Em 2022, foram registrados 612,9 mil acidentes de trabalho no Brasil. Isso é quase quatro vezes a quantidade de acidentes de trânsito com motos no mesmo ano. O acidente laboral ocorre durante o exercício do trabalho a serviço de uma empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional. Durante a pandemia, houve uma diminuição dos casos, mas, com o retorno do trabalho presencial, os números voltaram a subir. No ano passado, uma pessoa morreu a cada 3 horas e 47 minutos, sete por dia, em decorrência de acidentes de trabalho. Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, que reúne informações do Ministério Público do Trabalho, Organização Internacional do Trabalho e outros órgãos federais. Casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho dobraram entre 2020 e 2022. Os números levam em conta apenas a população com vínculo de emprego regular. O =igualdades desta semana faz um raio X nos acidentes de trabalho no país.
No primeiro ano da pandemia, em 2020, houve uma diminuição de casos de acidente de trabalho. Com a volta ao presencial, os números voltaram a crescer, com 612,9 mil casos registrados, mas ainda continuam abaixo de 2019, ano em que foram notificados 639,3 mil acidentes.
Nos últimos dez anos, foram registradas mais de 23 mil mortes por acidentes de trabalho no mercado formal no país. Apenas em 2022, foram 2,5 mil óbitos – número mais alto desde 2016.
O adoecimento ocupacional por transtornos mentais, como depressão e ansiedade, foram agravados durante a pandemia. De acordo com as informações relacionadas ao trabalho no SINAN, as notificações de distúrbios psíquicos dobraram entre 2020 e 2022.
Os acidentes de trabalho geram custos para a União. O INSS é responsável por administrar a prestação de benefícios, como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. O número de benefícios previdenciários do tipo B91, ou seja, de auxílio-doença por acidente de trabalho, caiu pela metade em 10 anos.
As pensões de trabalho pagas pelo Estado em 2021 foram 57,7 mil vezes mais caras que as ações para prevenção de acidente laboral. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, 4% do PIB mundial é perdido em função de acidentes e doenças do trabalho. Em 2022, esse valor estaria próximo de R$ 400 bilhões.
No ano passado, foram registrados 55,7 mil acidentes de trabalho de profissionais em de atendimento hospitalar – o setor econômico com mais notificações (12% do total). Em segundo lugar, está o comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, que apresentou 18,5 mil acidentes de trabalho (4% do total).
Nos últimos 11 anos, as lesões mais frequentes por acidente de trabalho foram cortes, seguido por fraturas, contusão ou esmagamento e distensão ou torção. A parte do corpo mais frequentemente atingida são os dedos, representando cerca de um quarto das lesões, causadas principalmente por máquinas e equipamentos.
Fontes: Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho e Secretaria Nacional de Trânsito