Com quase o dobro de votos que Fernando Haddad recebeu no primeiro turno de 2018, Lula virou voto em quase 700 cidades onde Bolsonaro ganhou há quatro anos. Desde 2014, o partido ao qual o presidente está filiado (PL) triplicou de tamanho na Câmara, o PT seguiu estável e o PSDB murchou – caiu de 54 para apenas 13 deputados. As mulheres, a partir de 2023, terão representação recorde no Congresso, mas ainda não chegam a ocupar 20% das cadeiras. Enquanto isso, os candidatos negros, que eram quase metade do total de postulantes à Câmara, são apenas 26% dos eleitos. O =igualdades desta semana, feito com dados compilados pela consultoria ASK a pedido da piauí, ilustra as mudanças trazidas pela eleição do último domingo (2).
No primeiro turno da eleição de 2018, Fernando Haddad (PT) recebeu 31,3 milhões de votos. Neste ano, Lula teve 83% mais votos no primeiro turno, totalizando 57 milhões. Os dois principais candidatos do pleito de 2022 tiveram a maior concentração de votos desde a redemocratização.
Nas eleições gerais de 2018, Jair Bolsonaro (PL) obteve 49,3 milhões de votos no primeiro turno. Em 2022, foram 51 milhões. Ou seja, ele conquistou mais 1,7 milhões de votos – um pouco mais que uma Curitiba. A capital paranaense tem 1,2 milhão de eleitores.
Este ano, Bolsonaro perdeu a disputa contra Lula no primeiro turno em 683 cidades em que havia ganhado em 2018. Minas Gerais foi o estado onde Lula mais virou votos, seguido por São Paulo e Rio Grande do Sul. Outras 24 cidades em que Bolsonaro havia perdido em 2018 passaram a ter uma maior votação no atual presidente quatro anos depois.
Nos últimos oito anos, o PL (ex-PR) passou de 34 para 99 deputados federais, triplicando de tamanho. O PSDB elegeu 54 representantes na Câmara em 2014, mas agora apenas 13 – um terço do que tinha. Já o PT foi de 69 para 68 deputados no mesmo período, mas a federação da qual faz parte, com PCdoB e PV, conseguiu 80 cadeiras em 2022.
A bancada feminina teve um aumento de 18% na Câmara dos Deputados. Em 2018, foram eleitas 77 mulheres. Neste ano, foram 91. Ainda são uma minoria, ocupando apenas um quinto das cadeiras.
O número de deputados federais autodeclarados pretos e pardos eleitos teve um crescimento tímido em comparação com as eleições gerais de 2018. Há quatro anos, foram eleitos 21 candidatos pretos e 102 pardos; agora, 27 pretos e 107 pardos. Embora fossem metade dos candidatos à Câmara este ano, os negros são apenas 26% dos eleitos.
O Legislativo não está de cara nova, nem em Brasília nem nas assembleias estaduais. Dos 1.212 candidatos que concorriam à reeleição para os cargos de senador, deputado federal, estadual e distrital, 857 (ou 71% do total) saíram vitoriosos da eleição de domingo (2).
Fontes: Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Câmara dos Deputados; Consultoria ASK; Pindograma.