Há quem adote a tática de dobrar o tempo nas respostas – se demoram cinco minutos, você espera dez, dando a impressão de estar ocupado ILUSTRAÇÃO: MICHAEL GELEN_INKWELL STUDIOS
Será que ela vai escrever de volta? Será que não?
A ciência da demora nas mensagens de texto
Aziz Ansari e Eric Klinenberg | Edição 114, Março 2016
Algum tempo atrás apareceu uma mulher na minha vida – digamos que se chamasse Tanya. Nós dois nos conhecemos uma noite em Los Angeles. Era aniversário de um amigo e, quando a festa foi murchando, ela me ofereceu carona até em casa. Tínhamos passado a noite inteira conversando e então perguntei se ela não queria entrar e tomar alguma coisa. Naquela época, eu sublocava uma casa bem bonita nas encostas de Hollywood. Lembrava a casa do Robert de Niro em Fogo contra Fogo, mas tinha um pouco mais o meu jeitão do que o de um assaltante especializado no roubo de carros blindados. Preparei umas bebidas, e nós dois ficamos nos revezando na escolha dos discos, enquanto continuávamos a conversa e nos divertíamos.
Acabamos ficando juntos, e foi excelente. Eu me lembro de que estava meio alto por causa da bebida e disse alguma coisa idiota na hora em que ela se despediu, tipo “Tanya, achei você uma mulher encantadora…”. E ela respondeu: “Aziz, você também é um homem encantador.” Um encontro que parecia bastante promissor, tendo em vista o consenso entre os presentes: éramos, os dois, pessoas encantadoras.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINEAziz Ansari é ator e comediante, protagonista da série de tevê autobiográfica Master of None, da Netflix
Eric Klinenberg é professor de sociologia na Universidade de Nova York, especializado em cultura urbana e mídia