Jornada, catracas e vandalismo – um ano depois (IV)
Com o total de 24233 + 1613 acessos até hoje, A partir de agora – as jornadas de junho e Por uma vida sem catracas, MPL | SP, dirigidos e produzidos por Carlos Pronzato, reúnem um amplo conjunto de depoimentos intercalados por breves clipes musicais das manifestações.
Com o total de 24233 + 1613 acessos até hoje, A partir de agora – as jornadas de junho e Por uma vida sem catracas, MPL | SP, dirigidos e produzidos por Carlos Pronzato, reúnem um amplo conjunto de depoimentos intercalados por breves clipes musicais das manifestações.
Impressiona, de um lado, a forma convencional e desgastada – as chamadas cabeças falantes. Trechos dos depoimentos, às vezes apenas frases soltas, formam um mosaico desigual. Todos parecem ter ideias feitas, explicações cristalizadas, quer seja o professor ou a estudante, o ativista ou o advogado, integrantes do Movimento Passe Livre ou da Periferia Ativa etc. Há diferenças de ênfase e de posição, mas não se percebe maiores divergências, nem reflexões críticas. Quem fala, de forma geral, é portador de certezas definitivas, ou pelo menos assim parece.
Com essa estrutura narrativa e esse elenco, A partir de agora – as jornadas de junho e Por uma vida sem catracas resultam repetitivos, monótonos e desinteressantes.
Aqui e ali, curiosos exercícios de malabarismo mental, como o de Lucas Monteiro (Legume), do Movimento Passe Livre (4:13 a 4:37): “O nosso objetivo é que a luta contra o aumento saísse do nosso controle. E ela saiu. Ehhh…Na quarta-feira que barrou o aumento tiveram seis manifestações. Nenhuma foi chamada pelo Movimento Passe Livre. Algumas foram chamadas por movimentos parceiros, como o MTST, outras não. Foi a população que se revoltou e chamou manifestações próprias.”
A “população” é evocada a todo momento, sem ganhar nitidez.
Transparece em alguns depoimentos forte oposição ao PT, responsabilizado tanto por um jornalista de Belo Horizonte, quanto por um integrante da Federação Anarquista Gaúcha, pela despolitização dominante e o favorecimento do sistema bancário e das grandes empreiteiras.
“Parece que o PT ajudou a criar essa besta”, diz um depoente. “Essa despolitização que a gente vive, seja no mundo sindical, no mundo popular, os sem-terra e assim por diante, parece que é uma consequência ou uma moeda de troca dos avanços desses últimos dez anos.”
A partir de agora – as jornadas de junho e Por uma vida sem catracas, MPL | SP certamente são esforços bem intencionados, mas não passam disso. Pouco esclarecem, nada revelam.
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