“Muita gente nem lembra que foi marxista, ou pensa no marxismo como um pecado de juventude. Mas o marxismo tornou o Brasil mais inteligente, criou uma ordem do dia substanciosa e produziu uma reflexão histórica original, que não se esgotou, embora tenha perdido bastante de seu pique. ”
Assim o crítico literário Roberto Schwarz inicia um depoimento sobre a influência do marxismo em sua geração que a piauí publica na edição deste mês. O depoimento se originou de uma longa entrevista feita pelos economistas José Márcio Rego e Luiz Gonzaga Belluzzo, a professora de literatura Maria Elisa Cevasco, os sociólogos Eduardo Kulgemas e Roseli Martins Coelho, o professor de história Jorge Grespan e a estudante de filosofia Grecia de la Sobera.
Autor de estudos que redefiniram o entendimento da literatura e da cultura brasileira, Schwarz conta na entrevista o impacto exercido no Brasil por marxistas como György Lukács, Jean-Paul Sartre e os pensadores da Escola de Frankfurt. Ele também relembra o seminário de leitura de O Capital, de Karl Marx, promovido por jovens estudantes da USP nos anos 1960. Para o crítico, o “progresso mais inesperado e interessante” do seminário acabou sendo os trabalhos do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, futuro presidente da República, e do historiador Fernando Novais.
Schwarz também fala na entrevista sobre a importância do crítico literário Antonio Candido, autor de Formação da Literatura Brasileira. “À primeira vista, não há semelhanças entre os trabalhos de Antonio Candido e do seminário de Marx. Mas pensando melhor, há paralelos de fundo – preocupações comuns ligadas à situação intelectual do subdesenvolvimento […]. Como sair da precariedade, do atraso, da irrelevância em que estávamos atolados?”
Assinantes da revista podem ler a íntegra da entrevista neste link.