Kathlen Romeu, Gabriel Hoytil Araújo, Samuel Vicente: estes são alguns dos jovens mortos em ações da Polícia Militar do Rio de Janeiro em 2021. As histórias deles são parte de uma tragédia crescente, visto que, no ano passado, a PM matou 109 pessoas a mais que em 2020. A título de comparação, o estado de São Paulo tem o dobro da população do Rio de Janeiro, mas o total de mortes em ações da PM fluminense é o dobro das causadas pela PM paulista. Negros são as principais vítimas da violência policial. Pesquisa do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) mostrou que, em 2020, 86% dos mortos pela polícia do Rio eram negros. O =igualdades desta semana faz um raio X da violência policial no estado.
Depois de uma tímida queda entre 2019 e 2020, os números de mortes provocadas pela PM no Rio voltaram a crescer. Em 2021, 1.354 fluminenses foram mortos pelos agentes de segurança — 8,8% a mais que no ano anterior, quando o total de vítimas ficou em 1.245.
Embora tenha metade da população de São Paulo, o estado do Rio de Janeiro registrou no ano passado mais que o dobro de mortes de civis provocadas pela Polícia Militar. Em 2021, o Rio teve 1.354 óbitos “por intervenção policial”, enquanto São Paulo registrou 543.
Em 2021, a cada 24 horas, quase 4 pessoas foram mortas pela PM do Rio. Ao todo, 1.354 fluminenses morreram pelas armas dos agentes. Os números se aproximam do de vítimas de acidentes de trânsito, que em 2021 causaram o equivalente a 5 mortes por dia no Rio de Janeiro.
Em meados de 2021, a PM de São Paulo instalou câmeras nos uniformes de agentes de dezoito batalhões para tentar conter casos de abusos de autoridade e violência policial. Pode-se dizer que o plano surtiu efeitos positivos: nos seis primeiros meses de uso das câmeras, 151 paulistas morreram em ações da polícia — 31,6% menos que no mesmo período de 2020, quando o número de vítimas foi de 224.
A PM do Rio mata duas vezes mais na Baixada Fluminense, região que compreende treze municípios, do que na capital do estado. No ano passado, a cada 100 mil moradores da cidade do Rio de Janeiro, 6,7 foram mortos pela polícia; na Baixada, a proporção foi de 11 mortos a cada 100 mil habitantes.
Os negros representam 48% da população do Rio de Janeiro – mas são maioria entre os que disseram ter sido abordados pela polícia. Em uma pesquisa realizada pelo Datafolha em maio de 2021, 63% das pessoas que disseram já ter sido abordadas pela polícia nos últimos anos eram negras, 31% brancas e 7%, de outras etnias.
Os negros também são maioria entre os motoristas que disseram ter sido parados em blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro. Segundo o Datafolha, entre as pessoas que afirmaram ter sido abordadas pelos agentes da operação, 57% eram negras e 38%, brancas.
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Fontes: Instituto de Segurança Pública; Governo de São Paulo; Centro de Estudos de Segurança e Cidadania.