Corpo alquebrado: a Associação Médica Brasileira diz que 70% das quedas com idosos acontecem em domicílio. Na triagem por gênero, as mulheres caem mais em casa; os homens, na rua CRÉDITO: A FALLEN TREE_CARLO LABRUZZI (1748-1817)_TATE
Queda é a segunda causa de morte de idosos por acidente
No Brasil, quase 10 mil morrem por ano em decorrência de um tombo
O número de idosos que morreram em decorrência de quedas subiu de 4.816, em 2013, para 9.569, em 2022, segundo o Ministério da Saúde. É um aumento de quase 100% por cento. Somadas, as quedas em geral mataram 70.493 idosos no país entre 2013 e 2022, tornando-se o segundo motivo de mortes por acidente entre as pessoas com 60 anos ou mais. Esse número é superado apenas pelo dos idosos que sofrem acidentes no trânsito, sendo os atropelamentos os mais comuns. No Brasil, vivem hoje 32,1 milhões de pessoas com 60 anos ou mais.
São tombos de escadas, telhados, lajes desprotegidas, além de quedas da própria altura (QPAs), quando a pessoa desaba subitamente da posição ereta, caindo no próprio nível em que se encontra. Ainda que na maioria das vezes não leve à morte instantânea, a queda de idosos é a razão de aproximadamente 10% das emergências hospitalares. A situação é de alerta vermelho porque o problema não fica restrito ao tratamento hospitalar. Depois que recebe alta, a pessoa tende a apresentar um quadro de saúde disruptivo, no pior sentido. Muitas vezes há restrição posterior de mobilidade, dificuldade para realizar atividades do cotidiano, perda cognitiva, isolamento, depressão, informa Mônica Manir na edição deste mês da piauí.
Muitos idosos nunca mais voltam a andar depois de uma queda. O fear of falling (FOF, na sigla em inglês para “medo de cair”), também chamado de ptofobia – do grego ptôsis, queda, e phóbos, medo –, foi identificado em 1982 pelos geriatras Bernard Isaacs e John Murphy, da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. A síndrome atinge entre 40% a 73% dos que já caíram uma vez e se caracteriza pelo pavor de andar, com ou sem apoio novamente (mesmo que a pessoa não apresente problemas de locomoção que a impeçam de caminhar).
Segue-se a perda paulatina de autoestima e o isolamento social que podem levar ao declínio físico e até à morte precoce. “Com fear of falling, o indivíduo deixa de ir à missa, à reunião de família, à padaria e até ao banheiro por medo de nova queda”, diz Wilson Jacob Filho, professor titular de geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas, na mesma universidade. “E, mesmo assim, o idoso cai, porque não poderá ficar sentado a vida toda e porque o medo de cair o impede de ficar apto a não cair.”
Os banheiros são os lugares onde ocorre o maior número de acidentes, e não apenas com os mais velhos. Uma pesquisa publicada em 2011 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), revelou que 234 mil pessoas que vivem nos Estados Unidos se lesionaram nesse cômodo – os mais jovens no boxe, os mais velhos ao sentarem ou levantarem do vaso sanitário. A parte do corpo mais machucada: a cabeça. Quase 14% daqueles que caíram foram hospitalizados. Piso escorregadio, tapetinhos traiçoeiros, iluminação parca, ausência de barras de apoio, degrau na saída do boxe ou na porta do banheiro são armadilhas anunciadas.
Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.
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