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questões cinematográficas

Stefan Kudelski – inventor

Não foi apenas Hollywood que ele mudou, como diz a manchete do New York Times de 31 de janeiro. Com a invenção do gravador Nagra, Stefan Kudelski transformou o cinema mundial.

No corpo da matéria, de maneira mais precisa, está escrito que ao inventar “o primeiro gravador portátil de qualidade profissional”, Kudelski “revolucionou a realização de filmes em Hollywood e expandiu enormemente o alcance de documentaristas, cineastas independentes e arapongas dos dois lados da Guerra Fria.”

| 07 fev 2013_12h33
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Não foi apenas Hollywood que ele mudou, como diz a manchete do de 31 de janeiro. Com a invenção do gravador Nagra, Stefan Kudelski transformou o cinema mundial.

No corpo da matéria, de maneira mais precisa, está escrito que ao inventar “o primeiro gravador portátil de qualidade profissional”, Kudelski “revolucionou a realização de filmes em Hollywood e expandiu enormemente o alcance de documentaristas, cineastas independentes e arapongas dos dois lados da Guerra Fria.”

Graças ao gravador Nagra III, surgido em 1958, pesando apenas cerca de 6 quilos, e também aos inventores das câmera leves e silenciosas, tornou-se possível filmar com som direto de qualidade sincronizado à imagem, com uma equipe de apenas duas pessoas. Sem o Nagra, o cinema direto não teria sido o mesmo.

No Brasil, os primeiros Nagras III chegaram no início da década de 1960 e se tornaram logo objetos de desejo, não só pela qualidade técnica e simplicidade operacional, mas pelo design.

Morto em 26 de janeiro, aos 83 anos, Stefan Kudelski, herói de duas gerações de cineastas e técnicos, foi vítima da destruição criativa. Tendo dominado o mercado mundial durante 4 décadas, a partir dos anos 1990, o Nagra, construído para durar, começou a perder a concorrência com os gravadores digitais.

Nascido em Varsóvia, em 1929, Kudelski fugiu com a família para a Suiça no início da Segunda Guerra. Depois de diplomado em física e engenharia, em 1951 criou sua empresa de engenharia eletrônica.

Pedindo licença para uma auto-citação, lembro que há pouco mais de dois meses (21/11/2012), no post “Missão Sucksdorff – o que poderia ter sido”, fiz referência ao Nagra III usado para gravar som ambiente na decisão do Campeonato Carioca de 1962, para o documentário Garrincha, alegria do povo: naquele domingo, “a produção pode dispor do equipamento portátil mais avançado que havia, na época, para fazer som direto – um gravador Nagra III, emprestado por Sucksdorff, aparelho raro, se não inexistente no Brasil.”

Quem fez as gravações foi um menino de 17 anos que por ter aprendido a ligar o gravador, naqueles tempos de improvisos, fora promovido a técnico de som.

O Nagra perdeu a soberania. E há duas semanas, Kudelski se foi. 

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