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1973 – o ano que não terminou (para a música brasileira)

“Mil, novecentos e setenta e três / tanto tempo faz que ele morreu / o mundo se modificou / mas ninguém jamais o esqueceu...”. Estes versos de uma antiga canção, lidos hoje, podem fazem crer que se trata de uma ode ao fantástico ano de 1973, um ano inesquecível para a discografia brazuca. Mas não, a composição de Claudio Fontana, sucesso na voz de Antonio Marcos, era de cunho religioso e fazia alusão a Cristo, “O Homem de Nazaré”.

Zeca Baleiro | 08 ago 2013_11h55
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Capa do LP Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto na Viagem

“Mil, novecentos e setenta e três / tanto tempo faz que ele morreu / o mundo se modificou / mas ninguém jamais o esqueceu…”.  Estes versos de uma antiga canção, lidos hoje, podem fazem crer que se trata de uma ode ao fantástico ano de 1973, um ano inesquecível para a discografia brazuca. Mas não. A composição de Claudio Fontana, sucesso na voz de Antonio Marcos, era de cunho religioso e fazia alusão a Cristo, “O Homem de Nazaré”.

Digo “fantástico” pois foi nesse ano que Ednardo, Téti e Rodger Rogério, autointitulados “O Pessoal do Ceará”, lançaram Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto na Viagem, um disco seminal para a geração nordestina que abalaria as estruturas musicais da década. Tal como o primeiro disco de Fagner, Manera Frufru Manera, LP primoroso que inaugurava um novo som, climático e agreste.

Nesse ano ainda foram lançados outros discos que virariam clássicos: Pérola Negra, de Luiz Melodia, e Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua, de Sergio Sampaio, ambos “com seus blues de brasileiro, cheios de samba-canção”; Krig-Ha Bandolo, de Raul Seixas, antológico tratado rock’n’roll do baiano fã de Elvis e Gonzaga, Secos & Molhados, do grupo homônimo, outra pérola, e Ou Não, do experimentador paulista Walter Franco.

Artistas surgidos na década anterior, como Milton, Caetano, Gil e Chico, também soltariam seus petardos – Milagre dos Peixes (lindo!), Araçá Azul (pirado!), Cidade do Salvador (pouco celebrado mas precioso!) e Calabar, este com as parcerias censuradas de Chico e Ruy Guerra, trilha da peça de mesmo nome – diz a lenda que o disco se chamaria “Chico Canta Calabar”, mas foi vetado por aludir supostamente ao CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Claro que há outros anos fundadores e essenciais para a nossa música, mas desconfio que, igual a esse, jamais.

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