Num país de extremos como o Brasil, a desigualdade se multiplica em muitas versões. É o que mostram os mapas da Riqueza e da Nova Pobreza no Brasil, publicados pela FGV Social. Os dois estudos mostram que o índice de Gini, que mede a desigualdade, chegou a 0.7068 em 2020, bem acima dos 0,6013 apontados pelo IBGE – quanto mais perto de 1 está o índice, maior é a desigualdade. Dentro do Distrito Federal, a mais rica unidade da federação, o patrimônio de um morador do Lago Sul é 1225 vezes o de um morador de Itapoã. O =igualdades desta semana ilustra a assimetria entre as rendas e os patrimônios dos mais ricos e dos mais pobres do Brasil.
Segundo os dados de 2020 do Mapa da Riqueza, feito pela FGV Social, a cidade com maior renda média por habitante é Nova Lima, em Minas Gerais. Lá a renda é de R$ 8,9 mil, enquanto a cidade com a menor renda, Matões do Norte, no Maranhão, tem renda média de R$ 27 por pessoa. Em 2020, a média brasileira era de R$ 1311.
Entre 2020 e 2021, Rondônia teve o maior aumento na proporção de pobres. Embora tenha permanecido na 16ª posição no ranking que mede a população com renda domiciliar per capita de até R$ 497 mensais desde o início da pesquisa, o estado teve um incremento de 52% de pessoas na pobreza. Em 2020, eram 21% da população nessa condição. Em 2021, foram 32%. Os dados da FGV Social apontam que desde 2012, ano de estreia da coleta, a pobreza nunca esteve tão alta no Brasil quanto em 2021.
Em 2020, o Distrito Federal foi a unidade da federação com maior média de patrimônio por habitante: cerca de R$ 94,7 mil. O valor corresponde ao dobro da média brasileira (R$ 47,4 mil) e 19 vezes a média do Amapá (R$ 4.959), último colocado no ranking da FGV Social. A FGV Social também mapeou as variações de renda dentro do DF.
A desigualdade de patrimônio também se manifesta no território do Distrito Federal. Em 2020, a região do Lago Sul, a mais rica, tinha patrimônio médio de R$ 1,4 milhão, capaz de comprar 1225 vezes o patrimônio médio de um morador de Itapoã, a região mais pobre, que vale R$ 1,2 mil. A diferença de renda média dessas regiões também é notória: em Itapoã são R$ 161 mensais contra R$ 23 mil mensais do Lago Sul.
Cerca de 29,6% da população total do país tinham renda domiciliar per capita de até R$ 497 mensais em 2021, o número equivale a 62,9 milhões de brasileiros. A população pobre do Brasil supera a população da Itália, estimada em 59 milhões de pessoas. Os dados do Mapa da Nova Pobreza apontam que, entre 2019 e 2021, houve um incremento de 9,6 milhões de pessoas na pobreza, quase um Portugal de novos pobres surgidos ao longo da pandemia.
Dos 5570 municípios brasileiros, somente 770 tinham renda média da população acima de R$ 1.045 – valor do salário mínimo de 2020, ano a que os dados da FGV Social se referem. A capital com maior renda média foi Florianópolis (SC) com R$ 4.215 reais, enquanto Macapá (AM) teve a menor, no valor de R$ 980.
A capital com maior patrimônio líquido médio da população é São Paulo (SP), com R$ 188,2 mil. O valor supera a soma das médias das 8 capitais mais pobres do país: Macapá (R$ 7,5 mil), Boa Vista (R$ 13,3 mil), Porto Velho (R$ 20,4 mil), Manaus (R$ 21,5 mil), Rio Branco (R$ 23 mil), São Luís (R$ 24,5 mil), Belém (R$ 26,6 mil) e Teresina (R$ 27,8 mil), todas no Norte e no Nordeste do país. As capitais com maior patrimônio líquido médio são: São Paulo, Florianópolis (R$ 169 mil), Porto Alegre (R$ 160,3 mil), Curitiba (R$ 158,3 mil), Vitória (R$ 147,7 mil), Rio de Janeiro (R$ 124,9 mil), Belo Horizonte (R$ 119,6 mil).