A verdade é que a Cozinha Transcendental de piauí e a redação da piauí compartilham a mesma equipe e isso explica o nosso silêncio dos últimos dias. Estamos preparando a edição de aniversário, e é facil deduzir que todos estamos grudados nas nossas telas, teclados e mouses e não sobrou um tempinho para nosso querido fogão. Quer dizer, quase. Ontem roubamos 15 minutos e fizemos uma polenta relâmpago, só para não deixar a semana passar em brancas nuvens.
A diferença entre uma receita rápida e uma feita às pressas é total, o que torna importante reconhecer e aceitar que, exceto por milagre (e milagre mesmo, desses que pressupõe intervenção divina), comida feita às pressas não fica como deveria. Como já tratamos anteriormente aqui, o segredo do fracasso na cozinha é manter um olho na panela, o pensamento alhures e o outro olho no relógio tentando hipnotizar os ponteiros. A prática demonstra que não dá certo e é facil deduzir que nossa polenta, apesar dos ótimos ingredientes, saiu mais ou menos.
No lugar da água da receita tradicional de polenta, a nossa leva caldo de galinha (ou de legumes) coado, nada de muito complicado. Dê uma refogada rápida nos legumes que tiver na geladeira, acrescente água, sal (é melhor salgar só no final) e deixe ferver em fogo baixo, panela tampada, até que a água tome gosto. O mesmo pode ser feito usando um pedaço de frango, que depois de cozido pode ser desfiado e aproveitado para fazer bolinhos ou arroz de forno. Em suma, faça um caldo e reserve.
Nós aqui gostamos da italiana "Polenta Valsugana", uma caixinha de farinha de milho pré-cozida a vapor, prática, muito gostosa e que é facil de encontrar nos grandes supermercados. Cozinhar a farinha de milho normal é um processo demorado e arriscado. A massa borbulha e espirra como um pequeno Stromboli e como a polenta exige que o cozinheiro fique de plantão mexendo continuamente, as marcas de queimadura eram obrigatórias nos braços das avós que faziam polenta. Queimadura não orna mais hoje em dia, as farinhas pré-cozidas, nacionais ou importadas, eliminaram o problema.
– Calcule um 1 litro e meio de caldo para 375 gramas de farinha de milho (o conteúdo de uma caixinha). Quem quiser fazer uma porção individual, pode misturar 4 colheres de sopa da farinha pré-cozida em ¼ de litro de caldo (ou água salgada).
– Retire a polenta do pacote e coloque em uma vasilha leve. Uma mão fará a farinha chover aos poucos sobre o caldo enquanto a outra mão mistura sem parar. É bom que a vasilha seja leve para facilitar o trabalho.
– Coloque o caldo para ferver. Quando estiver fervendo, abaixe o fogo até que o caldo borbulhe mansamente, dê uma regada com azeite extra-virgem ou acrescente uma pelotinha de manteiga (1 colher de chá) e misture com a colher de pau, de modo a conseguir um bom redemoinho
(quem tiver um fuet, use. A massa fica ainda mais leve).
– Comece a "chover" a farinha no vórtice do mini redemoinho, sem parar de mexer. Depois de acrescentar toda a farinha (se preferir uma polenta mais mole, deixe sobrar farinha), borrife parmesão ralado (3 colheres de sopa). Prove e corrija o sal.
– Mantenha no fogo por mais 5 minutos, mexendo sempre, transfira para uma vasilha e sirva.
Colocamos metade da nossa massa na vasilha, espalhamos gorgonzola esfarelado e cobrimos com a outra metade da massa.
Polenta combina com quase tudo. Pode ser servida com molho de tomate simples e parmesão ralado, ou com cogumelos refogados, com aspargos no vapor ao molho de manteiga, com frango ensopado, carne assada de panela e etc etc etc.
A nossa pretendia ser uma tradicional polenta calda con ragù e salsiccia, mas empelotou – vergonha máxima – só foi resgatada da mediocridade total pelo molho de linguiça calabresa que felizmente ficou bom, e pela generosidade da equipe da Cozinha Transcendental. Era hora de almoço e todos estavam com fome.
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