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    Ato de apoiadores de Bolsonaro em 15 de maio de 2021: caravanas esperadas na manifestação do dia 7 em Brasília lotam hotéis da cidade - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

questões patrióticas

Setembrada lota hotéis em Brasília

Com chegada de caravanas bolsonaristas, setor hoteleiro prevê ocupação de 100% dos quartos para o feriado de Sete de Setembro na capital federal 

Marcos Amorozo | 03 set 2021_18h36
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Desde que o presidente Jair Bolsonaro passou a convocar apoiadores para manifestações no feriado da Independência, o número de reservas em hotéis, pousadas e hostels em Brasília para os dias 6 e 7 de setembro disparou. Bolsonaro tem dito que os atos programados para a próxima terça-feira são uma “oportunidade única” para a população brasileira, ainda que não se saiba muito bem para quê – e grupos bolsonaristas de todo o Brasil estão se organizando em caravanas que têm como destino a capital federal e a cidade de São Paulo.

Nesta sexta-feira (03), o presidente voltou a subir o tom de ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que pode agir “fora das quatro linhas da Constituição”. “O recado de vocês nas ruas, na próxima terça-feira, será um ultimato para essas duas pessoas [uma indireta aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso]. Curvem-se à Constituição, respeitem a nossa a liberdade e entendam que vocês dois estão no caminho errado, porque sempre há tempo de se redimir”, afirmou o presidente. Em redes sociais, integrantes de grupos bolsonaristas repetem a ideia e dizem que a mobilização é “contra a corrupção, pela liberdade e contra as arbitrariedades do STF”.

Seja como for, a movimentação dos apoiadores de Bolsonaro para a “oportunidade única” pegou de surpresa a rede hoteleira brasiliense. O responsável por um dos hostels procurados pela piauí relatou que vendeu todos os leitos disponíveis, com diária que varia de 70 a 120 reais, para dois grupos de apoiadores do presidente vindos de outros estados para participar das manifestações. “O pessoal combinou de chegar aqui na segunda-feira, participar dos atos na terça-feira e logo depois entrar nos ônibus para voltar para casa. Fechamos nossa capacidade máxima de uma só vez e quase duas semanas antes da data”, conta. Num outro hotel com cinco estrelas, localizado no Eixo Monumental, cuja diária pode chegar a 500 reais, as reservas para os dias 6 e 7 de setembro se esgotaram há uma semana. Grande parte delas foi feita pela internet, em pacotes que permitiram aos clientes parcelar a estadia e receber alguns descontos. 

A quem procura quarto e já não encontra, os atendentes dos hotéis estão recomendando que busquem pousadas menores, quartos alugados por aplicativos ou hospedagem nas cidades vizinhas, a mais de 20 km do Centro da capital. Mesmo assim, é difícil achar lugar para dormir. No site Booking.com, por exemplo, mais de 96% das acomodações a partir de 65 reais não estão mais disponíveis para a data no Distrito Federal.

“A hotelaria de Brasília foi pega de surpresa e não esperava ter uma ocupação tão alta como está sendo agora devido às manifestações. A nossa expectativa é de que a ocupação chegue a quase 100% da nossa capacidade entre os dias 6 e 7  de setembro”, afirmou Levi Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens do Distrito Federal. “Brasília costuma ficar mais vazia durante os feriados. O brasiliense gosta de aproveitar essas datas em praias dos Nordeste ou em outros pontos turísticos no entorno do DF. Então essa situação é totalmente atípica.”

Apenas os hotéis mais afastados do Centro da capital federal não sentiram o impacto da alta demanda. Em um deles, localizado na beira do Lago Paranoá e ao lado do Palácio da Alvorada, ainda é possível encontrar quartos disponíveis, mas as reservas precisam durar, no mínimo, três noites — e o pacote sai por quase mil reais. 

 

Para o Sete de Setembro, o governo do Distrito Federal (GDF) vai reforçar o policiamento em toda a região no entorno da Esplanada dos Ministérios, e o acesso à Praça dos Três Poderes será restrito. A Polícia Militar realizará linhas de revistas pessoais e bloqueios nas principais vias do Centro de Brasília para proibir o acesso de pessoas que estejam portando objetos pontiagudos, garrafas de vidro, hastes de bandeiras e outros materiais que coloquem em risco a segurança de manifestantes e da população. Também fica restrita a utilização de drones sem autorização no espaço aéreo da Esplanada. 

Dois espaços estão reservados para manifestações. O ponto de encontro dos apoiadores de Bolsonaro será a Biblioteca Nacional, e os treze grupos de manifestantes já cadastrados pelo GDF ficarão distribuídos pela Esplanada dos Ministérios. Os monumentos e prédios públicos estarão fechados com gradil e resguardados por policiais. 

Já os opositores ao governo irão se concentrar no estacionamento da Torre de TV, a cerca de 3 km do outro grupo, e de lá seguirão em caminhada para o Memorial dos Povos Indígenas. A PM deve acompanhar todo o trajeto para garantir a segurança dos participantes. 

 

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