergunta se o Conselho Federal de Medicina está apoiando a indicação do Messias para o Supremo. Bom, o Conselho Federal de Medicina não tem voto, né? Em tese. Se ele está apoiando, significa que o Messias se comprometeu a defender ou fez alguma sinalização de que as pautas que o Conselho Federal de Medicina defendem são as dele, porque senão não faria sentido, o Conselho defender a indicação do Messias. E outra coisa que ele fez também que eu achei emblemática foi esse aceno ao Sérgio Moro, que tornou o nome dele célebre, né, Bessias? Naquele áudio vazado em 2016.
Fernando de Barros e Silva: Áudio da Dilma, né?
Ana Clara Costa: É, nessa política de beija mão, você realmente tem que ultrapassar alguns limites. Mas assim tem limites que às vezes não dá para ultrapassar, né? Então aí vai da flexibilidade de cada um também. Agora, já que a gente está falando do Supremo, eu tenho uma apuração que eu queria falar aqui para vocês e que não necessariamente tem a ver com a indicação do Messias, mas tem a ver com o Supremo, que é sobre a conversa que o Lula teve com o Donald Trump essa semana, que foi a primeira conversa que eles tiveram depois do encontro da Malásia. Essa conversa foi tornada pública pelo governo e pelo Trump, que postou, inclusive, que tinha conversado com o Lula e postou que estava no caminho de revogar a totalidade das tarifas tarifaço de 40% que ele tinha colocado contra o Brasil, o que não foi tornado público dessa conversa e que tem a ver com o Supremo, é que o Trump se mostrou bastante disposto a revogar em muito breve o nome do Alexandre de Moraes e da esposa dele, Viviane, da lista da OFAC, que é a lista da Lei Magnitsky, que é a lista de sanções da Lei Magnitsky, que de certa forma é um problema para o Alexandre, porque o isola do sistema financeiro internacional.
Fernando de Barros e Silva: Ana Clara, você fala…
Celso Rocha de Barros: Caramba!
Fernando de Barros e Silva: Você fala assim como quem não diz nada. Agora eu fico pensando aqui em Eduardo Bolsonaro, que é nosso ouvinte assíduo, vai ter que tomar calmantes.
Celso Rocha de Barros: Paulo Figueiredo né?
Fernando de Barros e Silva: Paulo Figueiredo tomando calmantes, meus sais, barbitúricos.
Celso Rocha de Barros: Eu não vi o negócio do Spotify do Paulo Figueiredo lá com a gente na frente.
Fernando de Barros e Silva: Muito bom, Ana. Muito bom.
Ana Clara Costa: Esse tem sido o pedido do governo desde o dia um, né? Que se revogue a Lei Magnitsky sobre o Alexandre e a mulher dele. Não é que o Lula pediu isso agora. Isso tá na lista de pedidos há bastante tempo. Só que só agora nessa conversa que houve essa semana, que eles chegaram a um denominador comum e o Trump acenou com essa possibilidade, inclusive rápida. Ou seja, isso deve acontecer muito em breve.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem, Celso. Vamos voltar ao Messias. Vamos voltar ao Alcolumbre. Vamos voltar a Gilmar depois dessa. Mais um furo de Ana Clara.
Celso Rocha de Barros: Bom, para quem já perdeu o fio da meada, é bom distinguir a briga entre o Supremo e a Presidência durante o governo Bolsonaro era sobre o golpe de Estado. A briga do Supremo com o Congresso atualmente é sobre roubalheira. O Congresso está brigando com o Supremo porque o Congresso quer roubar dinheiro, quer pegar dinheiro que é dos outros e levar para casa. Então, por exemplo, se vocês forem ver quem é que o Senado queria impor ao Bolsonaro na época do André Mendonça, o Augusto Aras que é o cara que matou todas as investigações de corrupção no Brasil, que deixou o Bolsonaro ficar impune a todos os crimes que ele fez durante a pandemia. Enfim, e agora eu nem estou acusando o Pacheco de nada não. Não sei se o Pacheco é enrolado, se o Pacheco faria alguma coisa, mas assim é… É bem claro que a preocupação do Congresso com essa nomeação para o Supremo tem nome, sobrenome. E o Flávio Dino, que foi o último indicado pelo Lula e que está investigando as emendas parlamentares, que são uma farra do boi, né amigo? São uma roubalheiras muito sem vergonha. Então assim, basicamente o que o centrão descobriu é que eles podiam pegar a retórica do bolsonarismo de deslegitimação do Supremo Tribunal Federal de dizer que o Supremo Tribunal Federal se mete em coisas demais, que o Supremo Tribunal faz overreach como se fala. Assim, eles estão usando essa retórica do bolsonarismo que o bolsonarismo propôs para defender um golpe de Estado. O centrão está usando isso agora para defender roubalheira, para conseguir colocar um cara deles no Supremo que os blinde de qualquer investigação. O essencial dessa história é isso os vários movimentos depois, a estratégia e tal, é bem mais complicado. Mas o essencial é simples o Congresso que acumulou poder para cacete durante aqueles três presidentes fracos que foi Dilma dois, Temer e Bolsonaro, continua tentando expandir seu poder para cima dos outros poderes, porque o Congresso sim, entrou num overreach violentíssimo. Você vê o que aconteceu com o tamanho dos recursos liberados sob a forma de emendas parlamentares? E novamente, o cara de direita que tá vendo isso falando. Ah, o Lula se ferrou. Bem feito, cara. Se a direita ganhar a eleição, é o presente de vocês que vai ter que lidar com isso, entendeu? É eles que vão virar a rainha da Inglaterra. Então, assim, essa era uma boa hora para todo mundo ter um pouco de visão de longo prazo sobre o que significa você dar ao Congresso esse poder todo.
Fernando de Barros e Silva: E eu acho que o trabalho que o Flávio Dino especificamente está fazendo em relação a isso não é devidamente valorizado, porque…
Celso Rocha de Barros: Concordo.
Fernando de Barros e Silva: Ele realmente está mexendo num nó gigantesco que tem que ser desatado.
Celso Rocha de Barros: Um vespeiro miserável.
Fernando de Barros e Silva: Exato, vespeiro miserável. E não é que não tenha sido noticiado, mas eu acho que não se dá o devido valor agora à discussão atual sobre as prerrogativas do Supremo, que o Supremo tá exorbitando, etc. Você vê o movimento hegemônico da imprensa de crítica ao Supremo e não de avaliação desse quadro que você está descrevendo tão bem.
Celso Rocha de Barros: Pois é. E sua observação é legal porque nos traz uma outra questão, que é um caso em que eu realmente acho que o Supremo tomou uma decisão errada, que foi a decisão do Gilmar sobre o impeachment de ministros do STF. Eu entendo inteiramente a motivação do Gilmar Mendes para fazer isso. Ele diz claramente na decisão que isso é para parar um esforço de castração da Suprema Corte por parte de minorias autoritárias dentro do Legislativo. Ele está certíssimo. Esse movimento existe. Esse movimento pode ganhar um grande impulso na eleição do ano que vem, quando os bolsonaristas vão privilegiar completamente a eleição para o Senado, que é para poder fazer o impeachment de ministro do STF. Inclusive o Gilmar, ao contrário do Fux, cita os autores e cita certo… Assim, de fato, os autores dizem o que ele diz que eles estão falando. E ele inclusive citou um artigo que saiu recentemente no Journal of Democracy que todos os números do Journal of Democracy, que é uma publicação acadêmica especializada em estudos sobre democracia, são traduzidos para o português pela Fundação FHC. Quem tiver interesse está lá no site da Fundação FHC. E recentemente saiu um artigo falando sobre autoritarismo legislativo, sobre como pode partir do Legislativo a iniciativa de castrar a Suprema Corte e deslegitima a Suprema Corte. Então, assim, o diagnóstico de Gilmar está certíssimo. Mas a decisão que ele tomou corre o risco de dar munição para os caras que querem fazer isso, entendeu? Porque assim, tem aspectos da lei do impeachment que são realmente discutíveis. Tem umas coisas que são meio questionáveis, mas assim, você tentar resolver isso por meio de decisão do Supremo, leva um pouco de água para o moinho dos caras que reclamam da falta de moderação do Supremo, entendeu? Então, assim, o meu problema com o Gilmar é consequencialista. Quais são as consequências dessa decisão? Eu acho que pode atrapalhar o que ele está tentando fazer. Isso tudo que a gente tá vendo é fruto da deterioração daquelas normas informais de convivência democrática que o Stephen Levitsky e o Daniel Blat falam no livro como as democracias morrem. Então, por exemplo, impeachment de ministro do Supremo não interessava muito qual era a legislação, porque todo mundo concordava que não era para soltar essa bomba atômica. Então, assim, se a lei era boa ou ruim, não era. Ninguém nem pensava nisso, porque ninguém ia fazer. Vocês acham que o PT não queria se livrar do Joaquim Barbosa na época do julgamento do mensalão? Não gostaria de ter impichado o Joaquim Barbosa? Óbvio que sim. Você acha que a Dilma não gostaria de ter impichado um monte de gente lá durante o impeachment? Óbvio que sim. Agora, ninguém nunca teve coragem de jogar essa bomba atômica ou sequer ameaçar com essa bomba atômica. Então, o fato de você agora ameaçar com essa bomba atômica já é uma deterioração da convivência democrática. E, por outro lado, o Senado querer indicar o novo ministro do STF, o que seria uma competência do presidente. O Senado tem o direito de vetar, de julgar, de avaliar se eles acharam que o Messias não tem saber jurídico suficiente, pode vetar, mas eles tentaram impor um nome ao Executivo também é o tipo de coisa que não chega a ser proibido, mas é claramente uma violação dessas normas de convivência. Ninguém tinha feito isso até hoje o PT não fez com FHC, o PSDB não fez com o PT, ninguém fez com Bolsonaro, entendeu? Então, essa é claramente um exemplo de deterioração das normas de convivência do ambiente político.
Fernando de Barros e Silva: Perfeito. Então a gente encerra o primeiro bloco por aqui. Fazemos um rápido intervalo. Na volta, nós vamos falar do clã Bolsonaro, das brigas da família. Já voltamos.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem. Estamos de volta. Celso, vamos começar com você. Enquanto tudo isso acontece em Brasília, tem um enredo do B acontecendo também, não só em Brasília, mas em Brasília também onde está a Michelle Bolsonaro passando a perna nos 01, 02, 03…. Está fazendo fila.
Celso Rocha de Barros: É isso mesmo, Fernando. Essa briga na família Bolsonaro não é só um episódio de reality show do tipo Kardashian. Sabe aquelas coisas de família saindo na porrada? Todo mundo se diverte, os caras jogando coisas no outro… Tem isso também, mas a questão é a seguinte o bolsonarismo é uma empresa familiar. O bolsonarismo só confia plenamente nos filhos dele. Não sei se devia confiar, mas enfim, o tempo todo na carreira do Bolsonaro, ele foi montando a máquina política dele, elegendo os filhos, inclusive em estados diferentes. O Eduardo é deputado por São Paulo e aí com isso, ele tem uma espécie de núcleo duro ali da hierarquia bolsonarista, que é extremamente dependente dele, que são os caras que não podem trair ele completamente porque dependem exclusivamente dele. Por exemplo, as igrejas evangélicas podem ser leais ao Bolsonaro, mas elas vão continuar a ser poderosas sem o Bolsonaro. Os militares vão continuar sendo capazes dar golpe de Estado ou incapazes, enfim, independente do Bolsonaro. É a mesma coisa o agronegócio, enfim. Já os filhos do Bolsonaro não. Assim, no dia que o Bolsonaro desaparecer de vez, entendeu? Aí vai virar, sei lá, fazer vídeos no YouTube, uma coisa dessas, vai ser concorrer lá com o Paulo Figueiredo, aquele vídeo picareta que ele faz.
Fernando de Barros e Silva: E os agregados, os filhos e os agregados.
Celso Rocha de Barros: É, eu acho que os filhos é um negócio mais importante. Mesmo assim, tem uma divisão de tarefas na família, né? O Carlos cuidava das redes sociais. O Eduardo faz a conexão com a Internacional fascista, com o Bannon, com o Trump, etc. E o Flávio é o operador político da família, né? Quero deixar claro aqui que não estou fazendo nenhuma sugestão de que operador político tenha qualquer tom de corrupção. Jamais sugeriria que política brasileira tem alguma relação com isso.
Fernando de Barros e Silva: E o Jair Renan contestando o sistema em Balneário área Camboriú.
Celso Rocha de Barros: Ah, é exato. Aliás, a imprensa está negligenciando a cobertura sobre como anda o sistema em Balneário Camboriú. Agora, por essa organização tradicional, a Michelle não é ninguém. A Michele tem o status de qualquer outro político bolsonarista que vai ser candidato ao Senado para fazer esse impeachment de ministro do STF. Enfim, ela não tem cadeira no conselho decisório do bolsonarismo e ela quer ter, porque, ao contrário desses caras, ela tem um pouco mais de capacidade de voo solo. Para começar, ela é evangélica mesmo, ao contrário do Jair. Se você quiser ler sobre a história daquele batismo picareta do Bolsonaro no Rio Jordão. Cara, por favor, pesquisa uma história completamente enlouquecida aqui. Mas a Michelle é evangélica mesmo e de fato sabe falar para o público evangélico. Assim, ela tem possibilidade de voo. A gente não sabe se ela tem possibilidade de se eleger presidente agora ou depois.
Fernando de Barros e Silva: Ela, sem juízo de valor, ela tem talento retórico.
Celso Rocha de Barros: Tem. Exato. Ela é carismática, ela sabe falar na televisão e tal. Pô, Flávio Bolsonaro foi pro debate e desmaiou, cara. Ganhar desse cara, qualquer um. A Jandira teve que segurar ele no meio do debate, lembra disso? Então, assim, ela tem maiores possibilidades de voo solo, que certamente é o motivo pelo qual o Bolsonaro não confia nela. Agora tem gente no PL que é empolgadíssimo com esse trabalho dela no PL Mulher, nessa organização. Ela diz que as filiações pelo PL Mulher fora uma porcentagem muito maior de crescimento do que do partido como um todo. Enfim, quando o Bolsonaro foi preso, ela tava viajando, fazendo esse tipo de trabalho, né? Então a Michelle tá querendo cavar espaço nesse conselho decisório da família, entendeu? E essa o primeiro tiro foi bem sucedido. Quer dizer, ela escolheu um alvo relativamente fácil, que era a candidatura do Ciro Gomes no Ceará. O Ciro Gomes, de fato, no seu passado distante, quando ele era de esquerda, xingou bastante o Bolsonaro. Então é fácil achar vídeo do Ciro xingando o Bolsonaro.
Fernando de Barros e Silva: Nem tão distante assim, mesmo depois que ele virou essa coisa que eu não sei, esse anfíbio que a gente não sabe definir exatamente onde está, que colocava quase em pé de igualdade o Lula e Bolsonaro. Ele falava do Bolsonaro, isso e ela pinçou esses vídeos dele falando.
Celso Rocha de Barros: É fácil de achar.
Fernando de Barros e Silva: É um idiota, é um ladrão. Eu tenho como provar.
Celso Rocha de Barros: Exato, genocida!
Fernando de Barros e Silva: Genocida.
Celso Rocha de Barros: Exatamente. Quando o Lula estava preso antes do Lula sair e assumir a liderança nas pesquisas e tal. O Ciro bateu muito no Bolsonaro no começo do governo. Justiça seja feita, o Ciro então ela escolheu um alvo fácil que a base bolsonarista certamente não tem simpatia por ele, por mais que ele tenha tentado conquistar essa base bolsonarista nos últimos anos. É sempre bom lembrar que o Mangabeira, amigo dele, tentou fazer habeas corpus para livrar o Bolsonaro. Quem se lembra disso?
Fernando de Barros e Silva: Sim.
Celso Rocha de Barros: Agora ela escolheu um alvo fácil e ganhou. Virou para baixo e falou Vocês vão querer botar esse cara que xingava o Bolsonaro e tal e passou a piada nos filhos. Isso certamente vai gerar um instinto de vingança nos caras do 01, 02, 03, sei lá, mais zero quanto que vai… Essa história certamente não acabou agora, né? O Allan do Santos, que é pau mandado do Eduardo, já veio dizer que a Michelle tá saindo pelo país sorridente, “tá cagando para o Bolsonaro”. Então assim, a guerra tá aberta, né? Enquanto ela continuar, eu acho que quem ganha muito é o centrão, né? Um vai minando o outro dentro da família Bolsonaro e vai aumentando a chance do vice do Tarcísio ser alguém do centrão mesmo.
Fernando de Barros e Silva: Perfeito. Muito bom. Ana, eu quero te ouvir sobre sobre as quizilas no clã, não é.
Celso Rocha de Barros: Quizilas. Muito bom.
Fernando de Barros e Silva: Quizilas.
Ana Clara Costa: Bom, a gente tá nas primárias, né? Só que agora a primária dentro da família Bolsonaro depois vai avançar para as primárias entre Centrão e Bolsonaro, mas primeiro é dentro da família. E a Michelle? Ela é uma grande solução e um grande problema para o PL. Eu não vou dizer para o bolsonarismo, mas para o PL, que é o partido dela hoje, né? Porque em todas as pesquisas que mencionam o clã Bolsonaro, ela sempre se sai melhor em relação aos filhos, né? Ela é a que tem a menor rejeição e a rejeição que ela tem é em razão do nome e não em razão dela, da imagem dela. Então ela usa isso como um ativo e tem trabalhado, como Celso falou, muito essa questão do PL Mulher. Ela usa o PL Mulher para viajar pelo Brasil, sempre com a premissa de “ah, estou indo pelo PL Mulher para me reunir com mulheres para trazer novas filiadas para o partido”. Isso para o Valdemar… Ele está encantado com isso.
Fernando de Barros e Silva: Caça talentos. Valdemar Caça talentos.
Ana Clara Costa: Exato. E além de tudo, ela tem uma boa relação com o Valdemar, embora o Valdemar sempre tenha dito, no passado, que de todo o clã o melhorzinho era o Eduardo. Por que? Porque o Eduardo era o único deles que conseguia cumprir acordos. Enfim, ele só tá com um leve probleminha penal ultimamente. Mas enfim.
Celso Rocha de Barros: Quem nunca conspirou com uma superpotência para derrubar o regime de seu país, certo?
Ana Clara Costa: Pois é.
Celso Rocha de Barros: Que atire a primeira pedra.
Ana Clara Costa: Coisa leve, mas que enfim. O Eduardo era essa figura aí que o Flávio e a Michelle não respeitavam acordos e meio que agiam por conta própria. Que foi um pouco o que ela mostrou nesse episódio do Ciro Gomes, né? Porque a questão do Ciro Gomes tinha sido articulada junto com o Flávio e com o Eduardo. E a Michelle, como você bem disse Celso, se expressa muito bem. Assim, óbvio que dentro de um tom messiânico de igreja, né? Mas o fato é que ela consegue se comunicar com certo público e até sobre isso. Eu queria só trazer um dado que eu estava lendo no livro do Filipe Nunes da Quaest que lançou um livro esse mês, Brasil no Espelho, pela Editora Globo.
Celso Rocha de Barros: Opa!
Ana Clara Costa: Felipe Nunes, nosso ouvinte, nosso amigo, nosso ouvinte.
Celso Rocha de Barros: Grande Felipe.
Ana Clara Costa: Ele traz um dado que eu acho, de certa forma, amparando um pouco essa esse sucesso da Michele entre as mulheres. Porque é um sucesso que não é só entre mulheres bolsonaristas. O que ele mostra na pesquisa dele, é que eu pincei só esse dado: em 2023, 96% dos brasileiros, sobretudo das mulheres, dizem crer que Deus está por trás do que acontece nas suas vidas e 97% afirmam que Deus é muito importante e 86% sustentam que a fé vale mais que a ciência, apesar da pandemia. Porque essa pesquisa foi feita depois da pandemia. E não estou dizendo que essas pessoas, ou pelo menos o Felipe, não está dizendo no livro que essas pessoas sejam evangélicas necessariamente. Mas num Brasil que tem essa relação com a religião, essa relação com a espiritualidade, essa relação com Deus ou com o divino que quer que seja você ter uma mulher que tem esse tipo de discurso, não é improvável que ela tenha sucesso, entendeu?
Celso Rocha de Barros: Claro.
Ana Clara Costa: E aí acontece uma situação engraçada no PL com ela, porque como ela não tem o traquejo político, ela acaba criando amizades. Então, por exemplo, ela é muito amiga da Damares, ela é muito amiga da Bia Kissis. Ela é muito amiga da Carol de Toni e aí ela acaba misturando isso com a política. Então, por exemplo, o Bolsonaro quer que o Carlos seja o candidato ao Senado em Santa Catarina. Mas a Michelle defende a Carol de Toni, que é deputada e que quer ser candidato ao Senado. A Michelle defende que a Bia Kissis saia para o Senado no Distrito Federal em detrimento do Ibaneis, por exemplo, que não é do PL, mas funciona como se fosse a Damares é a melhor amiga dela, maior confidente dela. Então assim ela acaba indo para uma situação curiosa de defesa das mulheres do partido, mas não é necessariamente a pauta das mulheres que ela está defendendo.
Celso Rocha de Barros: E inclusive em Fortaleza, ela está defendendo o nome da Priscila Costa, que é vereadora de Fortaleza e que é a atual vice-presidente nacional do PL Mulher, ao invés do Ciro Gomes.
Ana Clara Costa: E é compreensível, de certa forma, porque, bom, o machismo que impera nessa franja da população ele recai sobre ela, né? E eu acho que a própria situação dessa briga no Ceará, como eles expuseram ela, como eles falaram com jornalistas para expô-la… Para vários jornalistas… Se você assistisse a televisão na segunda, na terça-feira, claramente muita gente tinha falado com os filhos e eles tinham falado coisas horrorosas contra ela. Eu fico me questionando se eles teriam feito a mesma coisa com um deles. Não teriam.
Fernando de Barros e Silva: Claro que não.
Ana Clara Costa: A questão que fica nisso aí é se o Jair Bolsonaro está vendo que está tendo essa briga e essa briga, aparentemente não está ajudando a situação, nem dele nem da definição do nome Bolsonaro para 2026, por que ele não determina que ou ela pare de se colocar ou o Flávio pare ou enfim, por que ele mantém essa briga? Porque essa briga está sendo semeada por ele de certa forma. Porque se ele falasse para Michelle “olha, para com isso, eu quero que você saia pelo Senado. Acabou”. Todo mundo disse que ela aceitaria, que ela não se colocaria contra ele. Pelo menos é o que todo mundo quer, conhece e diz que ela respeita a autoridade dele, mas ele não faz isso. E aí entra um questionamento e aí também um pouco de apuração. O Bolsonaro, ele não se importa de perder em 2026, de não ter um candidato dele, necessariamente, em 2026. Porque ele vislumbra — e ele já disse isso para o Valdemar —. Ele já disse isso para algumas pessoas que se o Lula conseguiu ficar preso e se reeleger depois de sair, que ele também consegue. Então, para que ficar incensando um nome da família dele, sendo que ele acredita na verdade que quem vai pegar esse barco de novo quando sair da cadeia é ele? Por que ele conta com isso? Porque ele, enfim, se essa candidatura da direita que vier em 2026, seja ou não seja com Bolsonaro não vingar e o Lula se reeleger, ele tá crente que o Senado vai ser do PL e ele tá crente que com o Senado sendo majoritariamente do PL ele consegue anistia. Ele consegue impeachment de ministro do Supremo, ele consegue sair da cadeia, ele consegue reverter a pena. Ele tá assim muito convicto que isso vai ser possível apenas conquistando o Senado, porque a Câmara a gente já sabe como tá, né? Então ele meio que está se divertindo com essa briga, entendeu? Ele deixa ela acontecer.
Fernando de Barros e Silva: Se divertindo, sei lá, nos divertindo. Não sei se está se divertindo.
Celso Rocha de Barros: Eu acho que é um pouco essa estratégia de deixar os subordinados brigarem é arbitrária. Lula já fez muito isso no PT.
Ana Clara Costa: Sim, é comum. Lula fez, o Trump fez.
Celso Rocha de Barros: FHC fazia Serra contra Malan.
Ana Clara Costa: Mas a diferença é que nesse caso, realmente precisa de um sucessor, porque ele não vai poder se candidatar, né? Assim, ele não está tentando arbitrar sobre núcleos de poder, né?
Fernando de Barros e Silva: A gente sabe que a Michelle não vai ser, mas ela, nesse episódio, ela se emancipou um pouco. Ela é que tem mais voo solo desses todos entre ela e os filhos. Ela tem mais voo solo, ela tem mais repertório na direita e tem mais credibilidade. Inclusive, acho eu, perante a opinião pública, perante os bolsonaristas. O discurso dela é o discurso que você não consegue contestar quando ela põe lá o vídeo do Ciro Gomes xingando o marido, ela fala “como é que a gente vai apoiar um cara desse?”. Para o universo bolsonarista, os filhos passam como os vendidos do centrão, como os oportunistas. E ela é a mulher de princípios que está defendendo a pauta conservadora. Estou sendo ingênuo, eu, agora, aqui?
Ana Clara Costa: Não, não tá.
Fernando de Barros e Silva: Eu acho que ela se emancipa um pouco dele, sabe? Do Bolsonaro.
Ana Clara Costa: Só que ela nunca vai se emancipar a ponto de contrariar uma candidatura. Agora, o que precisa ficar claro que entre Eduardo, Flávio e Michelle, o Bolsonaro acredita mais na redenção dele próprio hoje.
Celso Rocha de Barros: Não, é interessante.
Ana Clara Costa: Retrato de hoje.
Fernando de Barros e Silva: Perfeito. Então a gente encerra o segundo bloco do programa. Fazemos um rápido intervalo. Na volta, nós vamos falar de feminicídio e violência contra as mulheres. Já voltamos.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem. Estamos de volta. Ana Clar, vamos começar com você. Eu mencionei na abertura alguns desses casos escabrosos recentes de violência e morte de mulheres. Passo a palavra a você.
Ana Clara Costa: Bom, Fernando, eu acho que a gente sempre que fala sobre esse tema, nunca a notícia é boa, né? Nunca tem melhora nos números, nunca tem melhora na conduta dos agressores, nunca tem melhora em políticas públicas. Quando a gente volta nesse assunto é sempre para falar de algo atroz, né? A gente está falando disso hoje porque houve vários casos na sequência assim, de mortes extremamente violentas de mulheres ou então de agressões extremamente violentas, como o caso da Tainara Souza Santos, em São Paulo, que foi arrastada pelo carro e acabou tendo as duas pernas amputadas.
Celso Rocha de Barros: Isso é inacreditável.
Ana Clara Costa: A gente teve o caso da Catarina Carsten, em Santa Catarina, em Florianópolis, que foi estuprada e assassinada enquanto estava indo fazer uma aula de natação. Enfim, o que acontece é que os números mostram uma escalada, na verdade. A lei do feminicídio, ela existe há cerca de dez anos. Ou seja, existe um agravante desde então para inibir talvez o agressor de cometer esse crime, porque ele vai ter uma pena maior do que um homicídio comum e mesmo assim, durante todo esse tempo, não desencorajou os homens. Aparentemente, existe até uma tônica de uma espetacularização desses crimes. Então, você fazer isso com uma mulher, arrastar ela na avenida, espancar uma mulher dentro do elevador com dezenas de socos, sabendo que está sendo filmado. Tem vários episódios em que os homens fazem isso sabendo que eles estão sendo filmados, sabendo que tem câmera de segurança. Então, tem uma questão ali também muito incompreensível, talvez, de você querer não só cometer a violência, mas também que saibam que você está cometendo como se aquela mulher tivesse que ser exposta dentro do ato de violência, né?
Fernando de Barros e Silva: Além da violência, tem uma espécie de espetacularização da brutalidade. A brutalidade está sendo muito documentada. Eu não sei se isso aumentou ou não. A minha impressão é que sim, mas isso torna tudo muito chocante, quase invisível. Esse episódio da Marginal Tietê, da moça que foi arrastada é das piores coisas que a gente viu na vida, é difícil de digerir uma coisa dessa.
Ana Clara Costa: Pois é. E a gente já vê pelos números que a questão da punição aparentemente não desencoraja você aumentar a pena de 30 para 40 anos nada mudou, né? Inclusive, a gente falou isso poucos episódios atrás, quando a gente estava discutindo o aumento da pena da lei anti facção e no caso do feminicídio, a pena foi aumentada no ano passado. Isso não fez com que os números de mortes recuassem. No caso das mulheres, o que pode ser feito, já que a punição aparentemente não resolve, já que o fato de se filmar com câmera de segurança e você ter todo um aparato ali de de observação que expõe o agressor, aparentemente também não está resolvendo. Uma das coisas que talvez pudesse ajudar é que houvesse um sistema anterior que protegesse a mulher num momento anterior à agressão, ou seja, que ela pudesse sair de casa antes de ser alvo de uma arma, de ser alvo do seu companheiro, de ser alvo, enfim, de quem seja o agressor que ela tivesse para onde ir. Então você teria que ter uma política de casa de acolhimento para as mulheres. Teria que ter um sistema de políticas públicas que permitisse que as coisas não chegassem nesse ponto, né? A medida restritiva teria que funcionar bem, porque muitas vezes os assassinos, os agressores estão sob medida restritiva, mas não respeitam. E aí o fato de não respeitar não necessariamente resulta na prisão deles.
Fernando de Barros e Silva: Se você me permite, Ana, eu peguei os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública do ano passado, das vítimas de feminicídio, que tem tudo a ver com isso que você está falando. A Samira Bueno, que a editora executiva do Fórum, que me passou oito de cada dez mulheres que morreram foram assassinadas por companheiros ou ex-companheiros. 97% dos casos assassinadas por homens, 64%, quase, negras e 64% mortas em casa. Tem tudo a ver com o que você está falando dessa necessidade de você ter um cuidado com políticas públicas, uma atenção para o que acontece antes, né?
Ana Clara Costa: Exato. Porque assim, as casas de acolhimento, por exemplo, são para que a mulher possa sair de casa quando ela se sentir ameaçada e tenha para onde ir, quando ela não tem uma rede de apoio. Você ter programas de renda para emancipar essa mulher, que muitas vezes depende financeiramente do homem para que ela consiga sair dessa relação abusiva. E tem uma outra questão também, que tem um impacto, que é a questão da arma de fogo, embora no caso das mulheres, nos casos de agressão em que no boletim de ocorrência registrado, o feminicídio ou tentativa de feminicídio, geralmente são facas e armas brancas e não armas de fogo. Mas sabendo que o marido tem que o companheiro tem uma arma de fogo em casa, isso aumenta as chances não só de um desfecho fatal na relação dessa mulher nos episódios de agressão, mas também da perpetuação da violência. Porque como ela tem mais medo por causa da arma, ela demora mais para denunciar o agressor. Então, tem várias questões em torno desse momento que antecede o crime, né? Que é aí que o Estado poderia entrar. Já vendo que a questão da punição aparentemente não está desestimulando nada que o momento pré crime pudesse ser de amparo às mulheres. Isso não acontece. E eu queria dar o exemplo de São Paulo, porque a gente já falou disso no programa, inclusive no ano passado, por ser o estado mais rico do país, por ser o estado em que pelo menos havia políticas públicas mais estruturadas para isso. E o que aconteceu no governo Tarcísio foi um estrangulamento dessas políticas públicas. Ele colocou primeiro como secretária a Sônia Fernandes, que era uma vereadora bolsonarista que se autodenominava uma humilde serva de Jesus Cristo, defensora da família e da vida e que acredita no mérito e no trabalho, que jamais precisou de cotas ou de feminismo. Essa era a secretária de Políticas para a Mulher.
Fernando de Barros e Silva: Uma espécie igual que nem o ministro do Meio Ambiente do Bolsonaro, Ricardo Salles.
Celso Rocha de Barros: Ricardo Salles.
Fernando de Barros e Silva: É o anti-ministro.
Ana Clara Costa: Exato. Depois, quem entrou? Valéria Bolsonaro como secretária de Políticas para Mulher. Para vocês terem uma ideia da Valéria Bolsonaro, no mês de agosto, a secretaria fez uma campanha contra a violência contra a mulher chamada Agosto Lilás, em que a secretária acabou fazendo um tour pelo Estado de São Paulo em eventos que supostamente seriam para discutir a questão da mulher. Mas não se colocou ninguém ali para falar sobre a violência em si. O evento para se discutir a violência contra a mulher era composto por mulheres que estimulavam o empreendedorismo feminino. A questão da feminilidade. Em nada se falava de políticas públicas. É claro que o empreendedorismo é importante justamente para libertar a mulher de uma situação de agressão, de dependência financeira de um agressor. Mas a tônica dos eventos não era uma tônica de atenção a esse fato. Ela convidou para participar desse evento influenciadoras de desenvolvimento feminino, ou seja, de culto à feminilidade, ao papel da mulher dentro da família. Então, essa é a situação do Estado de São Paulo e, como não poderia deixar de ser, o orçamento para esse tipo de política minguou. A deputada Erika Hilton protocolou um pedido no Tribunal de Contas de São Paulo para averiguar os cortes orçamentários que o governo Tarcísio fez nas políticas de proteção às mulheres, porque houve uma redução de 96% do orçamento de combate à violência contra a mulher em 2024, de 26 milhões de reais que deveriam ter sido investidos, só 900 mil foram investidos. A Alesp chegou a aumentar o orçamento para esse tipo de política. O governo tinha proposto 10 milhões, a Alesp aumentou para 36 milhões, mas o governo acabou congelando na maior parte desse orçamento, que a Alesp tinha aprovado.
Fernando de Barros e Silva: 36 milhões é nada isso. Em termos de política pública, 36 milhões.
Celso Rocha de Barros: Orçamento é nada.
Fernando de Barros e Silva: É nada, é nada.
Ana Clara Costa: Mas se você compara que é o que tem sido gasto, é 600 mil, 900 mil, né?
Celso Rocha de Barros: Putz.
Ana Clara Costa: E o governo Tarcísio tinha proposto para 2025, 10 milhões para a Secretaria da Mulher. A Alesp aumentou para 36 milhões e o governo congelou 20 milhões desse novo orçamento, segundo pedido que a Erika Hilton fez para o TCE auditar esses cortes. Então, toda vez que a gente fala disso é sempre frustrante, porque nunca a gente está olhando para um exemplo de algum estado que está fazendo alguma coisa que está funcionando, entendeu? E sempre é o contrário, né? E São Paulo, apesar de todos esses cortes, nem é o pior estado nesse aspecto, porque o pior estado para se ser mulher hoje é o Mato Grosso, que liderou pelo segundo ano seguido como estado que mais mata mulher proporcionalmente. Para vocês terem uma ideia, em 2024 foram 47 mulheres assassinadas por motivação de gênero. Segundo, de novo, dados que o Fernando já antecipou ali do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Os números mais atuais foram divulgados esse ano.
Fernando de Barros e Silva: Celso, eu quero te ouvir.
Celso Rocha de Barros: Fernando, quando a gente fala sobre feminicídio, a gente não está falando só sobre mulheres que morrem. Tá falando sobre homens que matam, né? Assim, as manchetes, inclusive, não deviam ser “mulher atropelada”. A manchete devia ser “homem atropela”, mulher é esfaqueada e o “marido esfaqueou”. Para esse tipo de padrão, sobreviver a todas as mudanças sociais que a sociedade moderna passou nas últimas décadas, não basta uma herança de cultura tradicional. Tem gente atualmente incentivando esse tipo de comportamento. Então, nesses casos recentes, a gente teve, por exemplo, no caso do feminicídio, no CEFET, no Rio de Janeiro, em que um vagabundo entrou ali e matou a diretora e a psicóloga da escola à queima roupa. Esse cara era CAC. Ele era colecionador de armas. Esse negócio que o Bolsonaro liberou e, segundo testemunhas, ele não aceitava ser chefiado por uma mulher. Então, assim, esse cara aprendeu isso aí em algum lugar cara, entendeu? Isso aí já, já faz tempo que esse discurso parecia datado, né? Então tem alguém ressuscitando essas coisas, entendeu? Tem lugares obscuros na internet e fora onde tem gente ressuscitando essas ideias. E esse cara não saiu do nada. Foi todo um retrocesso cultural mais amplo que produziu um vagabundo desse. Outro caso recente foi o famoso Calvo do Compari, que se não me engano se chama Tiago Shultz ou alguma coisa assim, que era um coach de masculinidade. E aí vocês me permitem o parêntese. Se você tem um coach de masculinidade, você é um merda e que foi pego agredindo sua namorada.
Fernando de Barros e Silva: Ele se autodefine como coach de masculinidade, não é isso?
Celso Rocha de Barros: Exato. Não, não sou eu que estou inventando isso para xingar ele não. Esse é o que tem no cartão deles que ele te dá. Esse é o que ele diz que é o emprego dele. E é um sujeito que diz que você não pode deixar a mulher mandar em você em situação nenhuma, que a mulher não pode estar no controle em situação nenhuma. Então essa história do Calvo do Campari, é porque ele diz que se ele tiver bebendo o Campari dele e a mulher se propuser pagar a cerveja para ele, eles “não, não, não, porque se você deixar ela escolher a bebida e pagar, você está cedendo controle para ela”. Então, assim, do cara que acha isso para o cara que bate em mulher, qual a distância? Zero. Então, assim, a gente tem que ter isso em mente. Não são só mulheres morrendo, são homens matando e são homens cultivando uma cultura em que isso faz sentido, em que isso parece razoável. Isso parece o único caminho disponível para o cara que foi traído ou coisa que vale. Quando você vê esses palhaços falando contra ideologia de gênero, falando que não tem que ter estudos de gênero, essas coisas todas, eles basicamente estão dizendo que pode fazer isso aí que os caras estão fazendo agora.
Ana Clara Costa: Começa em por que você julgar que uma relação entre homem e mulher tem que ser uma relação de controle?
Celso Rocha de Barros: Exatamente. Um negócio totalmente doente cara, totalmente doente.
Fernando de Barros e Silva: Isso que você está falando tem tudo a ver com o que a Samira Bueno, do Fórum de Segurança me falou da necessidade de se discutir regulação de redes sociais, não só à luz da desinformação, fake news e desinformação, etc, que é geralmente o que está associado quando se fala em regulação necessidade de discutir seriamente. Mas o comportamento desses jovens nesses grupos que proliferam livremente na blogosfera e cultivo dessa masculinidade tóxica para falar, usar esse clichê, que eu acho que é quase um eufemismo, porque pior do que isso que fala em armas envolve misoginia, afirmação de identidade e aceitação grupal, todas essas coisas que esses caras estão alimentando e que esse sujeito aí imbecil desse Campari encarna, né? Isso é uma coisa. Outra coisa que a Samira chamou a atenção é que as balizas legais avançaram muito no Brasil. Com atraso, mas avançaram. Desde a Lei Maria da Penha, que é de 2006, até a decisão do Supremo de 2023, se eu não me engano, que disse que o Tribunal de Juri não poderia inocentar homens com o argumento da defesa legítima da honra. Aquele argumento do Doca depois da Praia dos Ossos, isso continua. O Supremo teve que falar em 2023. Isso para a gente não negligenciar a importância também de você ter uma legislação, claro, que dê balizas. Então, é muito recente isso. O Supremo teve que intervir para falar “olha, os homens não podem ser inocentados sob o argumento de que estavam em emoção legítima”. Isso é uma palhaçada, né? Isso não dá para aceitar. Esses dois aspectos que eu queria acrescentar ao que vocês disseram. Então, gente, a gente encerra esse difícil bloco por aqui. Vamos fazer um rápido intervalo e vamos para Kinder Ovo. Já voltamos.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem, estamos de volta. É direto e reto. Mari Faria, pode soltar aí. Danny Dee, você aumenta o som ou vê se o Celso aqui em São Paulo continua afiado.
Sonora: Sou um político conservador, defensor da família, tradicional, defensor dos valores judaico cristãos. Sou católico apostólico romano. Eu vou à igreja todo final de semana. Eu não uso isso como bandeira política, mas eu faço isso.
Fernando de Barros e Silva: Derrite!
Ana Clara Costa: Aaaaaah!
Celso Rocha de Barros: Puta.
Fernando de Barros e Silva: Caraca, Celso, roubei sua vaga, porra! As piores pessoas. Nossa Senhora! Esse eu não queria ter acertado.
Celso Rocha de Barros: A maioria eu não queria ter acesso.
Fernando de Barros e Silva: Bom, acho que é a segunda vez no ano que eu acerto, né? Fora aquela que vocês roubaram que falaram que a Ana Clara ganhou de mim. Mas tudo bem.
Ana Clara Costa: Fernando, você não aceita as urnas. Ele não aceita. Ele acha que as urnas são violadas, cara.
Fernando de Barros e Silva: Eu quero Kinder impresso nisso daí! Quem fala é o secretário estadual de Segurança Pública, atual deputado federal Guilherme de Derrite do PP. Em entrevista ao canal da revista Veja. Eita nós, hein? Onde que eu ando me metendo para acertar esse tipo de personagem da nossa república, que não é tão república assim. Encerramos aqui o Kinder e vamos para o melhor momento. Correio Elegante, o momento das cartinhas, momento de vocês. Eu começo com o recado de outra Ana Clara que não colocou o sobrenome e mandou: “Se eu tivesse recebido um décimo das críticas que a Ana Clara Costa fez no episódio a determinados políticos, eu passaria uns três dias chorando no meu quarto e me inscreveria num curso de português”.
Ana Clara Costa: Sério que fui tão cruel assim, minha xará?
Fernando de Barros e Silva: A Cléo Grigori postou o seguinte: “gostei do ferro no palmito, mas vale também palmito na chapa ou palmito no espeto. Inventei agora kkk”. O ferro no palmito.
Celso Rocha de Barros: A Augusta Teixeira mandou: “Eu estou em completo choque do Celso ter acertado o Renan Santos, sub sub sub mundo da política brasileira. Acho fantástico o quanto Casca de Bala acerta essas figuras. Com certeza deve ser leitor e ouvinte assíduo do equivalente ao Léo Dias, mas na política brasileira. Adicional de insalubridade para o nosso pitico, o Celso”. Qual que é o equivalente ao Léo Dias que você anda ouvindo?
Celso Rocha de Barros: É isso que eu pergunto, porque se tiver, eu quero ler mesmo. A Simone Salim, que escreveu: “depois do crush cunhado casca de bala. Fiquei muito contente em saber que tem um irmão gêmeo, o grande Fernando, que no dia 25 de novembro fez 60 anos, assim como eu. Fernando, só falta você ter nascido às dez e meia. Aí te mando meu mapa astral já analisando para 2026”, pois já ganhou o mapa astral de graça.
Fernando de Barros e Silva: Não, eu nasci 3h antes, às 07h. Foi a última vez que eu acordei às 07h. Foi nesse dia que eu nasci. E tive que acordar cedo esse dia. É ou não é? Bom, assim a gente vai encerrando o programa de hoje por aqui. Se você gostou, não deixe de seguir dar stars pra gente no Spotify. Segue no Apple Podcast, na Amazon Music. Favorita na Disney e se inscreva no YouTube. Você também encontra a transcrição do episódio no site da piauí. Foro de Teresina é uma produção do Estúdio Novelo para a revista piauí. A coordenação geral é da Bárbara Rubira. A direção é da Mari Faria, com produção e distribuição da Maria Júlia Vieira. A checagem é do Gilberto Porcidônio. A edição é da Bárbara Rubira e da Mari Leão. A identidade visual é da Amanda Lopes. A finalização e mixagem são do João Jabace e do Luís Rodrigues, da Pipoca Sound. Jabace e Rodrigues, que também são os intérpretes da nossa melodia tema. A coordenação digital é da Bia Ribeiro, da Emily Almeida e do Fábio Brisolla. O programa de hoje foi gravado aqui na minha casa em São Paulo, no Estúdio Rastro do Danny Dee e na Agência de Podcast em São Paulo. Eu me despeço em todos os meus amigos. Tchau, Celso.
Celso Rocha de Barros: Tchau, Fernando. Até semana que vem.
Fernando de Barros e Silva: Tchau, Ana.
Ana Clara Costa: Tchau, Fernando. Tchau, pessoal.
Fernando de Barros e Silva: Gente, é isso! Uma ótima semana a todos e até semana que vem!