A autora em seu escritório, virtualmente: “Enfermeiras nunca olham para o visitante. Se fosse percebido, poderia querer algo ou fazer perguntas” FOTO: EAMONN MCCABE_GUARDIAN NEWS & MEDIA LTD 2008
Abscessos, aderências, perfurações: nunca me senti tão só
Nunca me senti tão só
Hilary Mantel | Edição 26, Novembro 2008
SEIS HORAS, NUMA TARDE ENEVOADA DE DOMINGO DO FIM DE JUNHO_Levanto os olhos do meu livro e vejo o meu marido no outro lado do quarto, fraco e cinza de dor. O que fazer? Se até há poucos anos era impossível, num domingo britânico, comprar cenouras ou assistir a uma peça, hoje em dia ninguém pode cair doente, a menos que esteja preparado para uma longa e incerta espera pelo atendimento domiciliar do serviço público de saúde. Ir a um pronto-socorro? Talvez isso possa ser evitado. Algumas semanas atrás, ele também sentiu uma dor feito essa e uma radiografia abdominal não mostrou nada de sério. Meu marido está deitado. A dor diminui. Passamos uma noite agitada enquanto ele se remexe e balbucia, à espera da segunda-feira, um dia mais conveniente para ter uma crise.
FINAL DA TARDE DE SEGUNDA-FEIRA_Ele se consulta com seu médico do serviço de saúde. O doutor o envia para o hospital com um bilhete. Agora, ele mal consegue se manter de pé. Vinte e quatro horas depois do primeiro ataque está deitado, branco que nem papel, sobre uma maca com rodinhas no serviço de emergência. É uma noite comum, bastante silenciosa – nada daquelas gritarias de briga de bairro pobre, nenhum bêbado aqui em Surrey. No entanto, minutos depois da chegada, a gente já sente que deslizou para a miséria e a imundície. Todo mundo está assustado, todo mundo sofre ou toma conta de alguém que sofre. Não existe privacidade e o pânico é poliglota. Avisos oferecem intérpretes, tradutores, sinalizadores, mas na prática os funcionários se limitam a berrar. É uma noção estranha de emergência, essa daqui. Não aparece nenhum médico. Não há nenhum alívio para a dor. Não há nenhuma informação.
As horas passam. Fechamos a cortina à nossa volta. Ficamos de mãos dadas. Nossa respiração parece sincronizar-se. Não há nada a dizer nem para fazer. Não é apendicite, como sugeriu o médico – a dor está se deslocando para o lado errado. De vez em quando puxo a cortina para o lado, chamo alguém. “Logo, logo”, respondem. “Já estou indo.” “Já vai.” Em seguida, somem e nunca mais os vejo. Colocam um anestésico gotejando na sua veia. Dez minutos depois, o retiram. Empurram a maca, ele é levado para o raio X. Agora sente dor quando se mexe. Acho que pode morrer. Em toda parte à minha volta, dentro dos cubículos, o passado vai se fechando, vidas vão sendo desarmadas como barracas, e têm início as viagens rumo a novos acampamentos de doença, de invalidez, de perda de consciência. Na baia ao lado, ouço um homem – um filho, talvez, já um senhor – falando com uma mulher mais velha: suas vozes educadas, gentis, cansadas, vozes de pessoas que já tiveram tempos melhores.
– Agora a senhora vai ter de ir para um asilo – diz ele. – Aquele lugar que nós vimos. Só por um tempo. Vai ser bom. Se vier para casa dessa vez já não vou poder cuidar da senhora, entende? Eu mesmo vou ter de ficar no hospital. E aí, onde a senhora vai ficar?
– Estou me sentindo bem – diz ela.
– Então por que vive caindo?
– Não sei – responde ela, com tristeza.
Um médico jovem aparece, afinal. Dedos examinadores. “Pode ser diverticulite”, diz ele. Eu sei o que é isso – antes assim, já que ninguém explica mesmo. “Primeiro você vai tomar antibióticos”, eu sussurro. Passam-se mais algumas horas.
ONZE DA NOITE_Encontram um leito. Um maqueiro e uma enfermeira vêm para carregá-lo por um corredor interminável. Mais tarde, ouço os funcionários chamarem o lugar de Corredor da Morte. Tenho de me apressar para acompanhar o ritmo dos passos da enfermeira. Será que consigo ganhar a simpatia dela? Será que vai me dizer o que acontecerá agora? Será que pelo menos consigo fazer com que olhe para mim? Ela é jovem, atarracada e pálida, e a revolta exala pelos poros. Já aprendi uma coisa: se a gente for impositivo, os funcionários se irritam; se a gente for delicado e simpático, eles nem querem saber da gente.
Trabalhei num hospital, conheço a necessidade de um escudo de profissionalismo. Mas isto aqui não é profissiona-lismo: é hostilidade e raiva por ter de andar pelo Corredor da Morte já tarde da noite, com uma mulher sem fôlego ao lado, que não pára de rodar a aliança de casamento no dedo. Não quero muita coisa, não quero que ela faça uma promessa; quero proteger o meu marido, saber onde está indo para que eu possa achá-lo depois, e quero receber a consideração de uma palavra humana. Por fim, de modo arrasador, ela diz: “Isso é o que a gente chama de diverticulite.” E é quase irresistível o impulso de responder: “Isso é o que a gente chama de um murro na cara.” Ela encolhe os ombros. “É dessa doença que a gente vai tratar o seu marido.”
No posto de enfermagem, ele tem de responder a um questionário. Está com aparelho auditivo? Usa andador? É preciso preencher as fichas, eu sei, mas ali está um homem de meia-idade, forte e sadio, a não ser pela dor que o faz suar frio. O médico que o viu não deixou nada receitado no papel, nem analgésico, nem antibiótico; o tormento dele foi levado para outro local, só isso, e o médico vai ter de vir outra vez. A dama do questionário rabisca o nosso endereço: Florence Court. Sai escrito “Flourence”. É melhor nem falar para ela de Florence Nightingale, a fundadora da enfermagem moderna.
À meia-noite e meia, saio e me abrigo embaixo da marquise do prédio, à espera de um táxi para ir para casa. Essa ala do hospital é uma construção precária da década de 70 que parece querer esfolar a própria pele. Tudo nela está manchado, mofado, descascado. Uma escuridão molhada esbofeteia os prédios. Colina abaixo, faróis rastejam pela avenida principal. Acho que o motorista do táxi se perdeu, o que é mais do que provável. Nunca me senti tão sozinha na vida.
TERÇA-FEIRA_Ele espera o resultado dos exames até quase o final da tarde. Dou início ao que logo será a minha rotina: manhã de telefonemas inúteis, das duas às quatro da tarde ficar na enfermaria, das seis às oito da noite de novo na enfermaria. O intervalo eu passo numa área de espera, enquanto os olhos repassam mil vezes pelo mesmo parágrafo de jornal.
O prédio abriga um serviço pré-natal e outro de maternidade, com alas de cirurgia espremidas nos intervalos. Visitantes idosos de faces exauridas, brandindo um cravo na mão, se misturam com barulhentas festas de família. Aqueles que daqui a pouco estarão de luto navegam para cima e para baixo em elevadores onde flutuam balões de gás coloridos. Do meu canto, vejo as futuras mães capengando pelos tapetes sebosos, no grotesco estágio final da gravidez.
Pela primeira vez, noto que algumas mulheres grávidas não se expandem para os lados, mas crescem para a frente, numa ponta. Observo o rosto delas, enquanto manobram para passar pela porta vai-e-vem. Isso aqui não é um bom lugar para trazer um filho ao mundo. Aqui morrem mulheres. Fizeram investigações, prometeram fazer melhorias, reformar tudo; isso não me traria consolo, acho.
De vez em quando, pais em estupor saem carregando recém-nascidos nos braços, ou mães recentes irrompem pela porta sacudindo um bebê para lá e para cá como um saco de guloseimas. Lembro quando os recém-nascidos eram miudinhos e ficavam enrolados em mantinhas de tricô. Esses cavalões mal cabem nas roupas. Já vêm com um boné de beisebol enterrado na cabeça careca. Li que os bebês estão ficando maiores e estou vendo que é mesmo verdade, mas não sabia que tinham um aspecto tão perigoso.
Às 19h30, aparece o cirurgião. “Como vai?”, pergunta ao meu marido. “Bem”, responde ele automaticamente. O cirurgião examina as chapas. Ri, incrédulo. Balança a cabeça: “Não é uma coisa à toa, não.”
O caminho do hospital para casa se estende por ruazinhas apertadas, cheias de árvores, e por vias secundárias ao estilo dos poemas de Betjeman, enquanto um sol enviesado arde nas margens cheias de capim. É um anoitecer bonito, mas estou com bastante frio. Não durmo muito.
QUARTA-FEIRA_Telefono bem cedo para pegar o pessoal da noite, antes da troca de turno. Dizem-me que ele passou uma noite “confortável”. Por experiência, sei que só existem três possibilidades para um paciente de hospital: confortável, mal ou morto, e me admiro que ainda não tenham atualizado as fórmulas. Depois, ele mesmo telefona para mim; deve ir para a sala de cirurgia às 9h30. Mais tarde, irá me contar como o anestesista lhe perguntou:
– Em que lugar você foi feliz? Para onde gostaria de ir?
– Botsuana – respondeu.
– Muito bem. Você está a caminho de lá.
Pensou que estava olhando para o céu, por baixo de um pé de jacarandá. É a última coisa de que se lembra.
Um dos meus irmãos fica em casa comigo, enquanto espero notícias. Não vou ao hospital porque é grande demais e, uma vez lá, não tenho como ter certeza de estar na área certa para obter as notícias sobre o meu marido. Além disso a experiência do dia anterior me ensinou que eu não era muito bem-vinda.
No meio da tarde, ninguém me telefonou ainda. Deduzo que não veio nenhum boletim da sala de cirurgia. Mas sem dúvida a cirurgia já terminou, não é? Gostaria de saber não tanto como ele está, mas onde está. Começo a desconfiar de que ele foi tão longe que pode não voltar nunca mais. Quando telefono para o setor que diz estar à espera dele, respondem que não podem me dizer nada. Ainda deve estar na sala de cirurgia, me dizem. Mas está bem claro que não dão a menor bola, não é da conta deles. Será que simplesmente esqueceram o meu marido em algum lugar? Parece possível. Anotam o meu telefone e dizem que vão ligar, se ele aparecer. Mas dessa vez não acredito em nenhuma palavra. Cinco da tarde um homem irritado atende o telefone e me dá um fora:
– Toda vez que a senhora telefona, afasta a gente dos nossos pacientes.
O que se pode falar numa situação dessas? Falar do cardeal Wolsey, de Werner Herzog, do fato de meus irmãos não gostarem de pepino? O cirurgião falou de uma infecção volumosa, de abscessos, aderências, perfurações. Mas uma salada verde e diretores de filmes esquisitos ajudam a gente a tocar o barco por mais um bom tempo.
– Fassbinder era um tremendo doidão – diz meu irmão. – E eu também não vejo o menor sentido em comer alface.
Este é o pior dia da minha vida.
POR VOLTA DAS 19H30_Toca o telefone. Uma voz firme, amigável: uma enfermeira-chefe da UTI. Assim que ela começa a falar, uma coisa estala dentro de mim, saio dos trilhos da morte e entro nos trilhos da vida.
– Se a senhora vier agora, poderá vê-lo.
Meu marido está no outro lado do hospital e a gente se perdeu. É um prédio desnorteante, que se ergue sem planejamento nenhum num terreno cheio de mato. Deparamos com paredes nuas, com janelas, mas nenhuma porta, olhamos espantados e damos de cara com enfermarias onde os doentes olham para a gente com espanto. Quando encontramos a UTI, a enfermeira-chefe, nem um pouco irritada com o nosso atraso, nos embrulha em aventais cirúrgicos. Lá dentro, não há dia nem noite, mas um silêncio solene, os reconfortantes zumbidos e pios de aparelhos. O paciente está acordado e faz piadas. Olhamos para ele, boquiabertos e quase sem fôlego. Naquela situação, não contamos ao doente as horas que passamos, a estranha textura daquelas horas, como as gotas da aflição pingaram pouco a pouco dentro das nossas veias, e depois o medo e a desolação.
Ao sair, dizemos:
– Vamos pela porta principal, assim a gente vai saber como chegar aqui amanhã.
Mas aí aconteceu que perdemos o carro.
– Você fica aqui – diz meu irmão – e eu vou procurar o carro, depois apanho você.
Magro, ágil, lá vai ele, e parece ir em todas as direções ao mesmo tempo. Enquanto espero na beira da rua, com as coisas do meu marido a meus pés, vejo carros que circulam e, cada vez que vejo um voltando, a cara do motorista ficou mais perplexa, desesperada, furiosa. Meu irmão encontra um médico gentil que tenta explicar um atalho.
– Você tem de passar por aquela portinha.
E do outro lado daquela porta, o que é que a gente ia achar? Talvez a réplica de um hospitalzinho, com pacientezinhos do tamanho de alfinetes, com ferimentos e lesões que requerem uma lente de aumento para ser vistos.
QUINTA-FEIRA_Me dou conta de que quase não comi nada desde o almoço de segunda-feira. Como amendoins, passas com chocolate, diminutos incrementos de nutrição, a título de recompensa por eu ter feito alguns truques. Durante dois dias na UTI, o doente é vigiado cada minuto do dia e da noite. Não tem dor. Ninguém poderia ser mais atento ou competente do que essas enfermeiras. Estou até cansada de tanto elogiá-las.
À medida que ele desce de lá, alguns dias depois, seguindo a hierarquia, da Unidade de Terapia Intensiva para a Unidade Semi-intensiva, e daí para uma enfermaria cirúrgica ao lado do Corredor da Morte, os cuidados se tornam mais superficiais, os quartos mais sujos, os funcionários mais petulantes e alheios.
Antigamente, as freiras exerciam o que se chamava de “custódia dos olhos”. Constato que as enfermeiras modernas também fazem isso, mas, em lugar do olhar modesto das freiras, de rosto abaixado, usam um olhar fixo e com antolhos. Ao entrar numa enfermaria com seis pacientes, seria natural lançar um olhar em redor para ver se não há ninguém à beira de cair da cama, ou de vomitar, ou de morrer. Mas essas donzelas marcham direto rumo ao seu objetivo, para executar a tarefa prevista, pegar algum equipamento ou fazer anotações numa ficha. Se olhassem para a esquerda ou para a direita, talvez vissem alguma coisa que precisasse ser feita, alguma coisa extra. Reparo que elas nunca olham para um parente ou um visitante, seu olhar se esquiva da sua silhueta, ou olham por cima das suas cabeças. Se esses forasteiros fossem percebidos, poderiam querer alguma coisa: poderiam fazer alguma pergunta. Vejo um médico mais velho, todo irritado, investindo contra um bando de enfermeiras, atirando papéis em cima delas. “Quem foi que escreveu isso aqui? Quem é o responsável? Quero saber agora.” As enfermeiras dão de ombros e sorriem com ar debochado. Nem olham para ele, não falam nada, apenas sorriem daquele jeito falso, disparam olhares gaiatos umas para as outras, até que o médico desiste e some dali.
O dinheiro não vai dar um jeito nisso, acho. Nem a redistribuição de recursos, nem uma reforma política. É uma questão de gente. Será possível que o fracasso não seja só do sistema de saúde, mas do sistema de educação, que fabricou essa gente? Ou o fracasso é mais profundo? Será que as enfermeiras desprezam os pacientes (e seus familiares) por causa da sua carência? Será que estão secretamente revoltadas com o seu trabalho e se vingam com a intolerância, com o arrastar de pés, com o olhar para o lado e com o dar de ombros?
A semana inteira, minha luta é esta: não dirigir minha raiva e minha aflição para os alvos errados. A paciência obstinada e sorridente, acredito, tem de me levar a algum lugar. Mas que tipo de enfermeira despeja um paciente novo na enfermaria, como se fosse um embrulho, em cima do primeiro leito que aparece, sem colocar ali do lado sequer uma garrafa de água? Quem se “esquece” de dar a morfina líquida prescrita e dispara “Ele já tomou a sua pílula!”, quando avisam que um paciente está com dores?
Na época em que eu estava crescendo, as pessoas diziam: “Onde não há juízo, não há sentimentos.” Antigamente, eu achava que era um pensamento severo demais, mas estou vendo que é verdade. Nos últimos dias, boa parte do sofrimento que presenciei e experimentei foi causada não pelo corpo humano, à medida que serpenteia na direção da morte ou avança por suas trilhas secretas e autodestrutivas, mas sim pela estupidez festiva dos indivíduos que encontrei. E não sei se, no final desse processo, eu, que estou voltando à tona casada e não viúva, também não vou voltar à tona como uma pessoa pior, mais cínica, mais intolerante e mais egoísta, uma mulher que só tem olhos para o que é seu.
É A SEMANA FINAL DE WIMBLEDON_Em todo o hospital, nas televisões faiscantes, suspensas em suportes de parede, figuras brancas se atiram para lá e para cá, dentro de uma neblina. A notícia da vitória de Venus Williams alcança até a Unidade de Terapia Semi-intensiva e é recebida com apatia. A chuva suspende o jogo. O meu amado está vomitando uma gosma verde. Um velho todo cheio de tubos espetados grita:
– Não estou passando bem!
Seus filhos estão parados ao pé da cama e gritam para ele:
– Pai, você vai ficar bem! Você fez uma operação!
– Não estou passando bem!
– Vai melhorar daqui a pouco.
– Não vou! Fiz uma operação!
As delícias da enfermaria comum ainda estão à nossa frente. Lá, todo mundo berra. Todas as rodinhas das macas e carrinhos guincham e as portas dos armários, toda vez que são fechadas, estalam pac pac como dois tiros de pistola geminados. Uma torneira pinga, pim pim pim, abrindo caminho à força no meio do estrondo geral. Rastreio a direção de onde vem o barulho e localizo uma bacia suja numa alcova por trás de um leito.
No térreo, na sala de espera, a taxa de agitação da maternidade continua alta durante todo o fim de semana. Arranjei um lugar fixo para ficar – como a gente faz numa biblioteca –, um reduto de onde inspeciono os movimentos em cena e de onde emerjo a fim de orientar visitantes e pacientes desamparadamente perdidos.
DE NOVO É DOMINGO, SEIS DA TARDE_O hospital em miniatura agora está alojado dentro do meu corpo, atrás do coração. Levanto os olhos e vejo, rolando para fora dos elevadores e através do saguão, o pesadelo dos leitores do tablóide Daily Mail. Ela parece ter 16 anos, rosto pálido, pernas nuas ossudas e azuis, a luz cintila nos piercings. Já teve o filho e o seu roupão folgado esvoaça em volta do corpo. Parada embaixo do toldo, contempla os ondulantes matizes cinza-esverdeados do verão inglês. Com a mão, esfrega a cicatriz da cesariana; com a outra, mete um cigarro na boca. Inclina-se, uma figura saída de um mito, as rajadas de chuva são o seu pano de fundo: inexpressiva, olha fixo para a chuva, uma Britânia abatida, o vento sopra e espalha sua fumaça.
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