A Revista
Podcasts
  • Todos os podcasts
  • Foro de Teresina
  • Sequestro da Amarelinha
  • A Terra é redonda
  • Maria vai com as outras
  • Luz no fim da quarentena
  • Praia dos Ossos
  • Praia dos Ossos (bônus)
  • Retrato narrado
  • TOQVNQENPSSC
Igualdades
Dossiê piauí
  • Pandora Papers
  • Arrabalde
  • Perfil
  • Cartas de Glasgow
  • Open Lux
  • Luanda Leaks
  • Debate piauí
  • Retrato Narrado
  • Implant Files
  • Eleições 2018
  • Anais das redes
  • Minhas casas, minha vida
  • Diz aí, mestre
  • Aqui mando eu
Herald Vídeos Lupa
Faça seu login
Assine
  • A Revista
  • Podcasts
    • Todos os podcasts
    • Foro de Teresina
    • Sequestro da Amarelinha
    • A Terra é redonda
    • Maria vai com as outras
    • Luz no fim da quarentena
    • Praia dos Ossos
    • Praia dos Ossos (bônus)
    • Retrato narrado
    • TOQVNQENPSSC
  • Igualdades
  • Dossiê piauí
    • Pandora Papers
    • Arrabalde
    • Perfil
    • Cartas de Glasgow
    • Open Lux
    • Luanda Leaks
    • Debate piauí
    • Retrato Narrado
    • Implant Files
    • Eleições 2018
    • Anais das redes
    • Minhas casas, minha vida
    • Diz aí, mestre
    • Aqui mando eu
  • Herald
  • Vídeos
  • Lupa
  • Faça seu login
Assine

    1968

questões musicais

The Inner Light – George Harrison

Lançada em agosto de 1968, a canção reflete a experiência dos Beatles com a meditação transcendental.

Paulo da Costa e Silva | 04 nov 2016_16h34
A+ A- A

Um dos princípios básicos da meditação é o “não fazer”, que não deve ser confundido com o “nada fazer”. O “não fazer” significa deixar as coisas serem como são, permitir que se desdobrem a seu modo, a seu tempo – há consciência e intenção nesse gesto de aceitação. A alegria do “não fazer” soa estranha no quadro de uma cultura que coloca tanta ênfase no fazer e no progresso. A meditação é provavelmente a única atividade intencional, sistemática, que no fundo não visa melhorar a si mesmo ou chegar a algum lugar, mas simplesmente realizar, tomar consciência de onde já se está.

Uma canção de George Harrison ilustra de modo quase didático esse princípio do “não fazer”. Chama-se The Inner Light – “a luz interior” – e foi composta sobre um poema do Tao Te Ching (O Livro do Caminho e da Virtude), escrito originalmente em chinês. Lançada em agosto de 1968, a canção reflete a experiência dos Beatles com a meditação transcendental. Em fevereiro daquele mesmo ano eles haviam feito o famoso retiro espiritual na Índia, sob a orientação de Maharishi Mahesh Yogi. Voltaram com cerca de 30 canções, que formariam a base do antológico Álbum Branco.

The Inner Light saiu alguns meses antes do álbum, como o lado B do compacto simples Lady Madonna. Eis um trecho da letra:

Without going out of my door

I can know all things of earth

Without looking out of my window

I could know the ways of heaven

A sonoridade é evidentemente indiana: a parte instrumental foi gravada em Bombaim, com músicos e instrumentos locais. A tônica (a nota mais grave) soa ao fundo o tempo todo, oferecendo um apoio contínuo ao ouvido. A presença continuada da tônica nos dá a impressão de que não saímos do lugar. Como acontece no estado meditativo, há mudança, mas não há movimento. Alguns poucos acordes transitam por debaixo do som contínuo do bordão, comunicando no tecido musical a mistura de estaticidade e movimento que emana do poema – “Without going out of my door / I can know all things on earth”.

Descendo um pouco mais na estrutura da canção, percebemos que os acordes que mudam sob a tônica, e também as notas da melodia (especialmente a sétima menor, que cobre o trecho “out of my” no primeiro verso), remetem ao modo mixolídio, um modo de caráter estático. O que define o mixolídio é o fato de que o sétimo grau não está mais a meio tom da tônica (como acontece no modo maior convencional, o dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó), e sim a um tom inteiro. Isso lhe retira parte da dinâmica de movimento, pois parece que a nota de maior tensão já não “quer” (ou não faz muita questão de) resolver na tônica. Ou seja, o impulso de resolução é amenizado; o movimento musical torna-se mais apaziguado; já não há ânsia de mudança, evolução, progresso etc. Por isso o modo como os musicólogos ocidentais se referem-se a ele: “preguiçoso mixolídio”.

O modo mixolídio pode ser visto como figuração musical de certa fixação no instante, uma ampliação do tempo presente em detrimento do passado e do futuro. Sua ambiência estática é mais contemplativa do que ativa. É o modo da rotina, da não mudança, do não fazer, da paciência, do eterno retorno de tudo, das novidades triviais. Com ele, os Beatles buscaram uma “redução” harmônica cada vez maior. Sua presença transparece na estranheza de canções como Norwegian Wood (que se passa inteiramente num quarto), Good Morning, Good Morning (que traz a recorrência, agora opressiva, da rotina), e sobretudo naquelas do chamado “período indiano”, como Tomorrow Never Know; It’s All Too Much; Love To You – e, evidentemente, The Inner Light.

Com essa premissa de stasis harmônica, pelo uso contínuo da tônica e do modo mixolídio, com o qual a música parece se tornar mais espacial do que temporal, os Beatles conseguiram comunicar através das canções seu recém-adquirido gosto pela filosofia e pelos ideais do Oriente.

Paulo da Costa e Silva
Paulo da Costa e Silva

Paulo da Costa e Silva é professor de estética no Departamento de História e Teoria da Arte da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Leia Mais

questões musicais

Saudades do quê?

Renato Russo, o rock brasileiro e o bolsonarismo

27 ago 2021_16h06
questões musicais

O rapper e a polenta

Marcelo D2, ardente antibolsonarista, reata com Deus e se converte às delícias da vida em família

02 ago 2021_13h46
questões musicais

Guarde uma frase pra mim

Morto em abril, Belchior faria 71 anos hoje. Seu biógrafo não para de descobrir novas histórias sobre o artista, uma duna em movimento

26 out 2017_13h55

 

 

 

PIAUI #189
  • NA REVISTA
  • Edição do Mês
  • Esquinas
  • Cartuns
  • RÁDIO PIAUÍ
  • Foro de Teresina
  • A Terra é redonda
  • Maria vai com as outras
  • Luz no fim da quarentena
  • Praia dos Ossos
  • Praia dos Ossos (bônus)
  • Retrato narrado
  • TOQVNQENPSSC
  • ESPECIAIS
  • Pandora Papers
  • Arrabalde
  • Igualdades
  • Open Lux
  • Luanda Leaks
  • Debate piauí
  • Retrato Narrado – Extras
  • Implant Files
  • Eleições 2018
  • Anais das redes
  • Minhas casas, minha vida
  • Diz aí, mestre
  • Aqui mando eu
  • HERALD
  • QUESTÕES CINEMATOGRÁFICAS
  • EVENTOS
  • AGÊNCIA LUPA
  • EXPEDIENTE
  • QUEM FAZ
  • MANUAL DE REDAÇÃO
  • In English
    En Español
  • Login
  • Anuncie
  • Fale conosco
  • Assine
Siga-nos

0800 775 2112 (Fora de SP, telefone fixo)
Grande SP ou celular fora de SP:
[11] 5087 2112
WhatsApp: [11] 3061-2122 – Segunda a sexta, 9h às 18h

© REVISTA piauí 2022 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Desenvolvido por OKN Group