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questões cinematográficas

10 anotações sobre a crítica de Hélio Oiticica

Recebi de Cesar Oiticica Filho a simpática réplica, transcrita abaixo, ao post “Dez anotações sobre Hélio Oiticica”, publicado a 11 de outubro passado.

| 06 dez 2012_16h02
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Recebi de Cesar Oiticica Filho a simpática réplica, transcrita abaixo, ao post “Dez anotações sobre ”,  publicado a 11 de outubro passado.

Na sua primeira anotação, Cesar diz ter gostado tanto do termo “filme-exaltação”, cunhado no post especialmente para definir o documentário dele dedicado a Hélio Oiticica, exibido no Festival do Rio, que irá “utilizá-lo na divulgação do filme”. Embora não haja necessidade, desde já autorizo a apropriação do termo e me comprometo a não cobrar direito autoral por sua utilização.

Cesar diz ter sentido necessidade de “colocar alguns pontos [que ele considera] pertinentes”. Apesar de suas anotações me parecerem pouco consistentes, e do atraso na publicação, reconheço o consagrado jus sperniandi. Sendo assim, aí vão eles:

01.

Adorei o termo “filme exaltação”. Principalmente se exaltar uma pessoa for mostrar todos os seus lados, inclusive a relação com sexo e drogas. Exaltação remete ao samba, e gostei tanto desse termo que irei utilizá-lo na divulgação do filme.

02.

Imagens e som em profusão trazem o ritmo de vida de Hélio Oiticica. Mas não estão editados no filme como um almanaque linear, mas sim como blocos-experimentos, próximos aos núcleos utilizados pelo artista.

03.

Caleidoscópio é um excelente adjetivo sobre nossa montagem. Fragmentar os planos é uma forma de aproximação com a obra de Oiticica, que fragmentou a pintura e a soltou no espaço.

04.

Ainda não existe tecnologia (pelo menos não nas salas de cinema em escala industrial) que possa dar conta de apresentar os trabalhos sensoriais em sua plenitude. O filme funciona aqui mais como uma proposição para que as pessoas se interessem e conheçam a obra.

05.

Não me interessa aqui reproduzir a obra do Hélio Oiticica. Este é um trabalho que já faço como curador, apresentando a própria. O filme é uma forma de expandir diálogos informativos.

06.

Quem conhece a fala de Hélio Oiticica sabe que ele sempre foi muito cioso em contar de forma clara as suas proposições e a sua trajetória. Fico feliz que a narração lhe pareça linear, uma vez que ela se dá em blocos que se agrupam nuclearmente, e que podem inclusive ser montados em outra ordem. A sua impressão comprova que a lógica do filme funcionou perfeitamente.

07.

O direito de reapropriar e reutilizar obras, como a do grande Jorgen Leth, assim como de Neville d’ Almeida, Ivan Cardoso e Julio Bressane, que estão a sua altura, é importantíssimo. Como diria Hélio Oiticica, “a pureza é um mito”.

08.

A divisão entre artista e crítico é preconceito, e já foi historicamente destruída. Um artista como Hélio Oiticica é um pensador notável não apenas da sua obra, mas também da cultura do seu tempo.

09.

Muito obrigado por ressaltar a formiga indo contra a corrente. É justamente o que estamos fazendo.

10.

O roteiro do filme é anterior ao incêndio, mas o incorporou no seu final através das fotos danificadas e destruídas pelo fogo. Sem contar que o filme termina em chamas. [Cesar Oiticica Filho]

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