Ao meio-dia e vinte e oito minutos de 25 de janeiro de 2019, a barragem principal da mina do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, rompeu. Era uma gigante de 86 metros de altura, que armazenava quase 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério. Poucos minutos após o rompimento, o volume de lama liberado seria suficiente para preencher toda a Avenida Paulista até uma altura de cerca de cem metros. As sirenes de emergência não soaram, e 278 pessoas foram pegas pela lama. Apenas 8 sobreviveram. Em alguns pontos, o poder de destruição da avalanche foi equivalente a uma onda do mar de 30 metros a 120 km por hora. O =igualdades apresenta os números da maior tragédia da mineração do Brasil e uma das maiores do mundo, que completou 300 dias em 21 de novembro.
A barragem 1 (B1) era sustentada por uma encosta gramada de 86 metros de altura, equivalente a três vezes a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
Dentro da barragem, estavam 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro. Em poucos minutos após o rompimento, cerca de 80% havia jorrado. É um volume suficiente para preencher de lama toda a Avenida Paulista até uma altura de cerca de cem metros. Cobriria, por exemplo, o prédio da Fiesp.
O poder de destruição da onda de lama atingiu 980 m2/s, segundo cálculos da Polícia Federal. É equivalente a uma onda do mar com 30 metros de altura – cerca de 17 pessoas – navegando a 120 km por hora. Isso explica por que não sobraram vestígios das construções da Vale atingidas e por que os corpos da maioria das vítimas foram fragmentados.
Bastaram cerca de 60 segundos para que a lama chegasse à área administrativa, onde estava a maioria das vítimas. Esse é o tempo que uma pessoa treinada leva para correr cerca de 300 metros. Muitos pontos a salvo da lama ficavam mais distantes. Além disso, as sirenes de emergência não soaram.
Ao todo, 278 pessoas foram atingidas pela lama. Apenas 8 delas não morreram, uma taxa de sobrevivência de apenas 3%.
Dos 270 mortos ou desaparecidos, 255 já foram identificados e 15 seguem desaparecidos. Isso dá uma taxa de identificação de 94%. Na queda do World Trade Center (WTC), em Nova York, em 2001, o percentual não passou de 60%.
A maioria das vítimas foi encontrada em fragmentos. Dentre os 828 restos mortais recuperados até agora, 43% só puderam ser identificados por DNA. Outros 46% foram identificados de outras formas, como digitais, arcada dentária, tatuagens. Os 11% restantes ainda não foram identificados de forma nenhuma.
No início das buscas, quando a lama ainda estava úmida, a principal forma de resgate utilizada pelos bombeiros era por meio de helicópteros. Em média, foram 299 pousos e decolagens por dia no primeiro mês após a tragédia – cerca de 150 voos diários. É mais do que foi registrado pelo Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte.
Depois que a lama secou, máquinas começaram a removê-la em busca das vítimas. Mais de 750 mil toneladas de terra foram levadas para pontos de descarte. É o suficiente para preencher 125 mil caminhões de eixo simples. Enfileirados, eles ocupariam toda a distância de Porto Alegre a Belo Horizonte.
Mais de 60 cachorros, vindos de diversas partes do Brasil e de Israel, ajudaram nas buscas. Os bombeiros estimam que o faro dos bichos foi responsável por localizar oito de cada dez restos humanos retirados da lama de Brumadinho.
Fontes: Polícia Civil de Minas Gerais, Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Polícia Federal, relatório da CPI de Brumadinho na Câmara dos Deputados, Vale, CNN.
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