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Steve Jobs promoveu a evolução da música por uma revolução midiática

Sem Steve Jobs o mundo da tecnologia ficou mais previsível. A morte do cofundador da Apple tirou do nosso convívio um executivo visionário identificado com a essência disruptiva destes tempos. Falando em questões musicais, Jobs definitivamente introduziu a música na era digital, com todas as suas contradições e sede transformadora. Provou que a evolução da música passa por uma revolução midiática. E o fez seguindo os passos da economia criativa cativada no berço das inovações tecnológicas da cibercultura.

Carlos Freitas | 10 out 2011_08h35
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Sem Steve Jobs o mundo da tecnologia ficou mais previsível. A morte do cofundador da Apple tirou do nosso convívio um executivo visionário identificado com a essência disruptiva destes tempos. Falando em questões musicais, Jobs definitivamente introduziu a música na era digital, com todas as suas contradições e sede transformadora. Provou que a evolução da música passa por uma revolução midiática. E o fez seguindo os passos da economia criativa cativada no berço das inovações tecnológicas da cibercultura.

A valsa das transformações que Jobs impôs ao meio musical teve início com o iPod. O tocador de MP3 cercado de funcionalidades inovadoras embalou a revolução promovida pelo Napster, software de compartilhamento de música no formato MP3 entre computadores, e colocou a indústria fonográfica e seu alicerce nos grupos de comunicação em xeque.

Usuário de LSD nos anos 60, Jobs levou a contracultura de volta ao mainstream pela via da tecnologia. Realmente tinha uma percepção expandida da realidade e trabalhava arduamente para materializar suas visões. Assim apostou na música digital armazenada em memória flash quando o mercado discutia como combater pirataria. Com mil músicas no bolso dos fãs – slogan do iPod – o modelo de negócio baseado na mídia física, o CD, entrou em decadência.

Emergiu um mercado digital tão sedutor quanto às transformações daquele momento. O iTunes se estabeleceu como plataforma de distribuição e comércio musical, tendo como base a nova economia dos micropagamentos. Mais música e por um preço módico. Uma alternativa atraente ao compartilhamento ilegal de MP3.

Com o público consumidor de música cada vez mais conectado à internet e a afirmação do YouTube como plataforma de música online, o invento do iPhone fez com que Jobs atingisse o ápice das práticas recombinantes. Ao integrar mídias digitais e informacionais, o smartphone da Apple, e posteriormente tablet iPad, fez surgir novas perspectivas de negócios e produção musical envolvendo portabilidade, música, comunicação e mídia.

Os aplicativos musicais despontam como as estrelas da vez, eficazes na divulgação dos trabalhos das bandas (Bjork e Pixies lançaram apps para divulgarem discos e shows), práticos por permitirem edição e criação musical – vide o Gorillaz que concebeu o disco The Fall todo em iPad durante uma turnê – e como meio de expressão artística, como fez Brian Eno com o app Bloom, um experimento audiovisual interativo lançado como se fosse um disco.

Estabeleceu-se dessa forma um movimento de integração com a coletividade musical criativa que levou a Apple a lançar uma nova linha de negócios, a App Store. Além disso, as maravilhas tecnológicas de Jobs e Cia amplificaram a utilidade de seus dispositivos, sistema operacional e softwares para as áreas da criatividade, influenciando o dia-a-dia de quem faz, consome e vive de música.

Uma via interativa de negócios e produção entre artistas e público. Verdadeira aldeia global musical, como diria Mcluhan, que teve em Jobs um complementador do seu determinismo tecnológico, da expansão da cultura e definição da história como decorrência das mudanças tecnológias, e realizador de sua tese midiática por afirmar os meios tecnológicos de comunicação como extensão do homem.

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