Apesar de o número total de acidentes em rodovias federais ter diminuído ao longo da série histórica, o perfil das ocorrências também revela a crescente irresponsabilidade no trânsito. O consumo de álcool se tornou uma das principais causas de acidentes em rodovias federais no ano passado – só perde para falta de atenção, dificuldade de reação ao volante e velocidade indevida na pista.
De cada 100 acidentes atendidos pela Polícia Rodoviária Federal, cerca de 8 foram causados por ingestão de álcool em 2021 – quase o dobro da proporção registrada dez anos antes. Em 2011, a cada 100 acidentes nas rodovias federais, quatro foram causados por ingestão de álcool.
Durante a pandemia, os brasileiros ficaram mais imprudentes ao volante. O número de infrações relacionadas ao não uso do cinto de segurança em rodovias federais atingiu o pico – tanto para condutores quanto para passageiros de veículos. Ao todo, foram mais de 271 mil infrações desse tipo em 2020, o recorde da série histórica registrada pela Polícia Rodoviária Federal. No ano seguinte, em 2021, foram 252 mil, também acima dos valores registrados desde 2007.
Não à toa o número de hospitalizações por acidente de trânsito chegou ao pico em 2021. Isso significa que, desde 2008, primeiro ano da série histórica disponibilizada pelo Ministério da Saúde, nunca houve tantos feridos por acidentes de trânsito no Brasil como em 2021, levando em conta todos os tipos de vias do país. O número de pessoas internadas na rede pública de saúde com lesões causadas por acidentes de trânsito bateu recorde no ano passado.
Foram, ao todo, mais de 234 mil internados – uma média de 642 por dia. Em 2011, a média diária era de 480 internações. Ou seja, em dez anos houve um aumento de 34% nas hospitalizações por acidente de trânsito.