O brasileiro médio passa cerca de um terço de sua vida trabalhando. Mas não qualquer brasileiro. Dados do IBGE deixam evidente que o desemprego tem gênero e cor de pele. Provando que a desigualdade estrutural não é apenas uma questão econômica, mas também social. E ela se reflete nas diferenças de oportunidades e nas barreiras enfrentadas, principalmente, por mulheres e pessoas negras no mercado de trabalho.
Adriana Barbosa, idealizadora da Feira Preta e uma das negras com menos de 40 anos mais influentes do mundo segundo a revista Forbes, é um exemplo notável de superação dessas barreiras. Nascida em São Paulo, filha e neta de empregadas domésticas, ela sempre foi uma das poucas negras nos ambientes que frequentava. Sua trajetória ilustra tanto o peso das desigualdades quanto o poder da resistência e da inovação. No entanto, apesar da história de sucesso da primeira entrevistada deste episódio, vencer a desigualdade de forma individual não é o mesmo que superá-la de maneira coletiva.
Nascida em uma das regiões mais negras de São Paulo, Cida Bento sentiu desde cedo o impacto do racismo, que a fazia se sentir à parte da sociedade. Fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), ela trabalha para ajudar a sociedade a reconhecer e mitigar o racismo, mostrando que a igualdade verdadeira só será alcançada quando essas histórias deixarem de ser exceções. A autora de O pacto da branquitude, alerta que a pauta identitária não é só sobre os negros. A universalização da experiência branca tornando-a uma espécie de “referência única” desumaniza a identidade negra e precisa ser desmantelada para que possamos falar em justiça social.
No quarto episódio da série apresentada pela jornalista Carol Pires, essas duas personagens ajudam a mostrar como a luta por uma sociedade mais justa exige um esforço coletivo para desmantelar as estruturas de opressão que perpetuam as desigualdades e impedir que o racismo, o machismo e o capacitismo continuem a determinar quem pode ou não prosperar.
DESIGUAIS é uma produção da Maranha Filmes, com apoio da Fundação Tide Setubal, OAK Foundation e Ford Foundation.
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