O registro da morte do Imperador
Há quase 120 anos, em Paris, no dia 15 de novembro de 1891, um velho brasileiro lembrou-se com tristeza do segundo aniversário da Proclamação da Republica, e pensou em sua terra natal com nostalgia. Tratava-se do ex-Imperador D. Pedro II, que – prematuramente envelhecido aos 65 anos – vivia modestamente no hotel Bedford em Paris, cercado apenas da atenção de alguns fiéis monarquistas e da família que lhe restara, após a morte da Imperatriz e de sua filha Leopoldina, e do internamento de seu neto Pedro Augusto, que enlouquecera no navio que os levava ao exílio.
Há quase 120 anos, em Paris, no dia 15 de novembro de 1891, um velho brasileiro lembrou-se com tristeza do segundo aniversário da Proclamação da Republica, e pensou em sua terra natal com nostalgia.
Tratava-se do ex-Imperador D. Pedro II, que – prematuramente envelhecido aos 65 anos – vivia modestamente no hotel Bedford em Paris, cercado apenas da atenção de alguns fiéis monarquistas e da família que lhe restara, após a morte da Imperatriz e de sua filha Leopoldina, e do internamento de seu neto Pedro Augusto, que enlouquecera no navio que os levava ao exílio.
A saúde do Imperador dera grandes sustos nos últimos anos, e D. Pedro estivera à morte em pelo menos duas ocasiões. Mas agora sentia-se relativamente bem, fora as mazelas habituais, e preparava-se para a reunião da Academia de Ciências da França, à qual pertencia, dali a uma semana, e para o desfile de conhecidos e amigos que inevitavelmente lhe prestariam homenagem no seu aniversário de 66 anos, na semana seguinte, em 2 de dezembro.
Ocorreu de fato uma romaria nesse dia, mas de outra natureza. D. Pedro já estava quase inconsciente, pois faltavam apenas dois dias para sua morte, na primeira hora do dia 5 de dezembro. O que se verificou nessas 72 horas foi uma procissão ininterrupta de visitantes que já sabiam o Imperador desenganado.
Após ter reinado por quase sessenta anos sobre o Império do Brasil, D. Pedro II morria num modesto quarto de um hotel parisiense de segunda categoria, no qual vivera o ultimo ano de sua vida.
Ao seu lado, nos momentos finais, estava o dedicado Dr. Claudio de Motta Maia, médico que o acompanhara por dez anos e a quem o Imperador por gratidão havia agraciado em 1888 com o titulo de Conde de Motta Maia.
Na hora do falecimento estavam também presentes duas das maiores sumidades médicas da França, acorridas às pressas para tentar salvar o doente ilustre: os professores Bouchard e Charcot, (que batizariam juntos o aneurisma Charcot-Bouchard). Charles Bouchard era considerado o maior patologista de Paris e Jean-Martin Charcot é até hoje célebre por ter sido o mestre de Freud, quando este veio completar seus estudos em Paris no hospital da Salpetrière, em 1885.
Nada puderam fazer, e imediatamente após o falecimento os médicos assinaram juntos o certificado de óbito, na letra de Charcot, aqui reproduzido, e traduzido a seguir:
Clique na imagem acima para ampliá-la
Paris, 5 de dezembro de 1891
J.M Charcot
C. de Motta Maia Bouchard”
Motta Maia conservou preciosamente o original deste documento, que foi pouco divulgado e reproduzido desde então. Seus bisnetos o venderam há quinze anos ao atual detentor. Assim, num simples papel de carta comum, permanece o registro oficial da morte do chefe de estado que por mais longo tempo governou o Brasil.
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