Em 2019, o Brasil caiu cinco posições no ranking mundial do IDH – o Índice de Desenvolvimento Humano, medidor usado para classificar os países segundo seu grau de desenvolvimento. O índice é calculado com base em dados como expectativa de vida, escolaridade da população e concentração de renda. De 79º colocado, o Brasil passou a 84º, sua pior posição no ranking desde 2011. O principal motivo para essa queda, segundo o relatório anual da ONU, foi a estagnação dos níveis de educação no país. Em média, um brasileiro estuda durante oito anos; na Alemanha, são catorze. Mas há outros fatores que ajudam a puxar o IDH brasileiro para baixo. A concentração de renda é um deles: no Brasil, o 1% mais rico da população detém 28% da renda do país, uma proporção assustadoramente alta. Só quatro países conseguem ser mais desiguais que o Brasil nesse quesito: Qatar, Malawi, Moçambique e República Centro Africana. O =igualdades destrincha os números que mantêm o Brasil distante do clube dos países ricos e longevos.
A vida até os 80 ou 90 anos de idade ainda é privilégio de uma fração pequena da população mundial. Em 2019, a cada cem pessoas, só 23 viviam em países onde a expectativa de vida é de mais de 80 anos; 40 viviam em países onde a expectativa fica entre 70 e 80 anos – como é o caso do Brasil; e 37 viviam em países onde a expectativa de vida não passa dos 70 anos de idade.
Em 1987, as pessoas que nasciam no Brasil tinham uma expectativa de vida de 65 anos. Esse número aumentou progressivamente ao longo das últimas três décadas. Em 2019, a expectativa de vida no país era de 76 anos de idade.
Poucos países do mundo têm uma concentração de riqueza tão grande quanto o Brasil. O 1% mais rico da população brasileira detém 28% de toda a renda produzida no país; na Noruega, os mais ricos concentram 9% da renda. Só quatro países conseguem ser mais desiguais que o Brasil: Qatar, Malawi, Moçambique e República Centro Africana.
Um dos principais fatores que têm empurrado o IDH brasileiro para baixo é a educação, que teve poucos avanços nos últimos cinco anos. Comparado a outros países, sobretudo os europeus, o Brasil tem um longo caminho a percorrer: entre os brasileiros, o tempo médio de estudo é de 8 anos, enquanto entre os alemães essa média é de 14,2 anos.
Os homens brasileiros têm renda per capita 72% maior que as mulheres. Em 2017, elas tiveram renda per capita de 10,5 mil dólares, enquanto eles tiveram renda de 18,1 mil dólares. A desigualdade de gênero está longe de ser um problema isolado do Brasil. No mundo, em média, os homens recebem 77% a mais que as mulheres. A situação é mais aguda no conjunto dos 23 países árabes, onde os homens recebem quase o quíntuplo das mulheres.
Embora sejam 51% da população brasileira, as mulheres hoje compõem apenas 15% do Congresso Nacional. Considerando todos os demais países da América Latina e do Caribe, a média do continente é de 31% de mulheres nos Parlamentos. Em Cuba, por exemplo, as mulheres são 53% do Parlamento; no México, são 48%.
As mortes por causas relacionadas à gravidez são duas vezes mais comuns no Brasil do que na China. Segundo dados da ONU, no Brasil, a cada 100 mil partos bem sucedidos, são registradas 60 mortes de mães durante a gestação ou poucos dias após o parto. Na China, a proporção é metade disso: são 29 mortes a cada 100 mil partos.
Nos 23 países do chamado “mundo árabe”, a renda dos homens equivale a quase cinco vezes a das mulheres. Em média, a renda per capita dos homens nesses países é de 23,9 mil dólares, enquanto a renda per capita das mulheres é de apenas 5 mil dólares.
Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano 2020, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).