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    FOTO: MARLENE BERGAMO/FOLHAPRESS

questões jurídico-políticas

“Vamos para agosto”, diz Lula

Ex-presidente soube pela tevê que o Supremo havia negado seu habeas corpus; decepcionado, sobrou-lhe mirar a próxima fase do processo

Felippe Aníbal | 26 jun 2019_16h30
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Desde o meio da tarde de terça-feira, 25, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só tinha olhos para a tevê instalada na sala que lhe serve de cela na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Foi pelos telejornais de canais abertos que o petista soube que a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) havia negado os dois pedidos para que ele fosse colocado em liberdade. Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, em um primeiro momento, Lula acusou o golpe. Acreditava que deixaria a prisão. Mas, como sempre, logo passou a falar sobre a próxima etapa do processo: “Vamos para agosto.” É quando ele espera que o tribunal analise o mérito do segundo habeas corpus ajuizado por sua defesa, o que alega a suspeição do ex-juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro.

Na terça-feira, antes da sessão do STF, Lula recebeu a visita de dois de seus advogados – Luiz Eduardo Greenhalgh e Emídio de Souza –, que deixaram a sede da Polícia Federal e foram levar um recado do ex-presidente aos militantes do acampamento “Vigília Lula Livre”, instalado em frente ao prédio da polícia desde que ele foi levado para lá. “O presidente disse que estava tranquilo e para a gente não esperar grandes coisas do julgamento, porque o STF faria um julgamento político”, contou mais tarde Regina Cruz, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Paraná e uma das coordenadoras da vigília.

Na manhã da quarta-feira, outros dois advogados – Manoel Caetano e Luiz Carlos da Rocha, o Rochinha – cruzaram a catraca da recepção da PF às 10h30. Reuniram-se com o ex-presidente por uma hora e vinte minutos. Discutiram os próximos passos dos processos e estratégias. “[Lula] ficou decepcionado, mas está bem”, resumiu Caetano. “Em um ano e três meses que eu acompanho o presidente, em nenhum episódio desses em que havia expectativa de sair ele se abateu – nunca”, disse Rochinha. 

O julgamento dos habeas corpus fez a vigília aumentar na terça-feira. Segundo a coordenação, cerca de 300 pessoas acompanharam a sessão do STF. Além de jornalistas – que há tempos não davam as caras em peso por ali –, lideranças também apareceram, como o ex-deputado federal Dr. Rosinha. Quando a 2ª Turma sacramentou que Lula ficaria preso, alguns militantes choraram. 

“Eu me lembrei de uma conversa do Lula com a Dilma em que ele disse que o STF estava acovardado. Eu tenho pra mim que o STF continua acovardado. A pergunta é: está acovardado em relação a quem? Eu penso que por medo das forças militares”, disse Rosinha.

Os advogados de Lula fazem mistério sobre sua estratégia. O ministro Celso de Mello votou pela permanência de Lula na prisão, mas adiantou que isso não era uma antecipação do seu voto sobre o mérito da questão – o que soou como um bom presságio à defesa. A possibilidade de reversão do voto do ministro, no entanto, pode apresentar outro entrave à soltura de Lula: acelerar o julgamento do petista no caso do sítio de Atibaia pelo Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF-4). O ex-presidente foi condenado em primeira instância nesse processo. Tudo isso pode acontecer em agosto.

Agosto não é um mês qualquer para presidentes brasileiros. Foi em 24 de agosto que Getúlio Vargas saiu da vida para entrar para a história disparando contra o próprio coração. Desde 1954, outros agostos ficaram marcados na história presidencial: Jânio Quadros renunciou em 1961, Juscelino Kubitschek morreu em um acidente suspeito em 1976. E há três anos, também em agosto, Dilma Rousseff perdeu definitivamente seu mandato presidencial.

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