Em 2024, o Brasil terá mais universitários em cursos à distância do que em presenciais. A previsão consta no mais recente Censo da Educação Superior. O ensino à distância, conhecido pela sigla EaD, cresce continuamente desde 2015 e ganhou força na pandemia. No ano passado, três milhões de brasileiros ingressaram em faculdades EaD, contra 1,6 milhão na modalidade presencial – que, no acumulado, ainda concentra a maioria dos universitários. Se, por um lado, o EaD é inclusivo, atendendo a um público mais velho e de menor renda, por outro, tem maior evasão e menos cursos de excelência, segundo os dados do Inep. O =igualdades mostra como se deu o crescimento do ensino remoto nos últimos anos e o perfil de seus estudantes.
Desde 2015, a quantidade de universitários em cursos EaD tem crescido anualmente numa média de 23,8%. A maioria dos novos alunos, hoje, são do ensino remoto. A previsão do Inep é de que em 2024 o total de alunos matriculados em cursos EaD no Brasil supere o de alunos matriculados em cursos presenciais.
Os futuros professores do Brasil estão se formando sem contato com a sala de aula. Dos 1,6 milhões de matriculados em cursos de licenciatura em 2022, 64% estudavam na modalidade EaD. Na rede privada, essa proporção foi de 88%. Pedagogia é o curso mais popular do ensino remoto tanto na rede privada, com 790 mil vagas, quanto na rede pública, com 16 mil vagas.
O ensino à distância nas universidades públicas tem uma média de 34 alunos por professor; na rede privada, são 171 alunos por professor. A razão aluno-docente é um dos critérios do Inep para avaliar a qualidade do ensino nas universidades. Entende-se que, quanto maior o número de alunos por professor, mais difícil é atender às necessidades pedagógicas de cada estudante individualmente.
Dos 1,4 milhão de estudantes que ingressaram em cursos de graduação EaD em 2018, só 481 mil ainda estavam matriculados dois anos depois. Nos cursos presenciais, entraram 2,1 milhões em 2018, restaram 1,1 milhão em 2020.
Dos 8 mil cursos presenciais avaliados pelo MEC através do Enade, 27% foram categorizados nos conceitos 4 ou 5, os mais altos numa escala de excelência que vai de 1 a 5. Entre os cursos EaD, a proporção foi de 18%.
Os dados do Enade apontam diferenças entre o perfil dos universitários de cursos presenciais e de cursos EaD. Enquanto 52% dos alunos dos cursos presenciais têm até 24 anos, somente 19% dos alunos do EaD estão nessa faixa etária. No ensino presencial, os alunos que passaram dos 40 anos não chegam a 9%; no EaD, são 22%. Além disso, estudantes do EaD trabalham mais: 67% têm uma jornada de trabalho de 40 horas ou mais por semana, contra apenas 42% dos estudantes de cursos presenciais.
Em média, os estudantes do EaD têm renda menor do que os estudantes de cursos presenciais. Segundo dados do Enade, 35% dos universitários de cursos presenciais têm renda familiar superior a 4,5 salários mínimos; no EaD, a proporção é de 24%.
Fontes: Censo da Educação Superior, Enade 2022.