O post da última sexta fez algumas brincadeiras com a ótima entrevista de Bruno Torturra e Pablo Capilé, do Mídia Ninja, ao programa “Roda Viva”. Mas, como diziam nossos bisavós, é brincando que se diz a verdade. Apesar das boas atuações de Seedorf, Alex e Everton Ribeiro, a maior virtude de Botafogo, Coritiba e Cruzeiro tem sido o conjunto. E creio que, mesmo cinquenta anos depois, nenhuma imagem consegue ser mais significativa do espírito coletivo presente no futebol que as comemorações dos gols do Santos na década de sessenta, com os jogadores todos abraçados. A pirâmide dos craques santistas – Pelé, Coutinho, Pepe, Mengálvio, Zito, etc. – e o elogio ao coletivo que ela representa ficaram lá atrás, e o que temos agora é um culto à individualidade, com cada um querendo trazer para si o mérito do gol ou alcançar recordes pessoais.
As razões para esse post surgiram na derrota do São Paulo para a Portuguesa de Desportos. Calma. Ninguém precisa chamar o médico ou se preocupar com a sanidade mental do blogueiro, mas, sim, eu vi São Paulo e Portuguesa. Rogério Ceni é um excelente batedor de faltas, mas nunca foi um bom cobrador de pênaltis. Acontece. O grande Rivellino, que chutava uma barbaridade, não batia pênaltis. Só que Rogério Ceni persegue recordes individuais.
Entretanto, houve coisa muito pior do que o pênalti que Rogério chutou em cima de Lauro. Já nos acréscimos, o São Paulo perdia por dois a um e Ganso bateu uma dessas faltas que viraram moda: levantada na área, a bola passou por todo mundo, o goleiro ficou com aquela cara de qualé, e pronto. Barbante e jogo empatado. Mas que nada: quando a bola ultrapassava a linha, o centroavante Aloísio, certamente para somar um golzinho a mais na artilharia, empurrou-a pra dentro com a mão. O juiz anulou o gol e o São Paulo perdeu o jogo. Tudo bem, porque centroavante está lá pra isso, não? Para empurrar a bola pra dentro. Não é o que costumam dizer nossos comentaristas especializados?
Em outro post da última semana, citei o ex-jogador alemão Breitner e sua tese de que o Brasil está jogando um futebol do passado. Antes fosse, Breitner. Antes fosse.