Seguindo uma bem sucedida carreira em festivais, (2011), dirigido e fotografado por Volker Sattel, foi premiado como melhor longa-metragem, no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – FICA 2012, encerrado sábado (30/6), em Goiás.
O principal prêmio do festival – de melhor filme – foi dado a Paralelo 10. O documentário, dirigido por Silvio Da-Rin, acompanha o sertanista José Carlos Meirelles e o antropólogo Terri de Aquino na viagem de cerca de 500 quilômetros pelo Rio Envira, no Acre, até próximo à fronteira com o Perú. Vão ao encontro dos Madijá e Ashaninka, ameaçados por grupos indígenas isolados – chamados de índios “brabos”.
, por sua vez, complementa A caminho da eternidade, feito em 2010 (comentado neste blog em 18/11/2011), dirigido por Michael Madsen, que trata dos problemas decorrentes da construção do depósito subterrâneo de lixo atômico de Onkalo, na Usina Nuclear de Olkiluoto, na Finlândia.
Os dois documentários registram situações atuais, mas começam olhando em direções opostas – A caminho da eternidade, para o futuro, , para o passado. Acabam se encontrando, porém, na interrogação comum sobre o lixo nuclear e as perspectivas da energia atômica.
Realizado antes do desastre, em março do ano passado, na usina de Fukushima Daichi, e em meio ao processo de suspenção do uso de energia nuclear, na Alemanha, iniciado em 2000 e previsto para ser concluído em 2022, Sob controle faz, com rigorosa unidade formal, um inventário histórico do tema através da anatomia das usinas, algumas já desativadas, revelando as instalações físicas, a tecnologia empregada, as condições de trabalho e os procedimentos operacionais.
Desde a ironia contida no título – –, ao revelar justamente a falta de segurança do processo, apesar das minuciosas medidas preventivas implementadas, o que está em jogo no documentário é o fracasso da utopia da energia nuclear.
O diretor de , Volker Sattel, nasceu em Speyer, em 1970, mesmo ano em que, a sete quilômetros, começou a ser construída a usina nuclear de Philippsburg. Foi essa proximidade que o levou, segundo suas declarações, a sempre ter tido interesse pelo debate em torno da questão, tendo notado “que ainda não tinha sido feito um filme sobre o funcionamento de uma usina nuclear. […] Eu queria conseguir ver ao menos uma vez esse ambiente hermeticamente lacrado”, declarou. Para ele, se tornou “uma espécie de réquiem para a energia nuclear”.
Essa missa para a falecida seria um lamento? Tanto a mencionada ironia do título, quanto o futurismo decadente das instalações nucleares, lembrando filmes de ficção científica da década de 1960, parecem desmentir essa possibilidade. O tom da meditação de é antes sarcástico, sendo exemplar, nesse sentido, o que se vê no antigo reator nuclear de Kalkar.
Planejado para gerar 327 megawatts, o projeto do primeiro reator nuclear rápido da Alemanha, cuja construção começou em 1972, acabou sendo cancelado, em 1991, depois dos desastres de Three Mile Island, em 1979, e Chernobyl, em 1986. Considerado um dos amontoados de lixo mais caros do mundo, o terreno da usina foi vendido para um investidor que preservou o edifício do reator e a torre de resfriamento, e montou um centro de convenções e parque de diversões chamado Kernies Wunderland. O balanço vertical, com 58 metros de altura, montado dentro da torre de resfriamento, é considerado a principal atração.